Diversão e Arte

Plataformas de streaming aumentam as opções de consumo na internet

A multiplicação de plataformas de streaming aumenta a concorrência e diversifica opções

Renata Rios
postado em 11/09/2017 07:30
Orange is the new black é uma das apostas da Netflix e já está em sua 4ª temporada
Em tempos de streaming e até transmissões ao vivo pela internet, parece que foi em um período pré-histórico que a conexão fazia aquele som característico. Mas a tecnologia mudou, junto com os tempos e com a nossa sociedade. A forma como fomos acostumados a consumir conteúdos foi sendo alterada ao longo das últimas décadas, até culminar no streaming, que acaba com o consumo linear da televisão e cria um novo hábito na hora de assistir a produções audiovisuais.

Junto dessa nova possibilidade de mercado, diversas plataformas estão sendo criadas, como a HBO Go, que recentemente chegou ao Brasil sem vínculo com a assinatura a cabo e trazendo séries de peso, como Game of thrones e Westworld; a Netflix, que busca fidelizar os consumidores com produções próprias, como é o caso das aclamadas House of cards e Orange is the new black; e até a estreante Crackle, plataforma da Sony que promete conteúdos exclusivos, como a série original Outsiders. ;Para a plataforma de streaming ser viável, ela deve ter muitos usuários. Eu não sei se o público entrará nessa de assinar vários sistemas;, explica o professor da Unicamp Eduardo Paiva, graduado em música, mestre em artes e doutor em multimeios.

Ele afirma que o futuro dessas plataformas no Brasil ainda é incerto: ;Pode ser que essa fragmentação aconteça até matar o mercado, mas eu acredito que o streaming sobreviva. Porém, não da forma que a gente tem hoje;, prevê. Para Abraão Balbino e Silva, superintendente de competição da Anatel, ainda é difícil saber o que se esperar. ;Acredito que, à medida que o mercado se divida, a competição aumente e os preços caiam. Ainda deve surgir um novo empacotador, que deverá fazer um papel similar ao que a tevê a cabo faz atualmente;, pondera.

Mas, como a geração que chega é touch scream e não assiste mais à propaganda ; ou mais que os cinco segundos obrigatórios dela -, os mais velhos também se habituaram às comodidades que o streaming trouxe, a programação que esse empacotador fará não deve ser linear. ;O processo que vivemos é de transformação digital. É um fenômeno não só tecnológico, mas também social. Ele transforma a sociedade, os meios de comunicação e o hábitos sociais;, pondera Abraão. Para ele, esse processo é comparável às grandes navegações ou ao período de revolução industrial.

Porém, um alerta que ambos especialistas fazem é sobre a capacidade de penetração das plataformas de streaming como um todo: A internet é um fator determinante no sucesso desses sistemas. ;Sem a banda larga plenamente instalada e 100% efetiva no Brasil, não haverá substituição plena da televisão pelo streaming;, alerta o superintendente. O professor Eduardo Paiva também vê a internet como um divisor de águas, mas ele ressalta que isso reflete na classe social de quem está produzindo esses conteúdos. ;O número de pessoas que têm condições de pagar por um bom serviço de internet, no Brasil, é baixo. Vemos que o consumo desse serviço vem principalmente da classe dominante. A Netflix, por exemplo, ainda tem muita dificuldade para penetrar nas classes mais baixas da população;, pontua.

"A tecnologia se tornou um fetiche, as pessoas a veem como solução, e ela não é solução nenhuma. Ela é um grande problema social"
Professor Eduardo Paiva, graduado em música, mestre em Artes e Doutor em Multimeios, e professor do Departamento de Multimeios.


Duas perguntas para // Abraão Balbino e Silva

Como está atualmente o cenário do streaming no Brasil?
O cenário é forte se comparado com outros países em desenvolvimento. Para que o serviço esteja 100%, é necessário, essencialmente, que as redes de comunicação que ainda estão se desenvolvendo no país, funcionem. Hoje, mais de 50% dos domicílios já têm internet. Porém, se a penetração não for total, não é possível que o streaming de fato substitua a televisão no Brasil.

Como você vê o cenário do audiovisual daqui a 10 anos? O streaming veio para ficar?
Para mim, o streaming continua, a programação linear, também. Eu não acredito que em 10 anos teremos uma substituição plena. Teremos grandes fusões, de empresas de internet, telecomunicações, mídia e produtores de conteúdo. Uma possibilidade é que surja um novo empacotador, mas ainda é tudo um teste. É a forma que as pessoas vão querer consumir que vai ditar o produto final que teremos.


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