Irlam Rocha Lima
postado em 29/11/2017 07:30
Desde a adolescência, Armandinho Macedo toca guitarra baiana em trio elétrico. Foi um dos fundadores da banda pop A Cor do Som e costuma interpretar em shows peças clássicos como o Bolero, de Maurice Ravel. Quando iniciou a carreira artística, ainda criança, sempre cultuou o choro, gênero musical que contribuiu para fazer dele um dos mais brilhantes instrumentistas brasileiros.
Originalmente bandolinista, Armandinho fez duo com o violonista Raphael Rabelo, com quem gravou disco e fez vários shows; participou de um álbum do histórico regional Época de Ouro; e tem marcado presença em todos os projetos do Clube do Choro. Agora, ele é o representante da Bahia no Brasil de Todos os Choros ; Origens, Sotaques, Encontro e Caminhos, evento que busca mapear os estilos desse gênero musical em cada região do país.
Nesta quarta (29/11), o instrumentista vai se desdobrar em intensa programação, que tem início às 17h e prossegue até às 21h. Inicialmente, faz palestra e estará à frente de uma oficina. E, na sequência, faz show no Espaço Cultural do Choro. Nessa apresentação tem em sua companhia Yacoce Simões (teclado) e Emanoel (percussão); e vai revisitar temas que gravou em discos como Pop choro e Retocando o choro, clássicos de mestres como Jacob do Bandolim.
;Minha relação com o choro é antiga. Desde que me entendo por gente ouvia meu pai (Osmar Macedo) tocando choro. Ele tinha o violonista Garoto como sua principal referência e frequentemente botava para tocar discos de Garoto, Jacob do Bandolim e Luperce Miranda. Aos 9 anos, ganhei meu primeiro instrumento, um bandolim e logo aprendi a tocar Brasileirinho, de Waldir Azevedo. Minha primeira apresentação em público foi no Cine Mataripe, abrindo o show de Os Tabajaras, um duo de violões;, lembra Armandinho.
Como bandolinista, ele foi apresentado ao Brasil, aos 15 anos, por Flávio Cavalcanti. ;No programa Grande Chance, que o apresentador mantinha na extinta TV Tupi, me classifiquei em segundo lugar ; a vencedora foi a cantora carioca Áurea Martins ; e repercutiu bastante, pois o programa era líder de audiência. Na finalíssima, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, fui ovacionado depois de interpretar um pot-pourri, em que uma das músicas era o choro Língua de preto, de Honorino Lopes. Quem me acompanhou foi ninguém menos que o lendário Dino 7 Cordas;.
Celebridade
Depois de A Grande Chance, a carreira de Armandinho decolou. Ainda adolescente se tornou uma celebridade no universo da MPB e passou a ser visto como uma das atrações do carnaval de Salvador, tocando no Trio Elétrico de Dodô e Osmar. Em 1970, lançou o primeiro LP, pelo selo Codil, acompanhado pelo Regional de Canhoto e com direção de Dino 7 Cordas.
;Em seguida, por sete anos, me dediquei mais ao trio elétrico, fazendo apresentações e gravando discos. Mesmo no trio elétrico, durante o carnaval, sempre havia espaço para tocar choro. Na Cor do Som, que formei com Dadi, Mu, Gustavo e Ary, o choro também tinha vez. Assanhado, de Jacob do Bandolim, era uma das nossas marcas registradas;, conta.
De 1990 e 1994, Armandinho tocou em duo com Raphael Rabello. ;Fizemos juntos incontáveis shows e gravamos um dico. Foram trabalhos em explorávamos ao máximo o improviso. Dois dos shows foram em Brasília, um com a participação de Paulinho da Viola, com renda revertida para as obras de recuperação física e reestruturação da antiga sede do Clube do Choro;.
Quando passou a seguir trajetória solo, Armandinho optou pela diversidade musical, indo do pop ao frevo, mas sem nunca perder o chorinho de vista. Em 1999, lançou Retocando o choro, no qual gravou Davilicença, choro que Moraes Moreira fez para o filho Davi. ;Para o Pop choro, de 2006, quis exaltar consagrados compositores do gênero, como Ernesto Nazareth, Pixinguinha e Garoto, e criei Um tom para Ernesto. Pop choro Lamento e desde Garoto;, ressalta.
No decorrer deste ano, o músico baiano desenvolveu um projeto com outro bandolinista, o brasiliense Hamilton de Holanda. ;Fizemos uma série de filmagens no litoral norte da Bahia, nas proximidades da Praia do Forte, na área externa do Museu de Arte Moderna (antigo Solar do Unhão) e na Igreja do Bonfim, que vamos transformar num DVD. Eu e o Hamilton temos uma grande identificação. Ele sempre foi atento ao meu trabalho, tomando-o como referência;.
Armandinho Macedo
Show do bandolinista, acompanhado por Yacoce Simões e Emanoel (percussão), hoje, às 21h, no Espaço Cultural do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães), pelo projeto Brasil de Todos os Choros ; Origens, Sotaques, Encontros e Caminhos. Antes, Ingressos: R40 e R$ 20. Não recomendado para menores de 14 anos. Antes, entre às 17h e as 19h30, ele faz palestra e comanda uma oficina, com entrada franca. Informações: 3224-0599.