Diversão e Arte

Em quinta edição, a Bienal do B reúne artistas de diferentes regiões

No evento eles compartilham a produção cultural, literária e poética

Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 04/04/2018 07:30

As gravuras coloridas de Rafael Braga fazem parte das exposições de artes plásticas

A diversidade artística de Brasília fica em evidência na movimentada rua em frente ao Açougue Cultural T-Bone, no fim da Asa Norte. Importante território de difusão cultural e literária na cidade, o espaço abriga a quinta edição do projeto Bienal do B ; Poesia e literatura na rua, idealizado por Luiz Amorim e Vera Holz. Mais de 30 poetas e escritores, apresentações musicais, exposição de artes plásticas, teatro de bonecos e bancas literárias se reúnem no evento de artes integradas. A edição chega em formato de sarau poético e o público fica próximo aos artistas, permitindo um contato intimista entre público e criadores. A ideia é ocupar com poesia as ruas da cidade.

Apesar de receber o nome de Bienal, o projeto acontece todos os anos. A ideia surgiu quando a II BIP ; Bienal Internacional de Poesia foi cancelada, em 2010. Os membros do Movimento Viva Arte bolaram um ;plano B; para que o evento poético não deixasse de acontecer e a nova solução logo ganhou espaço cativo no calendário cultural da cidade. Entre os convidados que assumem a trilha sonora da Bienal estão artistas como Amelinha; o cantor, músico e compositor Eduardo Dussek e o instrumentista cearense Manassés. A ideia é promover uma integração musical e poética, misturando público e artistas de diferentes expressões.

Outro ponto de destaque é a Bienalzinha, com oficinas e contação de histórias que envolvem pais e filhos. A ideia é estimular o contato literário e poético desde a infância, mostrando que versos e histórias podem ser muito prazerosos. A criação poética faz parte da tradição brasiliense e entre os poetas confirmados para o evento estão nomes como Noélia Ribeiro, Nicolas Behr, Flora Benitez, Amneres Santiago, Cristiane Sobral e Vicente Sá, o patrono dessa edição.

Noélia Ribeiro participa do encontro cultural desde a primeira edição e considera este um evento importantíssimo para a cidade. ;É uma integração muito boa entre música e poesia. Públicos diferentes se misturam e o evento conta com importantes músicos de fora, valorizando ainda mais a poesia brasiliense;, destaca a poeta.

Ela lembra que o projeto traz grande visibilidade para a criação poética da capital, reunindo 30 nomes da poesia local em três dias de evento. Além disso, a Bienal leva a poesia para as ruas, em contato direto com o povo. Noélia participa da Bienal como poeta convidada e integra também uma mesa sobre poesia brasiliense no primeiro dia de evento.

O curador poético do evento, Jorge Amâncio, conta que a escolha dos autores se deu pela diversidade de estilos, trajetórias, lutas e representatividade por meio da poesia. Diferentes gerações se encontram e Amâncio destaca que o objetivo é promover a busca pela identidade cultural da poesia brasiliense. ;O objetivo é reunir essa grande leva de poetas que a capital produz ao longo dos anos e trazer cada vez mais os autores de diferentes regiões administrativas. Queremos apresentar poetas de resistência, entender essas gerações que produzem em Brasília;, destaca o curador.

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Música e artes plásticas


Entre os representantes das artes plásticas na Bienal está o artista Rafael Braga, que vai expor algumas de suas gravuras cheias de cores e traços que lembram Brasília. O artista destaca que essa é uma ação cultural muito democrática, em que criadores de diferentes áreas podem compartilhar entre si seus processos e experiências criativas. ;Estou envaidecido de estar ao lado das grandes feras que enaltecem e trabalham com a cultura na nossa Brasília. Há muito que a capital vem produzindo safras de bons artistas plásticos, poetas, fotógrafos, músicos e sem contar as inúmeras galerias alternativas e eventos que pipocam pela cidade. É a cultura pulsando forte;, destaca.

Quem encerra a quinta edição da Bienal do B é a cantora cearense Amelinha, que traz seu ritmo para embalar a noite poética de Brasília. Para ela, é muito importante um projeto como este, que leve ao público a integração artística entre vertentes diversas. ;Estamos interligados como seres humanos e a arte também nos transforma, nos fortalece e nos conduz a um espaço de nível de reflexão, alegria, emoções e movimento constante, restaurador de esperanças e entendimento;, destaca a artista.

Para ela, a arte tem a capacidade de reunir e esclarecer sobre o presente, mostrando caminhos mais saudáveis para o futuro. ;Estou muito feliz e gratificada por participar desse projeto, dessa Bienal. E isso me traz muitas esperanças de um país mais acordado, menos Matrix. Fazemos nossa parte;. Para a apresentação, Amelinha vem acompanhada de outros dois músicos, Julio Brau e Cesar Rebeche. Quanto à união entre música e poesia, ponto forte da Bienal, a cantora destaca: ;Eu canto porque o instante existe e minha vida está completa, não sou alegre nem sou triste, sou Poeta. (Cecília Meireles);.


;Queremos trazer essa arte para mais perto do povo, mostrar essas
gerações diferentes que movimentam as diversas regiões do Distrito Federal;

Jorge Amâncio,
curador da Bienal do B ; Poesia e literatura na rua


Bienal do B ; A poesia na rua, no Açougue Cultural T-Bone

(CLN 312 Bl B lj. 27), de 4 a 6 de abril, a partir das 15h (oficinas e teatro de bonecos) e a partir das 18h (exposições, lançamentos, shows e bate-papos). A entrada é franca e a classificação indicativa é livre.

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