Rodrigo Barreto*
postado em 16/10/2017 07:10
A ideia de produzir um filme de forte apelo musical sempre esteve nos planos do cineasta brasiliense Gustavo Galvão. O resgate da identidade cultural da capital brasileira inspira a trama desenvolvida no longa do diretor de Uma dose violenta de qualquer coisa (2013) e Nove crônicas para um coração aos berros (2012). Ainda temos a imensidão da noite foi gravado em Brasília e, nesta semana, finaliza as filmagens em Berlim. O filme relaciona essas capitais como duas cidades construídas sob as mesmas influências artísticas.
Após a Segunda Guerra Mundial, a capital alemã se reerguia e Brasília estava em formação. ;Essas construções beberam no movimento modernista, o que torna as duas cidades bem parecidas;, detalha Gustavo Galvão. No entanto, não é apenas o aspecto urbanístico que as conecta. ;Quando a juventude ganhou voz por meio da música, no final da década de 1970, houve um abandono de um passado sombrio e a reformulação da identidade de Berlim. Brasília também passou por isso com o rock dos anos 1980;, pontua o diretor.
Com papel narrativo e estético, a música é o fio de Ainda temos a imensidão da noite ; terceiro filme dirigido por Gustavo Galvão. A protagonista Karen sai de Brasília para Berlim e se conecta com novas pessoas, referências e conteúdos. ;Muito além da política, a capital do Brasil foi feita para ter espaços de convivência e de manifestação da arte. O que a Karen vive em Berlim a inspira a construir uma Brasília que ela quer. Uma cidade não só de poder, mas que se baseia também na criação de cultura;, explica Gustavo.
Paisagem brasiliense
A banda Animal Anterior, formada para o filme, teve como produtor Lee Ranaldo. O artista se sentiu motivado em construir uma identidade autêntica para a banda de Karen, além de gostar da formação diferenciada ; trompete, guitarra, baixo e bateria. ;O Lee é completo. Ele entende de literatura, cinema, arquitetura, música e o interesse dele por Brasília contribuiu para o resultado obtido. A banda soa madura e com conteúdo inovador;, define Gustavo.
O diretor esclarece que o nome do filme é um trocadilho poético que dialoga com a vasta paisagem brasiliense. ;Se eu quero dar um novo significado para Brasília por meio da música, precisamos entender o papel da imensidão da noite, que é quando os músicos trabalham;, explica Gustavo, que ainda defende: ;Os artistas têm sofrido muito com a Lei do silêncio, que beira o absurdo. Uma noite vibrante é importantíssima para uma cidade que quer ser um polo cultural.;
Ainda temos a imensidão da noite se encontra com 75% do filme produzido e, nesta semana, em Berlim, finaliza a última parte das gravações. O longa passará por processo de edição em 2018 e tem estreia prevista para 2019. A produção é da brasiliense 400 Filmes em coprodução com a Dezenove som e imagens de São Paulo.
Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco