Diversão e Arte

Grupo EmpreZa faz serão de performances nesta quarta na CAL

Coletivo goiano é conhecido por ações que envolvem o corpo

Nahima Maciel
postado em 01/11/2017 07:30
Performances do EmpreZa refletem sobre nudez e violência
Fazem parte dos materiais de trabalho do grupo EmpreZa a violência, a repressão, a censura e uma visão do corpo como espaço político. É, portanto, de se esperar que essas temáticas estejam presentes no Serão Performático que o coletivo goiano faz nesta quarta (01/11), a partir das 21h, na Casa da Cultura da América Latina (CAL).

Concentrados desde segunda-feira em uma chácara perto do Gama, alugada especialmente para a ocasião, oito dos nove integrantes do EmpreZa preparam performances, algumas inéditas, que dialoguem o Brasil contemporâneo. ;Faremos vários trabalhos que tenham uma pegada mais política da trajetória do grupo justamente pelos tempos que estamos vivendo;, avisa Paul Setúbal, membro do coletivo desde 2011. Como os trabalhos têm grande impacto físico e psicológico nos artistas, o isolamento é necessário e ajuda na preparação do corpo.

Os serões do EmpreZa podem durar de 40 minutos a oito horas, mas Setúbal acredita que a apresentação em Brasília terá um tempo médio de uma hora. O corpo é a linha de frente das performances e deve conduzir as ações na CAL. ;A gente trabalha com o corpo e a gente tem um olhar para o corpo muito natural. Só isso já é uma concepção política. O grupo tem uma carga de trabalho que lida com a suscetibilidade do corpo. São trabalhos que têm uma dureza;, avisa o artista. A carga simbólica de temas como a angústia e os desafios também estão presentes nas performances, assim como momentos de muito lirismo.

Ana Avelar, curadora da CAL, explica que as performances são também uma maneira de a instituição se posicionar diante de movimentos de repressão à arte que levaram a fatos como o fechamento da exposição Queermuseu, no Santander de Porto Alegre, e ao estabelecimento de censura para uma mostra no Museu de Arte de São Paulo (Masp). ;O EmpreZa não faz concessões. Você nunca vai ver o grupo deixar de fazer o que planejou porque o museu não quer. E sempre são performances que levam o corpo ao limite, com muita nudez, violência e, às vezes, aspectos escatológicos. E como estamos vivendo esse momento de repressão às instituições de arte, foi uma maneira de nos posicionarmos;, explica a curadora, lembrando que o coletivo tem total liberdade para realizar as ações no prédio da CAL.

Criado em 2001 por um grupo interessado em pesquisar o papel do corpo na arte da performance, o EmpreZa se tornou uma referência e um espaço de investigação para artistas de todo o Brasil. Atualmente, o coletivo conta com integrantes do Rio, Brasília, São Paulo e Goiânia. Até hoje, já esteve em mais de 18 exposições individuais e ganhou projeção em 2015 ao ser um dos convidados pela artista Marina Abramovic para participar de sua exposição e de oficina de performance em São Paulo. O EmpreZa faz questão de não estabelecer lideranças dentro do grupo. Não há um porta-voz nem um método de trabalho. ;Não temos regras, statements nem cronograma;, garante Setúbal. ;O que fazemos é nos reunir e pensar. Na reunião, várias questões e anseios dos membros vão surgir e aí fazemos alguns laboratórios, experimentos, testes.;



Grupo EmpreZa ; Serão performático
Nesta quarta (01/11), a partir das 21h, na Casa da Cultura da América Latina (CAL - SCS Qd 4 Ed. Anápolis)

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