Fernando Jordão
postado em 27/03/2018 19:57
Salvador ; Quem já foi ao carnaval de Salvador sabe que a festa é dividida em dois circuitos. O primeiro ; Barra-Ondina ; margeia a orla, é mais novo e, atualmente, mais cheio de artistas e foliões. Já o segundo ; o do Campo Grande ; fica no centro da cidade e evoca os primeiros desfiles de trios elétricos na capital baiana. Então, nada mais apropriado do que o cantor Bell Marques, cuja trajetória se confunde com a própria história da folia soteropolitana, escolher uma construção no coração deste segundo circuito para gravar seu novo DVD, apenas com clássicos dos quase 40 anos de carreira.
O local escolhido foi a Concha Acústica do Teatro Castro Alves, espaço tombado em 2014 como patrimônio nacional e onde Bell começou, em outubro de 2016, o projeto Só as antigas, que percorreu o país e, agora, estará registrado em disco. "A Concha é um espaço cultural da nossa terra. A gente precisa prestigiar isso. A Concha merece. Como baiano, eu vinha muito pra cá. E agora poder vir cantar aqui é um espetáculo", disse o cantor ao Correio, no último domingo (25/3), minutos depois de descer do palco, após fazer um show de mais de três horas.
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Apesar de muito simbólico, o local foi mero coadjuvante. O verdadeiro protagonista do novo DVD é o repertório. Nele, Bell resgata algumas de suas canções mais antigas. Logo no começo do show, o cantor emendou uma sequência com Selva branca e Gritos de guerra. Depois, fez uma breve pausa para dedicar o trabalho à esposa, Aninha Marques, agradecer aos filhos, Rafa e Pipo Marques, e lembrar os antigos companheiros da época do Chiclete com Banana. O que veio a seguir foi um enorme desfile de hits. Quase uma centena deles. Desde os muito antigos ; como Na fissura do cheiro e Acredite se quiser ; aos pouco mais recentes ; caso de Não vou chorar e Diga que valeu. Todos acompanhados em coro por uma multidão de fãs.
Multidão, aliás, formada por gente dos mais variados cantos do país. Era fácil saber os locais de onde os fãs vinham, em razão das dezenas de faixas que eles empunhavam na esperança de terem o nome mencionado pelo ídolo. "Me impressionou a quantidade de pessoas que veio de fora. Eu pude observar, porque eu conheço muitos deles. Como as pessoas gostam desse projeto. Como elas adoram participar dessas canções, dessa história das músicas antigas. Fiquei realmente impressionado", celebrou Bell. Além das múltiplas naturalidades, o cantor também disse ter se impressionado com a diversidade de gerações presente no show. "Tinha gente com bastante idade que veio para curtir esse momento e relembrar essas canções. Toda vez que eu tocava uma música muito antiga, de 1986, por exemplo, elas ficavam muito felizes, porque participaram desse sucesso", acrescentou.
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Previsto para ser lançado em dois meses, o DVD Bell Marques - Só as antigas ; o segundo do cantor em carreira solo ; será dividido em dois discos. E não deve parar por aí. Bell ainda planeja gravar um segundo álbum do projeto, também duplo, em São Paulo. Antes disso, porém, ele deve se dedicar a divulgar o disco e a gravar um CD de músicas inéditas. "A gente quer pontuar bem forte esse ano de 2018", prometeu.
As boas notícias para os fãs são que, primeiro, a turnê Só as antigas continuará rodando o Brasil. Segundo, que assim como as canções que compõem o projeto, Bell parece ganhar mais força com o passar dos anos. Assim, no auge de seus 65 anos, ele mantém a disposição para continuar trabalhando e seguir realizando sonhos (dele e dos fãs). "Eu sou um cara que sonha todo dia. E não sonho baixo. Eu sonho alto", concluiu, aos risos.