Philipe Santos*
postado em 18/01/2018 11:27
Após ser acusado de fazer apologia ao estupro e ter a música Só surubinha de leve excluída das plataformas digitais, o cantor MC Diguinho anunciou que o funk será lançado em uma "versão ligth". A letra original, que em um dos trechos diz "taca a bebida, depois taca a pica e abandona na rua", gerou revolta nas redes sociais e irritou movimentos ligados à luta feminista por respeito e direitos iguais.
Através de uma nota divulgada em suas redes sociais, o cantor disse que ;reconhece o conflito de informações devido a toda repercussão; e que jamais denegriria a honra e a moral das mulheres. "O mesmo [MC Diguinho] informa que, em sua residência, mora com a sua mãe, irmãs e uma sobrinha", diz trecho do comunicado.
A assessoria do cantor confirmou ao Correio que a música será lançada nesta quinta-feira (18/1), às 20h, no YouTube. Inicialmente, o clipe da versão acusada de fazer apologia ao estupro seria lançado na quarta-feira (17/1).
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O posicionamento do cantor com relação às acusações mudou no período de 24 horas. Quando surgiram as primeiras acusações, o cantor disse no Twitter que "Se a minha música faz apologia ao estupro, prazer, sou o mais novo estuprador. Apenas fiz a música da realidade que eu vivo e muitos brasileiros vivem". A publicação foi apagada e a assessoria do cantor disse que a conta não pertence ao funkeiro, apesar de ser a mesma conta que divulgou a nota e dias antes mostrou os bastidores do clipe da música.
Música excluída do Spotify
A plataforma digital de música Spotify decidiu retirar a música do ar na quarta-feira devido à repercussão negativa nas redes sociais e a um abaixo-assinado on-line que obteve mais de 22 mil assinaturas.
Em nota, a empresa disse que é abastecida por centenas de milhares de gravadoras, artistas e distribuidoras em todo o mundo e que eles são responsáveis pelo conteúdo que entregam. ;Informamos que contatamos a distribuidora da música Só surubinha de leve a respeito do ocorrido e fomos informados de que a faixa será retirada da plataforma nas próximas horas, uma vez que o tema foi trazido à nossa atenção", afirmou a empresa. Na Deezer, outra plataforma de streaming popular no Brasil, a música também foi deletada.
Repercussão negativa nas redes sociais
A música foi lançada em setembro do ano passado, mas só ganhou destaque após alcançar o primeiro lugar das músicas virais do país no Spotiy. A polêmica se insatlou depois de a paraibana Yasmin Formiga publicar uma imagem na qual aparece maquiada como se estivesse sido violentada e segurando um cartaz com a letra da música ; a foto foi compartilhada mais de mil vezes no Facebook.
Na descrição da publicação, Yasmin escreveu: "Sua música ajuda para que as raízes da cultura do estupro se estendam. Sua música aumenta a misoginia. Sua música aumenta os dados de feminicídio. Sua música machuca um ser humano. Sua música gera um trauma. Sua música gera a próxima desculpa. Sua música tira mais uma. Sua música é baixa ao ponto de me tornar um objeto despejado na rua".
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