Diversão e Arte

Dona Ivone Lara morre em hospital no Rio de Janeiro, aos 97 anos

O corpo da Grande Dama do Samba será velado hoje na quadra da escola de samba Império Serrano

postado em 17/04/2018 06:19
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Após quadro de insuficiência cardiorrespiratória, a cantora Dona Ivone Lara morreu na noite dessa segunda-feira (16/4), no Rio de Janeiro. A artista estava internada desde sexta-feira (13/4), data em que completou 97 anos, no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, na Zona Sul da cidade.

O corpo da cantora, conhecida como a Grande Dama do Samba ou Rainha do Samba, será velado nesta terça-feira (17/4) na quadra da escola de samba Império Serrano.

O estado de saúde de Dona Ivone Lara já era considerado bastante grave e ela precisou receber doações de sangue, segundo o site G1, pois estava apresentando um quadro de anemia. A cantora lutava contra uma infecção renal, com complicações causadas pela idade. Ela já havia sido internada na mesma unidade de saúde em agosto do ano passado.

O filho, Alfredo Lara da Costa, destacou a mulher forte e guerreira que ela foi, sempre pensando em música. "Vai deixar muita saudade, mas sinto muito orgulho do legado que ela deixa", disse.
Apesar da idade avançada, Dona Ivone, venerada por sambistas de diferentes gerações e chamada de "Rainha do samba" e "Primeira-dama do samba", fez shows há até pouco tempo atrás. Em 2016, celebrou os 95 anos numa apresentação que contou com outros artistas e seu neto André Lara, uma companhia constante. Em 2010, fora homenageada pelo Prêmio da Música Brasileira.

Dona Ivone se deslocava de cadeira de rodas e era amparada por familiares. Em suas aparições públicas, estava sempre sorridente e alinhada. Onde chegava era ovacionada.

Legado para o samba

Yvonne Lara da Costa nasceu em 13 de abril de 1921na Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. A Rainha do Samba é autora de sucessos como Sonho Meu, feita em parceria com Décio Carvalho. O disco Sambão 70 foi o primeiro gravado por ela, em 1970, quando ela tinha 49 anos. Depois deste vieram outros 18 álbuns de sucesso.

Gravada por Beth Carvalho, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paula Toller, Paulinho da Viola, Mariene de Castro, Roberta Sá e Marisa Monte, Ivone sabia como curar a dor de amor, algo que muito provavelmente tem a ver com outra de suas especialidades: a enfermagem. A sambista também teve trabalhos como atriz, fazendo filmes, e foi a Tia Nastácia em especiais do programa Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Dona Ivone Lara percorreu com seu samba por países na África, Europa na América Latina. Em 2012 foi homenageada pela escola de samba Império Serrano. O tema "Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba" contou a história de sucesso da compositora. Em 2015, entrou para a lista 10 Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio.
O maior parceiro foi Délcio Carvalho, com quem criou, entre muitos sambas, "Sonho meu", "Acreditar", "Minha verdade" e "Em cada canto uma esperança". Ele era 18 anos mais jovem e morreu em 2013. Em rodas de samba cariocas, composições como "Tiê" e "Mas quem disse que eu te esqueço", esta com Hermínio Bello de Carvalho, sempre são lembradas.

Primeira mulher a ganhar uma disputa de samba-enredo numa escola de samba no Rio, em 1965 - "Os cinco bailes da história do Rio" (com Silas de Oliveira e Bacalhau) -, ela era filha de músicos e ligados ao carnaval. Era prima de Mestre Fuleiro, um dos fundadores do Império Serrano, sua escola.

Ivone, formada enfermeira e auxiliar da pioneira psiquiatra Nise da Silveira, nasceu bem antes da agremiação - era de 1921; o Império, de 1947. Ela compôs sambas ainda para o Prazer de Serrinha, escola do qual o Império viria a ser uma dissidência. A Verde-e-branco do bairro de Madureira, na zona norte do Rio, lhe fez um desfile-tributo em 2012.
Dona Ivone deixa um monumento erguido como criadora samba após samba, cantados todos os dias em alguma roda do Rio de Janeiro, por algum garoto em Salvador, em algum canto de São Paulo. Sua música se universalizou com rapidez, mas seu formato jamais foi o lugar comum.

Seu samba tinha uma assinatura. A lista, enorme, tem como destaques "Alguém me avisou", "Acreditar", "Tendência", "Mas quem disse que eu te esqueço", "Samba, minha raiz", "Sorriso de criança", "sorriso negro", "sonho meu" e "minha verdade".

Em qualquer uma dessas canções, fica evidente o faro de Dona Ivone Lara pela frase que será entoada para sempre, pelo refrão que o sambista e o folião levariam para casa mesmo depois que a festa acabasse.

Homenagens nas redes sociais

Artistas deixaram mensagens nas redes sociais em homenagem a Dona Ivone Lara. Veja algumas:

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Com informações da Agência Estado

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