Alexandre de Paula
postado em 02/11/2017 07:00
O instrumental da banda Muntchako não é do tipo que é preciso vestir paletó ou traje de gala para ouvir quietinho nas poltronas de um teatro. É música para se balançar e para dançar sem pudores. O grupo brasiliense lança agora o primeiro álbum, também chamado Muntchako.
;A gente gosta de desmistificar essa coisa de que música instrumental seja careta e gosta de fazer de uma forma mais despojada. Colocar um arrocha e levar pro público;, explica Macaxeira Acioli (percussão e samples). A ideia é ;brincar com a dança e colocar a galera para mexer;.
Um trio, Muntchako é formado, além de Macaxeira, por Samuel Mota (guitarra, synths e programações) e Rodrigo Bateria (bateria e samples). A utilização de recursos tecnológicos, como samples e sintetizadores, é uma das marcas do som do grupo, assim como a mistura entre gêneros e estilos.
A ideia no início era fazer uma banda maior que tocasse música africana. Na prática, no entanto, o encontro entre os três músicos gerou uma mistura também com gêneros latinos e brasileiros e eles optaram por uma formação mais enxuta. A costura entre influências e a personalidade de cada um gerou o estilo da banda.
;Cada um tem uma cabeça, gosta de uma coisa e a gente vai pegando isso e fazendo nosso som. Samuel, por exemplo, tem uma influência do dub. Então, às vezes, ele chega com algo e o Barata costura com levadas e vamos juntando. A gente bebe de várias fontes;, explica Acioli.
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No palco, a mistura deu resultado e logo a banda conquistou respeito e se tornou um dos nomes mais importantes da atual cena brasiliense. ;Nos primeiros shows, a gente já viu que tinha respostas muito boas do público. Então, continuou nessa pegada da dança;, lembra Acioli.
Depois, foi natural pensar em levar o som para o formato de disco (inclusive com lançamento em LP). ;Estamos muito felizes. O primeiro trabalho é muito legal, porque é feito sem nenhuma pretensão, mostra as matutações da banda e é sempre um embrião.;
Um dos nomes de destaque da música brasileira atual, o paulista Curumin ficou responsável pela produção do disco. ;Nós fizemos a proposta de trabalhar juntos e ele topou. Curumim é um cabra bom, cozinheiro de som nato. Muito ligado a cor, aos timbres. Foi uma grande escola, não só pelo trabalho, mas pela pessoa que ele é.;
Agora, a ideia é estabelecer mais contatos com a música dos países vizinhos e expandir horizontes. ;Queremos pensar mais nos países sul-americanos, nessa unidade dos países. Naturalmente, pelo mercado, ficamos mais focados na cultura dos EUA e da Europa. Mas queremos fazer coisas na América Latina, porque o nosso som se encaixa em tudo isso;, adianta.
Muntchako
Independente. 7 faixas. Disponível nas plataformas digitais