Diversão e Arte

Ator brasiliense Andrade Junior comemora mais de 50 anos de carreira

O veterano ator comemora está com a agenda cheia em 2018

Ricardo Daehn
postado em 18/02/2018 07:30
Imagem das filmagens de King Kong en Asunción
Recentemente, , o ator Andrade Junior brilhou na encenação da morte do seu personagem, um fanfarrão funcionário público. Inativo e preguiçoso, o tipo criado no filme de Santiago Dellape contrasta bastante com o agitado intérprete, que tem agenda cheia até o final do ano. Aos 72 anos, Andrade Junior assume certo arrependimento de não ter se aposentado mais cedo, como empresário de vendas de eletrônicos, atividade largada, há seis anos. ;Cinema nunca foi hobby ; aliás, deveria ter ficado só no cinema mesmo;, comenta. Havia quatro anos, o ator contabilizava a participação em 70 filmes; agora, acha que bateu a faixa das 100 produções feitas. Mas, afinal, cinema dá dinheiro? ;Por enquanto, não (risos). Aliás, agora é que tá começando a dar uma mixaria. O problema é que faço muita coisa grátis, tenho muitas parcerias com universitários, mas eu adoro participar;, explica.

Depois do sucesso na trama do diretor Dellape, Andrade, até o fim do ano, será o antagonista em Cartório das almas, sob direção de Leo Bello. Em junho, o ator tomará parte de Pureza, longa assinado por Renato Barbieri e estrelado por Dira Paes. ;No filme, ela perde um filho, sem saber do paradeiro. Farei o papel de um fazendeiro que tem escravos;, revela. Depois de ter conhecido, graças à profissão, regiões do Ceará, de Mato Grosso e de Tocantins, além do eixo Rio-São Paulo, o filme Pureza lhe dará a chance de estar em Marabá (Pará).

Cena do filme Rosinha

;O cinema tem me dado muita experiência de conhecer as coisas. A gente ouve falar, mas tudo é diferente pessoalmente;, observa. Foi de uma vigem, por sinal, que brotou um dos trabalhos que mais incrementou o álbum de fotografias do ator: o longa King Kong en Asunción (do premiado Camilo Cavalcante). ;Num festival de cinema de Nova Iguaçu (RJ), dividi o quarto com o Camilo e dei um susto nele brincando. Quando virei um gorila. Ele quase pulou do prédio por medo;, diverte-se.

Da situação, passados três anos, brotou o roteiro do King Kong paraguaio. ;No filme, viro gorila, por perder todas as esperanças da vida. Está tudo gravado: são 36 horas de filmagens, por todos os desertos da Bolívia. Meu personagem não deixa rastro. O filme começa com ele dirigindo um carro, com um homem amarrado no porta-malas. É um matador, que enlouquece ao saber da existência de uma filha em Assunção;, adianta. Em 41 dias de filmagem do longa de Cavalcante (em processo de montagem), a equipe passou, na Bolívia, por Uyuni (Deserto de Sal), Potosí (Cordilheira dos Andes), Entre Ríos e Tarija, enquanto, no Paraguai, Andrade desfrutou da estada em La Patria e Filadélfia (distrito com menos de 8 mil habitantes), além, claro, de ter visitado Assunção.

Locações


;Interpretei tudo em espanhol ; em espanhol, mas sem eu saber nada;, conta às gargalhadas. Andrade celebra a ;invenção; de o diretor escolher as locações estrangeiras. ;Adorei Assunção, acho que é a melhor cidade que eu conheci;, avalia o artista, que há três anos participou de outra produção rodada no Paraguai, A louca história de Andrade Junior (de Érico Cazarré). O ator segue encantado com a acolhida nos países vizinhos.

;Na viagem, vi procissão, com gente vestida com roupas que eu nunca tinha visto. Descobri santos dos incas e entidades, como a Pachamama. Já em Potosí, fizeram até uma peça de teatro para a gente colocar no filme. Tudo porque o Velho (meu personagem) nunca viu nada. Ele vivia escondido, num ciclo: matava e voltava ; matava e voltava. Quando ele fica sabendo que tem uma filha, vem a descoberta do mundo. Antes, ele só sabia que matava gente, mas nem sabia se por isso ou por aquilo;, observa.

Em King Kong em Asunción, Andrade manteve o velho e bom estilo de ator. ;Eu não leio o roteiro. Todos os dias, o diretor me diz o que fazer e eu faço. Não preparo personagem. Para mim, o filme é do diretor ; se não prestar, o problema é dele (gargalhadas).; O resultado do matador criado em cena ainda é uma incógnita. ;Meu irmão aposta que, quando eu matar os caras nas cenas, o público vai rir;, conta.

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