Bosco Martins - Especial para o Correio
postado em 19/09/2017 11:13
A polêmica envolvendo a escolha do local definitivo, em Campo Grande, para a estátua que homenageia Manoel de Barros, ganhou novos contornos judiciais. A estátua ficará exposta ;provisoriamente; no Museu de Arte Contemporânea (Marco), na capital do Mato Grosso do Sul, enquanto as autoridades não decidem o ;futuro de Manoel;.
O secretário de Estado de Cultura e Cidadania, Athayde Nery, disse que o governo de Mato Grosso do Sul resolveu transferir a estátua para o Marco até que seja encontrado um espaço em local público para o poeta, depois que a Justiça impediu que a obra fosse colocada no canteiro da Avenida Afonso Pena.
A estátua de Manoel de Barros sentado no sofá, pesando 400kg e medindo 1,38m de altura, custou R$ 232 mil aos cofres públicos e foi concebida para ser instalada na Avenida Afonso Pena. Área central de Campo Grande, cidade onde o poeta viveu e morreu.
O futuro da estátua do poeta Manoel de Barros tomou outro desfecho quando a Secretaria de Cultura e Cidadania do estado, ;detentora; da estatua, a cedeu ao município para executar a instalação. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande (Sectur) deu parecer favorável para a instalação na área pretendida pelo governo do estado, mas o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHGMS) se manifestou contrário, porque no local existe um sítio arqueológico militar.
O Ministério Público Estadual (MP-MS) entrou então, em 1; de setembro, com uma ação para impedir a instalação da estátua. Alegou que a área pretendida é tombada pelo patrimônio histórico e cultural da cidade e, para qualquer intervenção no canteiro da avenida, seria necessária a aprovação da Sectur e também do IHGMS.
No dia 4, o juiz da 2; Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, David de Oliveira Gomes Filho, determinou que a área inicialmente preparada para receber a estátua fosse recomposta, e que, em um prazo de 60 dias, fosse determinado em comum acordo com a Sectur e o IHGMS, um novo local para a instalação da escultura. Estabeleceu ainda que no caso de descumprimento será aplicada multa de R$ 100 mil em favor do Fundo Municipal de Meio Ambiente.
A escolha do novo local, no entanto, conforme destacou o secretário Athayde Nery, será feita em acordo com o artista plástico Ique Woitschach, que é o autor da obra. ;Tem vários aspectos que precisam ser levados em conta. Na obra, o artista esculpiu um relógio que marca 6h. Então tem que ser um local que esteja iluminado neste horário.
Além disso, tem que ser uma área arborizada, porque o poeta sempre disse que quando morresse queria virar árvore e também para evitar um desgaste da estátua, que é feita de bronze. Outra questão, é que tem de ser um local de fácil acesso a população, porque o grande objetivo é homenagear o poeta;.
Manoel morreu em Campo Grande em 2014. Em 2016, o governo de Mato Grosso do Sul encomendou ao artista plástico Ique Woitschach uma estátua de bronze para homenagear o poeta. A homenagem se junta a estátuas de artistas e músicos famosos, como Vinicius de Moraes e Tom Jobim em Ipanema e Carlos Drummond de Andrade em Copacabana, ambas no Rio de Janeiro, Ique fez a estátua de Renato Russo, na Ilha do Governador, e de Michael Jackson, no morro Dona Marta, no Rio, entre outros trabalhos reconhecidos. Nas redes sociais autor da obra questiona existência de sitio arqueológico no local ;proibido;.
O artista plástico Ique Woitschach criticou duramente a determinação judicial que impediu a instalação da estátua no canteiro central da Avenida Afonso Pena. Ele questionou a falta de avaliações técnicas especializadas que comprovem a existência de um sitio histórico militar no local, como afirmou o laudo do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHGMS).
A estátua de Manuel sentando no sofá de sua casa homenageia o centenário de artista e marca os 40 anos de Mato Grosso do Sul e foi entregue no dia 18 de abril deste ano e até agora não recebeu destinação adequada.