Nahima Maciel
postado em 12/04/2018 07:30
Foi a então primeira-dama dos Estados Unidos, Nancy Reagan, quem o chamou de ;príncipe do romance;. Com cabelos loiros muito lisos, olhos azul-piscina e um piano milimetricamente preparado para conquistar os corações das moças e senhoras com acompanhamentos de arranjos de cordas e sopros que arrancam suspiros, Richard Clayderman se tornou um fenômeno na América Latina e na Ásia. Hoje, aos 64 anos, quando ele pensa no título cunhado pela mulher de Ronald Reagan, acha um pouco datado. ;É verdade que, há 25 anos, era muito mais romântico, com arranjos, cordas e minha maneira de interpretar as melodias. Hoje é um pouco datado falar isso. Mas é verdade que é uma música muito pop, marcada pelas melodias que reinterpreto constantemente e à minha maneira;, avisa Clayderman, que faz show hoje no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Nascido Philippe Robert Louis Pag;s, formado em piano clássico pelo Conservatório de Música de Paris e filho de um pianista, ele adotou o pseudônimo no final dos anos 1970, quando sua vida deu uma virada que viria a transformá-lo numa celebridade com mais de 60 milhões de discos vendidos. Ele já havia se decidido a abandonar o piano clássico e patinava em estúdios como contratado para acompanhar outros artistas. O amigo e produtor Olivier Toussaint ofereceu a Clayderman a partitura de Ballade pour Adeline, que acabou gravada e se tornou um hit. Até hoje, o pianista toca a balada em todos os shows. ;Não me canso de interpretar porque é uma peça que tocou muitas pessoas e que o público espera nas minhas apresentações. O que faço é que, às vezes, toco com um arranjo de orquestra, às vezes somente ao piano, ou com uma seção de cordas. Tento renovar sempre;, avisa.
Para a apresentação de hoje, Clayderman promete um repertório com os standarts mais conhecidos e gravados em 82 discos lançados nas últimas três décadas. Só de música brasileira, ele gravou quatro discos. Além de tango, música cigana, hits chineses e músicas de filme. ;Os discos de música brasileira, eu fiz para me introduzir no mercado brasileiro, que é muito grande e importante. Há cerca de 20 anos, graças a esse disco, comecei a fazer shows no Brasil e agora vou tocar as peças originais, com as quais consegui conquistar o coração das pessoas;, garante.
Mais popular na América Latina que na França, celebrado na China e no Japão como o símbolo do romantismo francês, um rótulo que há séculos vende bem, Clayderman sempre privilegiou a carreira fora do país natal e, nos últimos anos, deu especial preferência à Ásia. ;Minha carreira foi muito efêmera na França, e comecei a ficar muito popular em alguns países, então fui obrigado a deixar a França um pouco de lado. Foi uma escolha e não me arrependo, porque se tivesse feito concertos apenas no meu país, eu ficaria restrito a ele, e hoje toco no mundo inteiro. E é muito bom poder viajar, sobretudo para um instrumentista;, avalia.
Richard Clayderman & Enssemble de cordas ; 40 The anniversary tour
Hoje, às 21h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. INGRESSOS:
SETOR PREMIUM ; R$ 250,00 *(meia) SETOR GOLD ; R$ 200,00 *(meia) SETOR VIP ; R$ 150,00 *(meia) SETOR VIP A ; R$ 120,00 *(meia) SETOR SUPERIOR ; R$ 100,00 *(meia) LOUNGES - R$ 2.000,00 *(meia sofá de 4 lugares com mesa de centro incluso: Acesso vip, banheiro privativo, whisky 12 anos, água de coco e água mineral
*Valores referente à meia entrada e primeiro lote sujeito a alteração sem aviso prévio.
TRÊS PERGUNTAS PARA RICHARD CLAYDERMAN
Você é formado em piano clássico, entrou para o conservatório muito jovem, aos 12 anos, e logo ganhou prêmios. Poderia ter feito uma carreira na música erudita. Por que escolheu um piano mais popular?
Comecei com estudos clássicos e, muito jovem, com 17 anos, comecei a ganhar a vida com música, tocando com orquestras, acompanhando músicos e, naturalmente, me orientei mais para a música de variedades por causa do meu trabalho. E fazer uma carreira de pianista clássico? Acho que eu não me sentia capaz desde o início, não estava no meu coração reinterpretar todos esses temas clássicos que já foram lindamente interpretados por centenas de pianistas no mundo inteiro. O que eu queria fazer era trazer algo de novo, com peças originais.
O que gosta de tocar quando estuda piano?
Trabalho cotidianamente meu piano e faço muitos exercícios porque preciso relaxar os dedos e depois trabalho todo o repertório que vou fazer no palco. Agora, por exemplo, tenho trabalhado o repertório que vou fazer para o Brasil. E depois penso no meu repertório para o Japão, tenho temas específicos para tocar lá. Confesso que fico muito concentrado no que estou fazendo e não tenho tempo suficiente para mergulhar novamente no clássico. Prefiro me concentrar no meu repertório.
Ainda há muitas músicas de amor para gravar e tocar depois de 82 discos consagrados às love songs?
Sim claro, tem muita coisa a ser gravada ainda. Eu sigo muito o que acontece, mesmo atualmente, e quando tenho um concerto sempre tento ver se posso readaptar algum dos meus temas. Há sempre belíssimas melodias a se descobrir e a se reinterpretar.