Diversão e Arte

Davi Moraes lança novo CD, uma produção independente

'Tá em casa' tem preço sugerido de R$ 25 e conta com participações de convidados

Irlam Rocha Lima
postado em 21/12/2017 07:30
Davi mistura sonoridades de diversas regiões do país no novo disco

Um dos mais requisitados instrumentistas da cena da MPB, Davi Moraes já acompanhou astros e estrelas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ivete Sangalo, Marisa Monte, Adriana Calcanhotto e Vanessa da Mata. Atualmente é o líder da banda de Maria Rita, com quem é casado há seis anos. O guitarrista, porém, sempre investiu em trabalho solo, tendo lançado os discos Papo macaco (2003) e Orixá mutante (2004). Há dois anos dividiu com o pai Moraes Moreira ; com quem atua desde a infância ; o CD Nossa parceria.

Agora, Davi retoma a trajetória individual com Tá em casa, álbum que traz seis canções e seis temas instrumentais. A maioria é de produção recente, mas há as garimpadas do baú que mantém no seu estúdio caseiro. Nove foram feitas com parceiros, três são de outros compositores e em todas há a participação de músicos talentosos. Em algumas ele tem convidados artistas de vertentes diversas e de diferentes regiões do país, como os paraenses Manoel e Felipe Cordeiro, a cantora paulistana Maria Rita e os cantores baianos Saulo e Márcio Vitor.

O carioca Davi veio ao mundo numa comunidade hippie que reunia os Novos Baianos, um dos mais originais grupos da história da música popular brasileira. Com 11 anos, ao lado do pai, empunhando uma guitarrinha baiana, encarou e encantou a multidão presente na primeira e mítica edição do Rock in Rio, em 1985. A partir dali vivenciou impressionante crescimento artístico e hoje é visto como um virtuoso guitarrista, criador de riffs personalíssimos ; marca registrada do som criado por ele.


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Tá em casa
CD do guitarrista, cantor e compositor Davi Moraes, de 12 faixas, com a participação de convidados. Produção independente. Preço sugerido: R$ 25.


; Entrevista

Você retoma a trajetória individual, iniciada com Papo macaco (2003)
e Orixá mutante (2004), lançando o Tá em casa.
O que determinou
o hiato entre os primeiros discos solo e esse de agora?
Olhando hoje, acho que consigo apontar algumas coisas. Peguei aquele último momento das gravadoras e o mercado ainda relativamente bem. Tive um contrato excelente com a Universal. Podia gravar meus discos como queria, com uma superprodução, clipes etc. E sou muito grato a eles até hoje. Gosto desses discos e acho que são o registro daqueles momentos dos primeiros voos solo. Hoje me sinto muito feliz e satisfeito por poder caminhar mais com as próprias pernas.

As seis canções e os seis temas instrumentais
registrados no álbum são produções de quando?
A maioria é de produção recente. Foram compostas pouco antes de eu começar a gravar. Mas algumas canções eu tirei do fundo do baú do meu estúdio em casa e dei vida ao que estava ainda inacabado.

Há uma diversidade de estilos nas seis músicas cantadas. A variedade foi algo proposital?
Foi mais natural do que proposital. Eu fui gostando de cantar e tocar com suavidade e hoje tenho o mesmo prazer de fazer as outras mais pesadas e suingadas. É fruto de uma evolução como compositor e cantor também, acredito.

Só nós dois, em que divide a interpretação com Maria Rita,
é uma parceria sua com Adriana Calcanhoto.
Como a canção surgiu?
Eu estava em turnê com a Adriana na época. Fiz a música, que era instrumental, e mostrei para ela. Poucos dias depois, ela me mandou a linda letra com perfeição incrível na métrica e no sentimento da melodia. Tenho muito orgulho dessa parceria. Adriana é uma artista, amiga e parceira de estrada maravilhosa! Rodamos pelo Brasil e pelo mundo, até chegar ao Japão. Foi tudo maravilhoso.

Quem é Samir, autor de Charme Veneno e seu parceiro em
Menina do gueto e Vem de Malê (as duas tem a participação
também de Peu Meurroy). Você o está lançando?
Samir Trindade é um grande compositor baiano, assim como Peu. Os dois tem um trabalho incrível e vários hits na voz de grandes artistas. Peu já é parceiro mais antigo... Tocávamos juntos na banda de Marisa Monte. Samir é um parceiro e amigo mais recente. Fiquem de olho! São grandes talentos da nossa música!

O lado carioca do álbum, a levada Cutuca o aproximou dos
sambistas Fred Camacho
e Marcelinho Moreira. São músicos da sua turma?
Mais do que nunca, hoje, são músicos da minha turma e eu da deles! Já somos parceiros frequentes! A amizade surgiu na banda de Maria Rita. Foi minha pós-graduação no samba! Já peguei meu diploma com eles! No disco da Maria que está pra sair, temos três parcerias!

Dividir a criação das faixas instrumentais com Fernando Moura,
Cainã Cavalcante e mestre Capiba foi uma maneira de misturar diferentes linguagens?
É minha natureza musical. Como diz a música de meu pai com Fausto Nilo (Meninas do Brasil), Pela graça da mistura. Não sei fazer nada na música sem misturar.

Ter a paulistana Maria Rita, o carioca Jaque Morelembaum,
os baianos Saulo e Márcio Vitor, e os paraenses Manoel Cordeiro e
Felipe Cordeiro como convidados, foi uma vontade de reunir vários brasis nesse trabalho?
É um reflexo da resposta anterior. Não foi pensado e calculado. As participações foram surgindo de encontros na estrada e de trabalhos que fizemos juntos. Acabou sendo esse belo registro de vários brasis, como você de bela forma citou!

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