Diversão e Arte

CCXP: Evento começa na quinta em São Paulo com presença de brasilienses

A principal atração do evento é o ator Will Smith. No entanto, entre os 489 artistas confirmados no Artist's alley estão 14 representantes do DF

Adriana Izel
postado em 06/12/2017 07:31
Will Smith estará no evento para promover o filme Bright
As convenções de cultura pop são tradição pelo mundo e durante muito tempo o Brasil ficou de fora desse mercado tão lucrativo e envolvente. Mas, desde 2014, o país tem um grande evento para chamar de seu, a Comic Con Experience (CCXP), e o bom desempenho dessa feira fez com que outras convenções também ganhassem força pelo país dentro desse nicho.

Em sua quarta edição, a CCXP será realizada de quinta-feira a domingo, em São Paulo, reunindo público de vários estados e até de outros países. A expectativa é de que 220 mil pessoas passem pelo São Paulo Expo Exhbition & Convention Center, na Rodovia Imigrantes ; 24 mil a mais do que no ano passado. ;Apesar de ser um ano de crise, o fato de o evento estar consolidado no calendário até mundial, e pela forma como são os fãs de cultura pop, a nossa expectativa é grande;, afirma Ivan Costa, um dos sócios da CCXP.

[SAIBAMAIS]Como tem acontecido em todos os anos, o evento terá três auditórios, o maior com capacidade para 3,5 mil pessoas e estrutura de sala de cinema. Nele estarão grandes atrações, como Will Smith, que vem ao país para promover o filme Bright, previsto para ser lançado na Netflix dia 22; Nikolaj Coster-Waldeu, astro de Game of thrones; Alicia Vikander, a vencedora do Oscar que falará sobre a nova franquia Tomb Raider; e Danai Gurira, conhecida por The walking dead e integrante do elenco do filme solo do Pantera Negra, que estreia em fevereiro de 2018.

O evento, que homenageou Mauricio de Sousa, Frank Miller e Renato Aragão, agora fará um tributo à atriz Fernanda Montenegro, que estará na CCXP na sexta-feira. Entre os brasileiros que também terão destaque estão Alice Braga e o brasiliense Henry Zaga, que falarão também na sexta-feira sobre o filme Novos mutantes; e Bianca Comparato e Vaneza, que estarão para promover a segunda temporada da série 3% no sábado.

Participação brasiliense na CCXP


Dos 489 artistas confirmados na Artists; alley, 14 são do Distrito Federal. O espaço é uma área dedicada aos ilustradores e quadrinistas. De Brasília estarão lá: Alícia Echavarria, Archiri Usagi, Caio Cacau, Crowkid, Dani Bolinho, Hiro Kawahara, Kátia Schittine, Laz Muniz, Leonardo Maciel, Lovelove6, Pablo Casado, Raphael Duarte, Rayner Alencar e Renata Rinaldi. A escolha dos participantes é feita por uma comissão após o processo de inscrição. ;Vamos atrás de saber quem é o artista, qual é o seu portfólio, o que ele pretende lançar no evento. Há todo um processo de curadoria;, garante Ivan Costa.

Caio Cacau
Pela segunda vez no evento, o ilustrador Caio Cacau, 38 anos, será um dos representantes do DF. O artista começou a desenhar na infância motivado pelos filmes da Sessão da tarde. ;Acabava o filme do Superman, eu colocava a fantasia e começava a desenhar;, explica. Com publicações na editora Abril e na revista Mundo dos Super-heróis, o ilustrador estará na CCXP vendendo prints de desenhos do universo de super-heróis e da cultura pop em geral. ;Vou divulgar meu trabalho como cover, mostrar meu portfólio e tentar fazer amizades;, conta. Caio Cacau estará na mesa G14.

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Renata Rinaldi
No passado, a mineira Renata Rinaldi, 29 anos, que se mudou para Brasília há sete anos para estudar artes na UnB, esteve no evento a convite da Social Comics, plataforma na qual ela atua vinculada ao selo PAGU. Renata, que é uma das 94 mulheres que estarão no evento, apresentará conteúdos autorais. ;O foco é o rolê dos quadrinhos e oferecer esse espaço;, diz. Ela fará o lançamento da revista O jardim e ainda levará publicações anteriores, como O pequeno bapho e Labirinto em linha reta, ilustrações em prints, adesivos, acessórios e tatuagens temporárias. Ela estará na mesa F37.

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Leonardo Maciel
Formado em arquitetura, o brasiliense Leonardo Maciel, que estará na mesa G21, sempre soube que ser ilustrador era o caminho que devia seguir. O sonho virou realidade em 2009, quando começou a viver desenho. ;Comecei a ler gibis muito antes de saber ler. Eu me lembro de crescer querendo ser desenhista de HQ;, destaca. Maciel chegou a morar em São Paulo e atuou na Revista Recreio, da Abril. Pela terceira vez na CCXP, ele levará o mais novo livro, a obra Contos de Pellanor, além da revista Contos feitos para deixar você DOIDO e a graphic novel Nos bastidores da Bíblia: O êxodos.

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Entrevista // Leonardo Maciel

Como e quando você começou a fazer quadrinhos e ilustrações?

Meu pai era leitor de quadrinhos, então cresci numa casa recheada de quadrinhos clássicos. Comecei a ler gibis desde muito antes de saber ler de verdade. Me lembro de crescer querendo ser desenhista de quadrinhos. Mas quando fui ficando mais velho o sonho foi ficando pra trás, comecei a achar que era um sonho impossível. Acabei indo estudar arquitetura na faculdade. Mas já perto da época de me formar comecei a conhecer algumas pessoas que viviam de ilustração. Viver exclusivamente de desenho voltou a se mostrar uma possibilidade pra mim. Após me formar trabalhei alguns anos como arquiteto, juntando todo dinheiro que eu ganhava. Juntei o suficiente para me mudar para São Paulo e viver por um ano tentando arranjar algum trabalho como ilustrador. Depois de alguns meses eu já estava desenhando uma série de quadrinhos para a Revista Recreio da Editora Abril. Isso foi em 2009, vivo exclusivamente de desenho desde então.

No que se baseia seu trabalho?
Meus pais sempre incentivaram o consumo de arte por mim e minhas irmãs. Desde que éramos crianças frequentamos exposições, discutimos filmes, livros. Eu costumava pintar ao lado do meu pai que tinha essa atividade como um hobby quando ele era mais novo. Então acho que além dos quadrinhos em si, tenho influência de pintura clássica, de ilustração e, recentemente, eu diria que tenho sido principalmente influenciado por artistas da área de animação. Pessoas como Milt Kahl, Genndy Tartakovsky e Maurice Noble são alguns dos artistas que tenho mais estudado hoje em dia. Muito embora eu não trabalhe nessa área.
coisas.

Como você vê o mercado de quadrinhos em Brasília e no Brasil?
Desde que comecei a trabalhar com quadrinhos e a participar de grandes eventos é visível o tanto que o mercado brasileiro de quadrinhos cresceu. Eu diria que ele hoje é umas cinco vezes maior do que era em 2010. Hoje, provavelmente, é o melhor momento do mercado nacional de quadrinhos desde que Ângelo Agostini publicou seus primeiros trabalhos em 1869. Ainda temos muito pra crescer. Não temos uma indústria estabelecida. O mercado hoje é dominado por artistas independentes e pequenas editoras. Em Brasília, o mercado é ainda menor. Há cerca de cinco anos o mercado brasiliense de quadrinhos da cidade era praticamente inexistente. Se você produzia quadrinhos por aqui a sua única solução era participar de eventos e procurar mercado fora da cidade. Mas a situação tem mudado nos últimos anos. Existem cada vez mais eventos de quadrinhos por aqui, eventos esses que nos dão oportunidade de encontrar os nossos fãs e de vender nosso trabalho. Além de influenciar futuros artistas. Se você pretende começar a fazer quadrinhos, não existe momento melhor que agora para começar.

Diana Doria
Mais conhecida no meio artístico como Crowkid, a ilustradora brasiliense estreia neste ano na área Artists; alley, apesar de ter no currículo passagem em eventos diferentes, como em Vancouver. Diana começou a desenhar na infância, mas apenas com 17 anos começou a atuar de forma mais séria. Atualmente, tenta publicar o primeiro trabalho autoral, Corvos mortos, que está no Catarse (site de financiamento coletivo). O projeto deve ficar pronto apenas para 2018, então, Crowkid apresentará na CCXP prints, chaveiros e pinturas, que vão desde fanart a originais. Ela estará na mesa F39.

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Entrevista // Diana Doria

Como e quando você começou a fazer quadrinhos?

Comecei quando criança com uns 7 ou 8 anos, porque sempre fui cheia de ideias e histórias para contar. Ao mesmo tempo que sempre gostei de desenhar. O momento em que comecei a levar a sério foi quando tinha uns 17 anos, que conheci outros autores e ilustradores iniciantes num fórum, nos juntamos e lançamos uma revista no FIQ. Se chamava HBQ Quadrinhos e acho que a página do Facebook ainda existe.

Você está fazendo um financiamento coletivo no catarse do quadrinho Sobre os corvos mortos. Esse é o primeiro trabalho seu feito desse modo? Quais são as outras obras que você tem?
Os Corvos mortos é minha primeira publicação pelo Catarse e foi feita num péssimo momento, tanto que não deu certo! Para alguma campanha funcionar no Catarse, a menos que você já seja muito popular (o que não é meu caso), você precisa pensar com cuidado na divulgação, fazer os contatos certos, ter bastante tempo destinado a isso, etc. Eu decidi ser doida e publicar a campanha sem ter preparado nada disso, só para ver se dava tempo de publicar na CCXP, e não deu. Mas valeu a tentativa e a experiência, porque vou tentar de novo em meados de 2018. Vou seguir publicando SCM como webcomic gratuita no Tapastic enquanto isso. Fora ela eu tenho algumas histórias curtas, entre 10 e 15 páginas, que já publiquei on-line e já tirei do ar, porque penso em lançar como coletânea impressa depois. Verdade seja dita, quadrinhos não são minha carreira - são um hobbie que eu decidi levar um pouco mais a sério que o normal. Minha carreira de verdade está se construindo em torno de jogos digitais, então não sobra tanto tempo assim para me dedicar a escrever vários quadrinhos.

Como você vê o mercado de quadrinhos em Brasília e no Brasil?
Minha percepção é de que, infelizmente, os quadrinhos estão virando um nicho cada vez menor. Estantes que antes eram inteiras ocupadas por quadrinhos em livraria agora estão pela metade, ou menos. Mas certamente ainda existe um mercado por aqui, e os autores independentes costumam ser unidos. Não faltam oportunidades para conhecer gente e mostrar seu trabalho em Brasília. Confesso que eu, pessoalmente, não participo tanto dessas feiras porque o meu tipo de trabalho não é muito a cara do público daqui, e em geral compensa mais eu publicar em algum portal estrangeiro. Vendi muito mais no meu tempo em Vancouver do que eu vendo aqui. Mas enfim, não posso dizer que o mercado daqui é ruim, pois na verdade é muito bom, considerando que é de nicho - só não é muito a minha cara.

Não deu para ir? Não fique triste, veja as opções de eventos de cultura pop em Brasília neste mês de dezembro!


Geek Prime
Em sua quinta edição, o evento será realizado de 13 a 17 de dezembro, das 10h às 22h, no Pátio Brasil. Estão confirmadas as presenças de Guilherme Briggs (Freakazoid! e Toy Story), Wendel Bezerra (dublador de Bob Esponja e Dragon ball Z) e Takumi Tsutsiu (ator protagonista da série Jiraya: O incrível ninja). Ingressos a R$ 25 (day-pass) e R$ 100 (day-pass vip). Valores de meia e sujeitos a alteração. À venda no site www.sympla.com.br. Classificação indicativa livre.

Especial Star wars
Por conta da proximidade do lançamento de Star wars: Os últimos jedi, o 5uinto Bar (102 Norte) promove uma noite especial Star wars, em 10 de dezembro, às 18h. O evento terá exibição dos filmes Star wars: O despertar da Força e Rogue one ; Uma história Star Wars. Entrada franca. Verifique a classificação indicativa de cada filme.

Estreia de Star wars
O Cine Drive-In (Área Especial do Autódromo) promove um evento de lançamento do filme Star wars: Os últimos jedi em 14 de novembro, às 17h30, com performance de cosplays, quiz, DJ e food trucks. O filme será exibido às 21h. Entrada a R$ 12 (meia) e R$ 24 (inteira). Verifique a classificação indicativa do filme.

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