Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Funk será excluído do Spotify após ser acusado de apologia ao estupro

'Só surubinha de leve', de MC Diguinho, está sendo criticada nas redes sociais por cantar versos como: 'Taca bebida, depois taca pica e abandona na rua'

Só Surubinha de Leve, do MC Diguinho, será retirada da plataforma digital de músicas Spotify após receber diversas acusações de apologia ao estupro. A frase "Taca a bebida, depois taca a pica e abandona na rua" causou revolta nas redes sociais e irritou movimentos ligados à luta feminista por respeito e direitos iguais. A faixa chegou às playlists de hits virais do Spotify nas listas Brasil e no Mundo, mas o app informou nesta quarta-feira, (17/1), por meio de um comunicado, que a música sairá do catálogo. A faixa já aparece como apagada nas playlists, mas continua disponível para streaming na página do artista na plataforma.

Em poucas horas, um abaixo-assinado na Internet conseguiu mais de 15 mil assinaturas em uma campanha contra o funk na plataforma de streaming. "Pedimos ao Spotify Brasil que retire essa canção de seu catálogo, pois uma obra que estimula a violência e desvalorização das mulheres não merece ser divulgada ou compartilhada amplamente;, diz o texto da campanha.

[SAIBAMAIS] "O catálogo do Spotify é abastecido por centenas de milhares de gravadoras, artistas e distribuidoras em todo o mundo. Eles são devidamente avisados sobre nossas diretrizes e são responsáveis pelo conteúdo que entregam. Desta forma, informamos que contatamos a distribuidora da música Só surubinha de leve a respeito do ocorrido e, fomos informados que a faixa será retirada da plataforma nas próximas horas, uma vez que o tema foi trazido à nossa atenção;, diz nota oficial divulgada pelo serviço.

Na Deezer, outra plataforma de streaming popular no Brasil, a música já foi deletada. "Estamos em processo de análise de outros conteúdos para tomar as providências cabíveis", afirmou a empresa. O YouTube ainda não se posicionou sobre a polêmica. Um vídeo só com o áudio da música tem mais de 14 milhões de visualizações.

A música foi lançada em setembro do ano passado, em sua primeira versão, no Soundcloud. O funkeiro ainda não se manifestou sobre a polêmica. E, após a repercussão negativa, tornou suas contas no Instagram e no Twitter privadas. O vídeo clipe da música está previsto para ser lançado às 21h desta quarta-feira.

Repercussão

Nas redes, a crítica de maior repercussão foi a da paraibana Yasmin Formiga, que publicou uma imagem na qual aparece maquiada como se estivesse sido violentada e segura um cartaz com o polêmico refrão da música. Na descrição da publicação ; que ultrapassou 130 mil compartilhamentos ;, Yasmin escreveu: "Sua música ajuda para que as raízes da cultura do estupro se estendam. Sua música aumenta a misoginia. Sua música aumenta os dados de feminicídio. Sua música machuca um ser humano. Sua música gera um trauma. Sua música gera a próxima desculpa. Sua música tira mais uma. Sua música é baixa ao ponto de me tornar um objeto despejado na rua".

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Em outra manifestação de repúdio à Só Surubinha de Leve, as Youtubers Carol e Vitória gravaram uma versão em resposta à música. ;Pode vir sem dinheiro, mas traz papel e caneta pra ver se anotando entra algo nessa tua cabeça. Abusar da mulher é crime, estupro é violência, tira as mãos de cima dela e coloca na consciência;, canta a dupla. O vídeo com a ;resposta feminina; foi postado na noite de terça-feira (16/1) e, em menos de 24 horas, alcançou 911 mil visualizações.

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