Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Coletânea 33 1/3 lançam livros que analisam discos clássicos brasileiros

A coleção vai de Pink Floyd a Kanye West e tem livros sobre três álbuns nacionais confirmados


Fundada em 2003 pelo editor David Baker, uma coleção de livros de bolsos virou referência quando o assunto são discos clássicos. De Pink Floyd a Kanye West, a série 33 1/3 analisou de maneira profunda (e ainda assim leve e descolada) álbuns importantes para a música popular mundo afora.

Em 2017, a coleção deu um passo adiante com a criação da 33 1/3 Global. A ideia é abordar discos que fogem do eixo britânico e americano e analisar produções de outras regiões do mundo. Os primeiros países a ganharem volumes da nova série foram o Japão e o Brasil. Três álbuns nacionais têm livros confirmados: A foreign sound, de Caetano Veloso; África Brasil, de Jorge Ben; e Sobrevivendo no inferno, do grupo Racionais MC;s.

A ideia, segundo os organizadores da coletânea, é apresentar clássicos brasileiros de diversos ritmos. ;Passando pelos gêneros do samba, tropicália, rock, hip-hop, forró, bossa nova, heavy metal e funk, entre outros, a 33 1/3 Brazil é uma série dedicada ao estudo em profundidade dos discos brasileiros mais importantes do século 20 e 21;, justifica o site da publicação.

A primeira obra lançada foi sobre A foreign sound, de Caetano Veloso. O livro foi escrito pela professora da Escola de Artes da Universidade de Nova York Barbara Browning.

A foreign sound foi lançado em 2004. No disco, Caetano interpreta clássicos da música americana. A ideia surgiu no exílio do cantor em Londres (entre os anos de 1969 e 1972), mas foi deixada para trás e retomada só muito tempo depois.

;Há cerca de 10 anos fui a Nova Iorque completamente decidido a não fazer mais esse trabalho. Bob Hurwitz, presidente da Nonesuch, me cobrou e eu disse que a ideia não existia mais, que eu a achava sem interesse. Bob insistiu e disse que eu era a única pessoa do mundo que poderia gravar Cole Porter e Bob Dylan num mesmo CD;, contou o próprio Caetano na apresentação do disco.

Convencido, o brasileiro gravou clássicos de Dylan, Porter, além de releituras inusitadas, como a de Come as you are, do Nirvana. ;A Foreign Sound é um disco atípico ; tomei liberdades na seleção, que é alienígena, para quem quer que seja. Não supunha que pudesse fazer nada de relevante;, escreveu o compositor.

Os próximos

Depois de A foreign sound, África Brasil (de Jorge Ben) será o próximo lançamento (ainda sem data confirmada). O livro foi escrito pelo professor de música do King;s College de Londres Frederick J. Mohen.

África Brasil foi lançado em 1976 e é um dos principais momentos da discografia de Jorge Ben. Ele entrou, por exemplo, em uma lista da revista Rolling Stone que escolhia os mais álbuns ;mais cool; do mundo.

Foi em África Brasil que Jorge Ben trocou o violão pela guitarra e mudou o modo como fazia música. O disco é um dos pilares do samba-rock e abre com o sucesso Umbabarauma.

Outro álbum confirmado, Sobrevivendo no inferno foi um dos maiores sucessos do Racionais MC;S e vendeu mais de 1 milhão de cópias. Foi com esse disco, de 1997, que o grupo alcançou um público muito maior, incluindo o respaldo de acadêmicos e críticos.

O maior sucesso do álbum é Diário de um detento. A letra foi coescrita por Josemir Prado, ex-presidiário do Carandiru. Com narração de Mano Brown, a faixa relembra os dias anteriores ao massacre que dizimou 111 presos no presídio em 1992. O livro foi escrito pela pesquisadora Marília Gessa e por Derek Pardue, coordenador de Estudos Brasileiros da Universidade Aarhus, da Dinamarca.

Ainda não há previsão de lançamentos no Brasil e os livros, até o momento, podem ser comprados no site da editora (https://bloomsbury.com/us/series/33-13-brazil/).