Irlam Rocha Lima
postado em 15/10/2017 06:45
Brasília é tida como um importante celeiro musical. Alguns fatores são determinantes para que haja esse reconhecimento. Um deles é a existência de instituições de ensino como o Departamento de Música da UnB, a Escola de Música e a Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, que, ao longo dos anos, têm formado competentes profissionais nessa área. Mas há outras escolas empenhadas na busca do aprimoramento de possíveis talentos que vislumbram na música a possibilidade de seguir a carreira profissional ; embora entre os seus alunos existam aqueles cujo interesse pelo aprendizado é movido apenas pelo hobby.
Independentemente dos motivos, são os professores do seu quadro docente que as levam ao reconhecimento. Neste Dia do Professor, o Correio foi em busca de alguns desses mestres. Parte deles tem formação acadêmica, e há aqueles que utilizam nas aulas o conhecimento
empírico armazenado ou experiência obtida em cursos técnicos. Todos, porém, se desdobram para levar a seus alunos informações teóricas e práticas para o manejo dos instrumentos.
Paulo Palau, professor de violão e musicoterapeuta
;Licenciado pelo Departamento de Música da UnB, professor desde 1988, fui aluno da BSB Musical. Em 2001, adquiri franquia para instalar uma unidade da escola no Sudoeste. Cinco anos depois abri outra franquia em Águas Claras, mas sem nunca deixar de ser professor. Passar conhecimento para outras pessoas é motivo de realização pessoal, até por me sentir útil à sociedade. Como musicoterapeuta, tenho um prazer imenso de trabalhar com musicalização especial. É alentador ver pessoas com necessidades especiais se expressando por meio dos sons que extraem de instrumentos musicais. Na escola são recebidos como alunos regulares. Vários chegam a ter domínio de um instrumento;.
Gabriel Raposo Calheiros, professor de guitarra
;Da música sempre extraí o meu sustento. Sou professor de guitarra há 10 anos e hoje estou à frente da Geração Sonora, escola de música, localizada em Águas Claras, com cursos de violão, guitarra, baixo, piano, violino, bateria e canto popular e erudito. Atualmente, tenho que fazer esforço redobrado para mantê-la, oferecendo trabalho para 12 professores. Com a crise econômica que se espalha pelo país, música e cultura viraram artigos supérfluos para as famílias. A escola exercita seu lado social. Um dos nossos alunos é o Arthur Gomes, pianista e ex-morador de rua, que descobrimos por meio de uma reportagem da TV Brasília. Ele está muito feliz com a oportunidade que lhe foi oferecida por nós;.
Janette Dornellas, professora de canto lírico
;Exerço o meu ofício na Escola de Música de Brasília desde de 2000. Inicialmente, como temporária e, há cinco anos, concursada. Frequentemente tenho participado de óperas ; a mais recente foi Fidélio, de Beethoven ; o que me dá um grande prazer. Da mesma forma tenho satisfação plena em poder passar para os alunos conhecimentos nessa área, que adquiri com mestres como Zuinglio Faustini, na UnB, e Franco Iglesias, quando estudei nos Estados Unidos. Sentir o interesse dos alunos pelos exercícios vocais e pelos ensaios de repertório traz recompensa para mim. Pena que as condições de trabalho na Escola de Música não sejam as ideais, embora a diretora Edilene Abreu se esforce bastante em busca de um melhor funcionamento;.
Pablo Fagundes, professor de flauta
;Em julho último assumi a coordenação da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, mas não deixei de lado as aulas de harmônica brasileira para meus 30 alunos. Esse é um ofício que exerço desde 1997, inicialmente como professor particular. É gratificante poder encurtar o caminho de quem deseja tocar o instrumento. Para a Escola de Choro, levei todo o material que reuni ao longo do tempo e o utilizo no curso. É prazeroso perceber a evolução dos jovens que escolheram a gaita para se expressar musicalmente. Me traz também muita alegria vê-los participar com entusiasmo da grande roda de choro que ocorre na manhã do primeiro sábado de cada mês. De 11 a 15 de dezembro, esses futuros gaitistas tomarão parte, com outros instrumentistas, dos shows de encerramento da programação anual do Clube do Choro;.
Marcelo Barbosa, professor de guitarra
;Sempre quis viver de música e, por isso, já aos 17 anos, passei a dar aula de guitarra. Acredito que em 25 anos de carreira tive algo em torno de mil alunos. É de grande significação para mim ver a transformação de cada um no âmbito musical e até no plano pessoal. O aluno chega tímido, inseguro, cheio de incertezas e aí a arte contribui para a evolução dele como cidadão. De forma mais abrangente, posso perceber isso no GTR, o instituto que dirijo, com unidades na 111 Sul e na Entrequadra 708/709 Norte. Nas duas há 300 alunos matriculados em cursos de guitarra, violão, baixo, teclado, bateria e canto. Busco me inteirar de todo o funcionamento para observar como as aulas estão sendo ministradas. Mesmo quando estou fora de Brasília, fazendo show com a banda Angra, estou sempre atento ao que ocorre no instituto;.
Rodrigo Karashima, professor de guitarra
;Fui aluno do Marcelo Barbosa e comecei a dar aulas a pedido de amigos, em 1998. Dois anos depois, criei, com meu irmão, o baterista Igor, e outros músicos, a banda Let it Beatles, hoje com trabalho reconhecido em Brasília e fora do Distrito Federal. Em 2006, conclui licenciatura em música na UnB e como queria fugir de concurso público, me lancei como empreendedor, há cinco anos, ao fundar o Karashima Instituto de Música, que hoje conta com vários cursos e 150 alunos. Continuei dando aula e contribuindo para a formação de novos guitarristas. Minha satisfação maior é ver os alunos atingir o objetivo, seja aprendendo a tocar o instrumento, seja sendo aprovado no vestibular em busca da formação acadêmica;.
Roberto Banks, professor de piano
;Tenho bacharelado em piano pela UnB e há mais de 10 anos sou professor de piano. Em Taguatinga, mantenho Conservatório de Música e Artes de Brasília, com cursos diversos, dentre os quais os de piano, órgão, acordeon, violão e saxofone. Em tempo de crise, está sendo desafiador realizar trabalho na área da cultura, pois a arte é a primeira coisa a ser cortada do orçamento familiar. Temos ajudado a muitos alunos na formação profissional e no desenvolvimento pessoal;.
Oseas Rodrigues, professor de violão
;Há 30 anos me dedico a dar aulas de violão. Desde 1982, sou diretor-proprietário da Academia Maestro, que já teve escolas no Guará e Taguatinga, Atualmente, com muita dificuldade, mantemos apenas uma em unidade de Ceilândia, próxima ao restaurante comunitário. Ao longo do tempo, contribuímos para a formação de vários profissionais da música, que tocam na noite e em estúdio. Revelamos para o Brasil Denilson Bhastos, que brilhou na edição de 2016 do The voice Brasil;.