Diário de Pernambuco
postado em 10/11/2017 12:07
Na contramão da onda de críticas a William Waack, afastado da Globo pelo comentário racista feito em vídeo vazado na internet, alguns jornalistas se posicionaram a favor do ex-apresentador do Jornal da Globo. O comentarista do RedeTV! news, Reinaldo Azevedo, publicou um texto em seu blog justificando a conduta de Waack, a quem chama de amigo, afirmando que o defende por uma "obrigação moral".
Na ocasião, William se irritou com uma buzina quando estava prestes a entrar no ar em uma transmissão ao vivo de Washington, nos Estados Unidos, afirmando que a pessoa que provocou o barulho "é preto. É coisa de preto", como diz nas imagens. De acordo com Reinaldo, "se disse ser aquilo ;coisa de preto;, ia no gracejo um dado referencial: um ;outsider;, de direita, com rompantes de extrema-direita, acabara de vencer a eleição no confronto com a candidata de Barack Obama. Negros e imigrantes constituíram as duas forças mais militantemente organizadas contra Trump. ;Ah, mas a piada foi infeliz;; É estupefaciente que isso esteja em debate. Quantos dos que me leem ou dos que atacam William nas redes resistiram à exposição pública de falas privadas? Se disse aquilo, não o fez para que fosse ao ar. Não era matéria de interesse público".
Ele completou, afirmando que "não era matéria de interesse público. Tratava-se de uma conversa privada. Ainda que a fala revelasse um juízo pessoal depreciativo sobre Obama, os ;pretos; ou sei lá quem, o que importa é o seu trabalho, é o que diz no ar, é a sua contribuição ao debate civilizado" e acrescentando que William "é meio preto, meio árabe, meio misturado" e que é chamado de "Alemão" pelos amigos por ter estudado no país europeu.
O jornalista Augusto Nunes, em comentário no Jornal da manhã na rádio Jovem Pan, afirmou que conhecia Waack há quase 50 anos, exaltando o currículo do repórter. "Me orgulho da inabalável amizade que mantenho com um homem exemplarmente integro, parceiro leal, profissional que deveria servir de modelo, inspiração e referência. Repórter visceral, ele tornou-se o melhor correspondente de guerra do País. Ele é um dos poucos profissionais de televisão que mantiveram a independência jornalística, a autonomia individual, o respeito à ética, o amor à verdade. Ele sempre contou caso como o caso foi. Agir assim em países primitivos é perigoso. Não é surpreendente que por um punhado de frases sem importância ele vire alvo de seitas especialmente repulsivas", disse.
Rachel Sheherazade, do SBT, usou o Instagram para se posicionar: "Um dos jornalistas mais brilhantes da TV brasileira foi o último alvo dos fundamentalistas da moral seletiva. Caiu na armadilha pérfida dos coleguinhas invejosos, esquerdistas acéfalos e medíocres de todas as nuances. O ;hipocritamente correto; venceu mais uma vez. Feriu de morte o brilhante Paulo Francis, atropelou Boris Casoy, trapaceou Reinaldo Azevedo e agora condenou à execração pública William Waack. E o jornalismo brasileiro fica a poucos passos da total acefalia".