Matheus Dantas*
postado em 02/11/2017 07:00
Depois da apresentação no palco sunset do Rock in Rio, ao lado de Johnny Hooker e Liniker, em setembro deste ano, o pernambucano altinense Almério despontou como uma das revelações de 2017. Com uma voz suave, mas que, ao mesmo tempo, demonstra força e expressão, Almério consegue fazer o ouvinte recordar canções clássicas da MPB dos anos 1960 e 1970, e, ao mesmo tempo, os sons eletrônicos, aliados a pífanos, alfaias, violas e zabumbas.
Nascido em Altinho (PE), Almério se mudou aos 20 anos para Caruaru (PE), cidade que marcou sua vida, com os sons das bandas de pífanos. ;As bandas de pífanos la em Caruaru me encantaram de uma forma absurda, e foi um ponto-chave que me inspirou a começar a cantar. Além de Bethania, Elis Regina, Cassia Eller e o grande Ney Matogrosso. Todo esse conjunto foi o que me levou a cantar ainda em 2003, nas noites da cidade;, revela o cantor, que já dividiu os palcos com Alceu Valença, Elba Ramalho e Dominguinhos.
Seu primeiro disco veio em 2013 (10 anos após ter se lançado na música), provocando um maior reconhecimento, lhe rendendo shows em grandes festivais como: Festival de inverno de Garanhuns, Abril pro rock, Festival Pernambuco Nação Cultural, e a conquista do prêmio troféu Cata-vento da Rádio Cultura Brasil. O álbum composto por 13 faixas é marcado pela qualidade e diversidade dos instrumentos utilizados, como o violão, pífanos, flauta e alfaias. O resultado desta junção soa de uma forma suave e natural, aliado ao timbre andrógino de Almério, em canções como Invólucro Caruaru, Quantos homens tem o mesmo nome e São João do carneirinho.
Recentemente Almério lançou o segundo disco, Desempena, com 11 faixas, seis de composição própria, quatro de seu amigo e produtor musical Juliano Holanda e uma de Isabela Moraes. O álbum, bem recebido pela crítica, conta com a participação da cantora Elba Ramalho, no single Do avesso, um mix de baião e coco. O disco soa em um tom provocativo, em versos como: ;Por que você vive essa vida de plástico?/Por que você gira essa roda sem eixo?/Esconder o medo é guardar-se da chuva no frio. ;Quero que este álbum faça com eu as pessoas repensem como elas estão agindo dentro da sociedade. Se realmente elas estão sendo elas mesmas;, comenta Almério.
Duas perguntas / Almério
O que pretende transmitir com sua música?
Meu objetivo é que minha música abrace as pessoas e que as inspirem. Quero que soe como um alerta de coragem, e que elas sejam capazes de desativar o homem bomba diário que tem dentro delas, em meio aos problemas do cotidiano, em um país que hoje convive com tanta corrupção e tristeza.
Como você se define?
Vejo minha vida como músico uma missão, um artista que leva a arte. Com uma música que toque no sentimento humano e possa vir a fazer frente aos preconceitos.
Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco