Carlos Althier de Souza Lemos Escobar, o nobre compositor e violonista Guinga, nascido no subúrbio do Rio de Janeiro, comemorou 50 anos de carreira artística com muita música. Uma dessas celebrações foi com a série de shows que ele fez na companhia do Quarteto Carlos Gomes, em teatros do Sesc em São Paulo (bairro de Bom Retiro), Piracicaba e Araraquara, cidades do interior paulista, entre 6 e 10 de setembro, em 2016.
Parte do repertório daquelas apresentações está registrada no álbum Avenida Atlântica, gravado nos Estúdios Paulinas, em dezembro do ano passado. São 13 faixas, que trazem a força e a delicadeza das composições de Guinga, algumas já conhecidas, mas várias delas, inéditas. Todas ganharam novos arranjos para o violão do mestre e do quarteto de cordas.
Embora as canções sejam predominantes, outros estilos musicais permeiam esse trabalho em que Guinga reverencia alguns dos seus ídolos ; do popular e do erudito. Da Canção da impermanência, CD gravado na Alemanha e lançado na Europa no primeiro semestre ; ainda inédito no Brasil ; ele trouxe Tom e Vinicius, Chapliniana, Pucciniana, Domingo de Nazareth, Meu pai e a que dá nome ao projeto.
A elas se juntam Odalisca e Par constante, do primeiro e do quarto disco do compositor ; ambas feitas com Aldir Blanc ;, Saci, da parceria com Paulo César Pinheiro; e Avenida Atlântica, com letra de Thiago Amud. Há ainda a suíte que inclui Capital, Casa de Villa e Heriquieto. Com propriedade, em sete delas, Guinga exercita o canto.
O Quarteto Carlos Gomes, criado há quatro anos, é formado por Cláudio Cruz (regente e violonista), ex-spalla da Osquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP); Adhoniran Reis (violinista), ex-spalla da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Gabriel Marin, violista da Orquestra Sinfônica da USP; Alceu Reis, violoncelista que já integrou a Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Elogiado pela crítica, que ressalta sua competência e o virtuosismo do grupo, ele acompanhou a cantora Mônica Salmaso na gravação do belíssimo CD Corpo de baile, e tem participado de concertos com nomes destacados da música erudita, entre eles a violista Jennifer Stumm e o violoncelista Antônio Menezes.
Três perguntas// Guinga
Guinga, esta foi a primeira vez que você trabalhou ao lado do Quarteto Carlos Gomes. Já o conhecia o grupo?
Conheci o som do quarteto, ouvindo-o no CD Corpo de baile, de Mônica Salmaso. O trabalho do grupo me chamou a atenção. Aí, a Mônica me apresentou a eles. Como são músicos de formação clássica, levaram minha música para o ambiente do concerto. Tive um grande prazer de tocar com eles nos shows que fizemos em teatros do Sesc, em São
Paulo, e na gravação do disco.Parte do repertório é formado por músicas do Canção da impermanência, gravado na Alemanha. O que foi determinante na escolha?
O Canção da impermanência só foi lançado na Europa. Pra todos os efeitos, as composições registradas nele são inéditas no Brasil. Para o Avenida Atlântica, escrevia a letra de Canção da impermanência e de Meu pai. Empresto minha voz a elas, assim com a Odalisca, Saci, Par constante e Avenida Atlântica, que têm letras de meus parceiros Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e Thiago Amud.
Por que a escolha de Paulo Aragão para criar os arranjos?
O Paulo tem intimidade com a minha obra e anteriormente havia escrito arranjos para um outro projeto meu. Tê-lo como arranjador no Avenida Atlântica me deixou seguro, porque confio em seu bom gosto. A inclusão de uma suíte no CD foi uma iniciativa dele.
SERVIÇO
Avenida Atlântica
CD de Guinga e do Quarteto Carlos Gomes com 13 faixas. Lançamento do selo Sesc. Preço sugerido: R$ 29.