Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Finca reuniu 13 bandas e premiou o músico Marcelo Café

O Festival Universitário de Música Candanga (Finca) celebra a música universitária de Brasília

O Festival Universitário de Música Candanga (Finca) encerrou nesta sexta (27/10) mostrando a diversidade produzida no câmpus Darcy Ribeiro. Samba, choro, rap, reggae, pop e rock fizeram parte do cardápio que já exibiu artistas de renome pouco conhecidos à época em que participaram. Palco de grandes eventos na Universidade de Brasília (UnB), o Centro Comunitário Athos Bulcão recebeu, na final do Finca, 13 bandas selecionadas em etapa classificatória ; à qual se inscreveram 51 grupos apresentados no anfiteatro 9 do Instituto de Ciências Centrais (ICC), entre 2 e 14 de outubro.

Nesta edição, o primeiro lugar com o júri técnico e vencedor do prêmio de R$ 5 mil foi Marcelo Café. Já o júri popular inclinou o voto para o grupo Comboio Percussivo ; arrematando R$ 3.500 pela vitória. Desde 1999 a programação dá espaço para talentos regionais vinculados à UnB se apresentarem representando os Centros Acadêmicos (CAs). O evento, responsável pela ascensão de artistas como Ellen Oléria e o grupo Móveis Coloniais de Acaju, é oportunidade para o público ter contato de antemão com nomes que podem surgir com expressão na indústria fonográfica nacional.

Suspensão

Surgido 1999, o Finca já sofreu com a falta de recursos e greves e chegou a ser suspenso entre 2014 e 2017. Este ano, apesar da crise orçamentária, o evento entrou na agenda da administração da UnB e voltou a ocorrer, fato percebido como resistência coordenadora na Diretoria de Arte, Cultura e Esporte (DEA) da UnB, Camilla Louise. "Neste período de contingência orçamentária, fazer com que a cultura sobreviva é muito importante e garante sentimento de pertencimento aos alunos que participam do evento", acredita. Para ela, o festival é reflexo do ambiente plural encontrado dentro da universidade. ;São vários os estilos musicais e performáticos, o que, de certa forma, representa os 41 mil alunos que estudam na UnB;, diz.

Visibilidade e diversidade

;É um espaço muito bem estruturado para que a gente mostre nosso trabalho;, conta Sarah Goulart, 25, estudante de música licenciatura na UnB e vocalista do Ninfetas do Além ; segundo lugar pelo júri técnico. A brasiliense vê pouco incentivo para músicos dentro do contexto acadêmico. ;Tudo que desenvolvemos é sem qualquer tipo de bolsa ou apoio. Poderíamos estar mais à frente se houvesse estímulo do departamento de música ou da UnB;.

Performática, a jovem faz parte do grupo formado no início de 2016 e inspirado no movimento antropofágico ; idealizado pelo escritor Oswald de Andrade na década de 1920 e popularizado pela Tropicália anos depois. Consumir para produzir é a ideia empregada pelo Ninfetas do Além ao repercutir referências diversas como Lady Gaga, Tom Zé, System of a Down, além de músicos do carimbó e eruditos. ;A gente acaba bebendo da música nortista brasileira e do rock e pop estrangeiro;, explica.

;Em um período de intolerância, aqui encontramos todos os tipos de pessoa;, comenta Leonardo Araújo, 26, graduando da licenciatura em música na UnB. O violonista integra o grupo Regional Candango, que abriu a série de apresentações. Com músicas sem vocais, a banda tem apenas quatro meses de existência e enxerga crescente espaço para o segmento em Brasília. ;As portas vêm se abrindo para a música instrumental e autoral que a gente faz;, diz Leonardo. Chorinho e samba caracterizam as produções dos jovens instrumentistas.

;Adquirimos muita experiência nesses três anos. Estamos mais maduros e conquistando maior visibilidade, mas a nossa essência é a mesma;, conta Júlia Carvalho, 28, vocalista da Talo de Mamona, vencedora da última edição, em 2014. Os integrantes, que têm influências de Arrigo Barnabé, Caetano Veloso e Secos & Molhados, encerraram a edição deste ano com músicas autorais e momentos cênicos de excentricidade e protesto.

* Estagiário sob supervisão de Nahima Maciel