Diversão e Arte

Baco Exu do Blues lança Esú, seu disco de estreia

O álbum tem referências de diferentes ritmos e passa por toda a trajetória do rapper

Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 09/09/2017 07:30
Esú é o disco de estreia do rapper que o considera o álbum do ano
É da Bahia a voz que ressoa entre a lírica e a forte no disco Esú, estreia do soteropolitano Diogo Moncorvo, mais conhecido como Baco Exu do Blues. O rapper colhe os frutos da visibilidade amplamente conquistada a partir de 2016, quando lançou a polêmica Sulicídio, sacudindo a cena nacional do hip-hop.

No projeto do ano passado, ao lado de Diomedes Chinaski, Baco reivindicava o lugar de fala e mostrava a força da produção nordestina, que buscava espaço na cena musical centralizada entre os rappers do sudeste. Agora, com Esú, ele mostra a vontade e o talento para falar de felicidade, tristeza, glória e depressão, mostrando a fina ligação que envolve todos os sentimentos da condição humana.

Com pegada criada entre o ritmo, a literatura e a fotografia, Baco derrama entre os versos a base criativa da Bahia lida nos romances de Jorge Amado e das imagens fortes que compõem a fotografia de Mario Cravo Neto. ;Esú é Exú em iorubá e carrega todo o sentido da dualidade da vida, de conviver entre o alto e o baixo;, afirma o rapper.
[SAIBAMAIS]

O disco falaria, a partir dessa crença, na importância de conviver, na condição humana de estar bem ou mal. ;Conviver entre essas duas condições é beirar a impotência;, declara. Esú se coloca como uma batalha épica entre a divindade e a humanidade.

Legiões

Na hora de criar as composições Baco busca transmitir ao público suas crenças e sensações, possibilitando um diálogo com quem as escuta. O que ele quer é criar alguns debates por meio de seu disco, como a xenofobia, o racismo e o preconceito existente em relação a religiões africanas.

O álbum será dividido em duas partes, sendo a primeira o lançamento atual e a segunda, ainda em produção, um apanhado de outras canções com participações especiais.
O álbum tem referências de diferentes ritmos e passa por toda a trajetória do rapper

A carreira de Baco ganhou forte expansão no último ano, quando o MC aproveitou a visibilidade e impulsão proporcionados pelo lançamento da faixa Sulicídio. Desde então, o nome do soteropolitano tem sido ouvido constantemente entre as rodas de rap. O CD tem influências de diferentes ritmos brasileiros e uma capa provocadora como o próprio músico costuma ser.

;Quisemos mostrar que há Exú até no nome de Jesus, o que os separa são apenas algumas letras. Muita gente que escutou o disco entendeu todo o conceito e desdemonizou a questão do candomblé. Eu acho isso muito forte;, declara. Para ele, a mistura de musicalidade, o conceito fotográfico e a textura musical trouxeram algo de novo e diferenciado para a cena.

As canções produzidas para o disco atual se misturam entre a raiva e o afeto, mostrando um personagem que transita entre seus próprios sentimentos e as influências de sua própria mistura.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação