Agência France-Presse
postado em 04/12/2017 22:23
A sexta e última temporada de "House of Cards", série de sucesso da Netflix que entrou em crise após as alegações de agressão sexual contra Kevin Spacey, retomará a sua produção no início do ano que vem sem a sua estrela, disse à AFP uma fonte da indústria nesta segunda-feira (4/12).
O fim da série agora vai se concentrar na personagem de Claire Underwood, interpretada por Robin Wright, que, após suceder seu marido na Presidência no fim da quinta temporada, olhou diretamente para a câmera e declarou: "minha vez".
A Netflix colocou a premiada série de suspense político em espera devido a uma série de alegações contra Spacey, o duas vezes vencedor do Oscar acusado de tentativa de estupro de um adolescente e de ter um padrão de abusos contra colegas homens e jovens, inclusive no set de "House of Cards".
A sexta temporada, que estava marcada para ir ao ar em 2018, só terá oito episódios, ao invés dos 13 das temporadas anteriores, nas quais Spacey viveu um congressista americano corrupto que eventualmente se torna presidente.
Considerado um dos atores mais talentosos de sua geração, a carreira de Spacey, de 58 anos, que em colaboração com a Netflix colocou a gigante do streaming no mapa, está em queda livre após as acusações de abusos sexuais que vieram à tona no fim de outubro.
Imediatamente a Netflix demitiu o ator, que foi publicamente acusado de tentar estuprar um jovem de 15 anos e de avançar o sinal com o ator Anthony Rapp há três décadas, quando ele tinha apenas 14 anos.
De acordo com a mídia britânica, a Polícia de Londres também o está investigando por uma suposta agressão em 2008.
Ex-funcionários de "House of Cards" alegam que Spacey deixou o ambiente "tóxico" por meio de um padrão de abusos, e afirmações similares foram feitas no Old Vic, o teatro londrino do qual ele foi diretor artístico de 2003 a 2015.
Spacey é um dos grandes nomes envolvidos na enxurrada de acusações que derrubaram poderosos homens dos mundos da política, das finanças, do entretenimento e do jornalismo, na sequência das denúncias contra o magnata do cinema Harvey Weinstein.
O ator também foi produtor-executivo da principal série da Netflix, que foi adaptada de um drama da BBC de mesmo nome e faturou sete prêmios Emmy em mais de 50 indicações.
A Netflix não libera números de audiência, mas a série marcou seu lugar na história da televisão como a estreia do primeiro programa original da empresa, que cresceu e incluiu outras produções muito vistas, como "Stranger Things" e "Orange is the New Black".