Diversão e Arte

Roberto Correa se apresenta hoje e amanhã no Espaço Cultural do Choro

O violeiro celebra 40 anos de carreira com um show dividido em quatro partes

Irlam Rocha Lima
postado em 16/11/2017 07:31
Roberto Correa lançou 19 álbuns e criou um método para tocar viola caipira
A física perdeu um possível cientista, mas em compensação a música ganhou um celebrado violeiro que inscreveu seu nome entre os mais importantes representantes da cultura popular no país. Mineiro de Campina Verde, Roberto Correa comemora neste ano quatro décadas dedicadas a esse instrumento, base de um estilo musical próprio do interior do Brasil.

Roberto celebra a data com apresentação hoje e amanhã, às 21h, no Espaço Cultural do Choro. ;Vou fazer um show solo, dividido em quatro partes. Em cada uma vou mostrar músicas representativas das quatro décadas da minha carreira artística. Toco, por exemplo, Parecença, de minha autoria, e Viola andarilha, de João Pernambuco e Hermínio Bello de Carvalho, na primeira. Em seguida, Saudades de Matão (J.P, Galate e Raul Torres) e Trenzinho do caipira (Heitor Villa-Lobos), na segunda; Odeon (Ernesto Nazareth) e Extremosa rosa, composta por mim, na terceira; Nara, que é minha e Cara de bronze, que fiz em parceria com Siba, na quarta;, anuncia o violeiro e compositor.
[SAIBAMAIS]

Formado em física, pela Universidade de Brasília, Roberto deixou a formação acadêmica de lado em 1977, para se dedicar à viola caipira. ;Meu primeiro instrumento foi o violão, depois de receber aulas do mestre Eustáquio Grilo. Como violonista, cheguei a integrar o grupo Olho D;Água, na UnB. Para chegar à viola, fiz pesquisas em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, sob a orientação de José Souza e Zé Coco do Riachão, entre outros.

Parecença

Mesmo antes de se tornar um profissional da música, ele já participava de tocatas e ensaiava as primeiras composições. O primeiro show à vera foi em 1983, no Teatro Galpão, para lançar o livro Viola caipira, resultado das pesquisas que realizou. ;O show se chamou Parecença, no qual toquei Folia desminlinguida, minha primeira composição;, lembra.

Em 1986, ele fez a primeira gravação, ao participar da coletânea Marcvada Viola, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, do qual tomaram parte também Rolando Boldrin e Zé Mulato & Cassiano, entre outros violeiros. ;A trajetória como solista em disco teve início com um LP que teve o paulista Pelão como produtor;, recorda-se.

De lá para cá, Roberto lançou 19 álbuns, sendo nove solos e 10 com parceiros. Um deles, o Viola Caipira Brasil, de 1989, foi gravado e lançado na Alemanha. Da obra do instrumentista constam também três livros. O mais recente é o Viola caipira: Das práticas populares à escritura da arte, lançado pela ECA/USP. Entre as premiações que recebeu estão o relacionado com um CD que lançou com Inezita Barroso. ;Fui condecorado com a Ordem do Mérito Cultural pelo presidente Lula; e recebi o título de Cidadão Honorário de Brasília, conferido pela Câmara Legislativa;, relaciona.

Segundo o músico, a viola sempre esteve ligada às tradições populares do país e seu ensino se dava principalmente na oralidade, passada de pai para filho. ;Para um aprendiz do instrumento, no final da década de 1970, era necessário conhecer essas tradições e as técnicas próprias. ;Busquei aprender com os ancestrais e passei a desenvolver novas técnicas, até encontrar no instrumento a minha expressão artística;. No sábado, às 20h, Roberto Correa participa do projeto Música na Estrada. Ele se apresenta no Teatro Paulo Gracindo, no Gama do Sesc, acompanhado por Felipe Rozea (violão 7 cordas) e Erick Souza (violão e voz),



Roberto Correa
Show comemorativo dos 40 anos de viola, hoje e amanhã, às 21h, no Espaço Cultual do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulyses Guimarãeas). Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia para estudante). Não recomendado para menores de 14 anos.

"Para chegar à viola, fiz pesquisas em São Paulo, Minas Gerais e Goiás"
Roberto Correa, violeiro e pesquisador

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