O Brasil está entre os três maiores mercados da Netflix. O dado, que não traz nenhum outro detalhe (quais países ocupam quais colocações, por exemplo), surgiu ao final de uma rodada de entrevistas durante o lançamento de O mecanismo da qual o Estado de Minas participou, na semana passada, no Rio de Janeiro.
;Top 3;, foi a resposta do chefe de comunicação global da empresa, Jonathan Friedland, ao comentar a relação do Brasil com a plataforma de streaming. Ele acompanhava o vice-presidente de conteúdo original, Erick Barmack. Dado o crescimento da audiência brasileira (a empresa não divulga o número de assinantes no país), Barmack prevê, para um futuro próximo, um volume de 10 a 12 séries de ficção nacionais por ano, entre estreias e novas temporadas.
Mais ambiciosa incursão da Netflix no país, a série sobre a Operação Lava-Jato criada por José Padilha estreia nesta sexta-feira (23) nos 190 países em que o gigante do streaming está presente. Em 27 de abril, entra no ar a segunda temporada da produção teen 3%, que, a despeito das críticas negativas recebidas no país, ;rodou o mundo;, nas palavras de Barmack.
A importância do Brasil para a empresa norte-americana ; que aportou por aqui em 2011, o que fez do país seu primeiro mercado fora da América do Norte ; justificou a presença dos principais executivos da empresa no lançamento de O mecanismo.
AULA Criador e presidente da Netflix, Reed Hastings esteve na semana passada no Rio ao lado do número 2 da plataforma, o chefe de conteúdo Ted Sarandos. Principal responsável por produções como The crown e Stranger things, Sarandos falou rapidamente com o EM. Contou que assim que resolveu levar Padilha para a Netflix teve uma ;aula; do cineasta sobre como as coisas funcionam no país.
Para Sarandos, O mecanismo deve funcionar também fora do Brasil. ;Você acha que essas coisas acontecem só com vocês? Além disso, é um ótimo thriller que trata de temas universais. Se você quer contar uma história global, fale de sua própria aldeia;, observou.
A fala de Barmack foi ao encontro da ideia de ;aldeia global; comentada por Sarandos. ;Estamos experimentando uma grande mudança no conteúdo de televisão. No passado, os EUA e a Inglaterra produziam um monte de séries distribuídas ao redor do mundo. Só que hoje a TV é totalmente global e boas histórias podem vir de qualquer lugar;, comentou.
Narcos, também de Padilha e lançada em 2015, foi um divisor de águas. ;Se alguém me dissesse, há alguns anos, que uma série estrelada e dirigida por brasileiros, gravada na Colômbia e produzida por uma empresa francesa seria um grande sucesso nos EUA, não acreditaria;, comentou Barmack.
A ;onda; Narcos fez com que outros produtos internacionais tivessem grande repercussão em outros países. ;Nos últimos tempos, vimos como La casa de papel (espanhola) repercutiu na América Latina; 3% foi grande ao redor do mundo; Dark (alemã) foi um fenômeno no Brasil, um sucesso nas redes sociais. Nenhuma dessas histórias tenta ser americana. Todas trazem características dos países onde foram produzidas. E isso é totalmente novo;, acrescentou Barmack.
Para este ano estão previstas produções indianas e coreanas. No caso do Brasil, foi anunciada para o segundo semestre a estreia de Samantha, ;comédia de humor negro;, nas palavras de Barmack, sobre uma cantora (Emanuelle Araújo) com dois filhos e casamento em frangalhos que tenta voltar às paradas de sucesso.