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Atriz sul-coreana que foi sequestrada pelo Norte morre aos 91 anos

Choi Eun-hee foi a grande estrela do cinema sul-coreana durante décadas, antes de ser sequestrada por espiões norte-coreanos em Hong Kong em 1978, por ordem de Kim Jong Il

Agência France-Presse
postado em 17/04/2018 09:37
Choi foi premiada como melhor atriz no Festival Internacional de Cinema de Moscou em 1985
Seul, Coreia do Sul - Uma atriz sul-coreana que foi sequestrada por agentes norte-coreanas, por ordem do falecido pai do atual dirigente Kim Jong Un, e obrigada a participar de filmes para o regime faleceu aos 91 anos.

Choi Eun-hee foi a grande estrela do cinema sul-coreana durante décadas, antes de ser sequestrada por espiões norte-coreanos em Hong Kong em 1978, por ordem de Kim Jong Il.

De acordo com a imprensa, a atriz viajou para a ex-colônia britânica - devolvida em 1997 para a China - para uma reunião com um possível investidor para sua Escola de Arte. Mas seu guia a levou até um barco, do qual ela foi transferida para um cargueiro com destino a Coreia do Norte.

Pouco depois, seu marido, o famoso diretor de cinema Shin Sang-ok, também foi levado para a Coreia do Norte em circunstâncias ainda misteriosas.

O casal permaneceu sequestrado no Norte por oito anos. Eles rodaram vários filmes por ordem de Kim Jong Il. Apesar da situação, viajavam ao exterior para filmagens e festivais de cinema, sempre sob a rígida vigilância de agentes norte-coreanos.

Choi foi premiada como melhor atriz no Festival Internacional de Cinema de Moscou em 1985 por seu papel em "Salt", um filme sobre os coreanos que lutaram contra os colonizadores japoneses entre 1910 e 1945.

Choi e Shin, que se divorciaram em 1976, voltaram a casar durante uma viagem a Hungria a pedido de Kim.

Pouco depois de uma participação no Festival de Berlim em 1986, os dois protagonizaram uma fuga espetacular com a ajuda da embaixada dos Estados Unidos em Viena. Os dois permaneceram nos Estados Unidos durante mais de uma década e retornaram a Coreia do Sul em 1999.

Shin faleceu em 2006. A história do casal inspirou livros e filmes. Em 2011, Choi explicou em uma entrevista que Kim Jong Il os "respeitava como artistas", mas que nunca poderia perdoar o "sequestro escandaloso".

Ela estreou no cinema em 1942 e se tornou uma estrela pouco depois da Guerra da Coreia (1950-53), que determinou a divisão da península. Entre as décadas de 1950 e 1970, participou de mais de 100 filmes, vários deles dirigidos por Shin.

O funeral está programado para quinta-feira em Seul. A Coreia do Norte sequestrou centenas de sul-coreanos nas décadas posteriores à Guerra da Coreia.

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