Nahima Maciel
postado em 20/01/2018 17:10
Em uma de suas recordações de infância, Athos Bulcão lembra de estar no banco de trás de um carro, a caminho do carnaval, ;espremido; entre Noel Rosa e Francisco Alves. Ele gostava muito da festa. Gostava também de coisas que evocavam o divino.
O sagrado e o profano, duas pontas de uma mesma história, fascinavam o artista, nascido em julho de 1918. Athos levou essas duas concepções de mundo para boa parte de sua obra, sem nunca deixar de estar atento às vanguardas de sua época.
A diversidade que o fez transitar por campos que vão da pintura à arquitetura é o tema de 100 Anos de Athos Bulcão, exposição com 300 obras que o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) faz circular por Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
Com curadoria de Marília Panitz e André Severo, a mostra reúne obras de todas as épocas e temáticas trabalhadas pelo artista e foi possível, principalmente, graças a colecionadores de Brasília e à Fundação Athos Bulcão, proprietária de um acervo significativo.
Divisão por temas
Os curadores dividiram a exposição em oito núcleos, mas evitaram categorizar fases ou organizações cronológicas. ;Se fosse por fases, seriam muitas, então, a gente separou por temas, ou por um tipo de pintura;, explica Severo.
Dois pontos devem ser observados quando se percorre a exposição. A presença constante do carnaval nas pinturas, gravuras e desenhos é uma delas. A outra é a passagem da figuração para a abstração.
;A gente queria pensar na questão da pintura, como essa passagem da figuração para a abstração. Os grandes artistas sempre fazem isso, há uma certa volta aos princípios lá de trás na sua trajetória, e a gente queria mostrar isso. Começamos então com os carnavais;, conta Marília.
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Artes gráficas
Um dos objetivos da curadoria foi mostrar a diversidade da obra do artista. Muito conhecido pela colaboração com Oscar Niemeyer em projetos de arquitetura, com os painéis de azulejos que marcam os prédios da capital do país, Athos foi autor de uma vasta obra: fez roupas litúrgicas para a igreja, figurinos para ópera e afrescos para capelas
;Começamos a ver o que já tinha sido feito, não só para fazer algo diferente, mas também para ver o trabalho dele que não era o esperado;, diz Marília. Algumas surpresas, como os figurinos de ópera e os trajes litúrgicos, encantaram os curadores e são mostrados para o público pela primeira vez.
Exposição 100 anos de Athos Bulcão
Curadoria: Marilia Panitz e André Severo
Local: Centro Cultural Banco do Brasil (SCES Trecho 2, lote 22)
Visitação: até 1; de abril, de terça a domingo, das 9h às 21h