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Diversão e Arte

Voo solo: Marcelo Marcelino lança CD autoral após 20 anos de carreira

Após 20 anos de carreira musical, Marcelo Marcelino lança CD com canções autorais e inicia carreira individual

Os mundos da música e da literatura se completam nas letras de Marcelo Marcelino, cantor e compositor brasiliense que tem como referências os modernistas Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector e Mário Quintana. Ícones como Beatles, Belchior, Bob Dylan, Raul Seixas também serviram de inspiração para o álbum batizado com o próprio nome do criador Marcelo Marcelino.
O primeiro projeto solo do cantor trabalha crítica social e política, além de beber nas águas existencialistas de Charles Bukowski e Marcel Proust. ;O álbum é uma espécie de antítese ao imediatismo moderno. As pessoas não têm paciência de ouvir músicas com mais de dois minutos;, examina Marcelo.
Composto por 14 faixas, o álbum se dedica a longas e provocativas histórias que estão presentes no dia a dia do homem moderno. ;Minha música é trovadora. Propositalmente, as canções não são curtas e precisam ser escutadas atentamente. O álbum não passará batido por quem ouvir;, atesta.

Seguro de si, Marcelo Marcelino afirma que o novo trabalho tem peso e consistência ao abordar temas atuais que levantam questionamentos e discussões. ;Não ligo para o que os religiosos e conservadores pensam. O que é pior: a criança na rua ou sob cuidados de uma família?;, indaga o compositor ao se referir às músicas A balada de Rosa e Montanha, que conta a história de um anão que se casa com um travesti e, juntos, adotam uma criança moradora de rua.

Tempos atuais

Incomodado com o modo de vida dos jovens, Marcelo detecta que a velocidade da informação tende a formar pessoas destituídas de senso crítico. ;É preciso fazer com que a nova geração pense. Eles nascem e conseguem tudo muito fácil. Se quisesse aprender alguma música do Bob Dylan, eu teria que estudar muito. Hoje, é só colocar no YouTube que existem tutoriais. A vida acontece no clique.;

Crítico às novas canções de MPB, sustenta que a música atual também sofre os males da era digital e da ambição dos artistas para se tornar conhecido. ;O poder econômico se misturou à música, isso resulta em uma distorção entre o talento e a capacidade técnica. Não é só ter dinheiro, se filiar a uma produtora e cantar;, dispara Marcelo.

Trajetória

Marcelo Marcelino começou carreira em 1997 com a banda Sem destino, que se apresentou no Porão do Rock em 2000 e no Rock in Rio um ano depois. Em 2004, por entender que um ciclo da vida havia acabado. Marcelo saiu da banda e ficou sete anos afastado da música.

Após uma tentativa frustrada de reunir os integrantes da Sem destino, Marcelo Marcelino foi em busca de novas conexões e em 2011 fundou a Madrenegra. Retomou ao Porão do Rock duas vezes (2012 e 2014). Após 5 anos de banda, Marcelo encerrou a Madrenegra.

Em resposta a um questionamento pessoal a respeito de qual caminho seguir, Marcelo Marcelino iniciou carreira solo em 2017. ;Acredito que eu já era um artista solo, só não estava pronto. Todos os caminhos que trilhei me trouxeram até aqui. Meu novo álbum é aquilo que preciso falar agora.;

Psico drop festival

Marcelo Marcelino se apresenta no dia 23 de setembro no complexo da Funarte no evento Psico drop festival. A mostra brasiliense começa às 11h e contará com 25 artistas. Entrada mediante 1 kg de alimento, exceto sal e fubá. Não recomendado para menores de 16 anos.

*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco.