Um grupo de quatro jovens mulheres, composto por Carolina Tod, Lilian Oliveira, Nathália Ehl e Rossiane Antúnez, se reuniu e desenvolveu uma plataforma colaborativa, na qual é possível comentar sobre as letras das canções brasileiras. No site Música Machista Popular Brasileira (MMPB), as criadoras convidam o público a pensar sobre como essas composições refletem o machismo da nossa sociedade.
As quatro criaram a iniciativa logo após a polêmica com a música Surubinha de leve, de MC Diguinho, na qual a letra fazia apologia ao estupro e foi tirada do ar por vários serviços, como YouTube e Spotify. "Sempre houve uma inquietação da nossa parte de ter ideias criativas relacionadas a causas que acreditamos, especialmente o feminismo", explica uma das idealizadoras, Rossiane Antúnez.
No MMPB, não fica de fora nenhum estilo musical, do funk às marchinhas de carnaval, de Erasmo Carlos a MC Biel. Além disso, não são criticados apenas homens, mulheres também, como Claudia Leitte e Kelly Key. Segundo Rossiane, a "ideia não é fazer as pessoas boicotarem artistas. Até porque alguns dos que listamos, hoje em dia se posicionam de uma forma completamente diferente, como, por exemplo, Mano Brown. Mas sim refletirem sobre o tipo de música que consomem. Aos poucos o mundo vai evoluindo e os artistas também e se nós tivermos a capacidade de compreender o que é problemático e questionar, melhor ainda".
Desde o início as idealizadoras estavam cientes de que poderiam receber diversas críticas, porém não foi isso o que aconteceu. "Sempre soubemos que o MMPB ia incomodar muita gente. Mas a real é que a quantidade de elogios é bem maior que a de críticas. Então estamos sim muitíssimo felizes", afirma Rossiane Antúnez.
Como funciona o MMPB
O internauta clica na opção "Dá um shuffle" e pode ir navegando pelas músicas cadastradas na plataforma. Cada uma delas recebe comentários e explicações sobre o porquê de terem um caráter machista, às vezes pode ser apenas uma estrofe ou verso, mas algumas delas têm o conteúdo inteiro reprovado.
É uma plataforma colaborativa, pois as criadoras fizeram um espaço destinado a receber novas sugestões. Para isso, deve-se enviar um e-mail destinado ao endereço denuncia@mmpb.com.br.
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Com a mesma pegada, existe a página do Facebook Arrumando Letras. Este projeto, criado por Camila Queiroz questiona as composições brasileiras. Nas publicações, ela mostra qual a parte contém conteúdo machista e mostra uma sugestão de uma possível mudança. Também são exaltadas boas canções de artistas.
O site Rotten Apples classifica filmes e séries em duas categorias: Fresh Apples (maçã fresca) ou Rotten Apples (maçã podre). A avaliação acontece se há alguém na produção que tiver sido acusado de abuso sexual. Na própria plataforma, os criadores afirmam que não têm o objetivo de condenar essas produções, mas, sim, conscientizar sobre esse tipo de prática disseminado no meio.
*Estagiária sob supervisão de Vinicius Nader