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Academia Sueca cogita não dar Prêmio Nobel de Literatura em 2018

O presidente da Fundação Nobel, Carl-Henrik Heldin, disse isso à emissora de televisão pública SVT - e não seria a primeira vez que um Nobel não é concedido

Agência France-Presse
postado em 27/04/2018 10:05

Kazuo Ishiguro foi o vencedor do Nobel de Literatura de 2017, anunciado pouco antes do escândalo ser revelado

A Academia Sueca pode não conceder o Nobel de Literatura neste ano devido ao escândalo de vazamentos e supostos abusos sexuais que criou uma crise na instituição com a saída de cinco membros, confirmou o presidente da Fundação Nobel, Carl-Henrik Heldin, à emissora de televisão pública SVT.

Várias pessoas do Comitê do Nobel de Literatura e a Academia Sueca consideram que o prêmio não deveria ser concedido neste ano e que isso serviria para recuperar a confiança e reparar as feridas, informou a emissora pública SR, que citou fontes não identificadas da instituição.

Deste modo, seriam outorgados dois prêmios de Literatura em 2019, um correspondente ao ano anterior, segundo uma ideia apoiada por Peter Englund, um dos membros que deixou a academia.

"Estamos em meio a uma discussão, não vou dizer nada, mas daqui a pouco se esclarecerá o que acontece com esse ponto [a escolha do ganhador deste ano]", declarou à emissora o secretário da Academia Sueca, Anders Olsson.

Já um dos membros da academia, Per W;stberg, disse à SVT que antes de duas semanas não se poderá dar uma resposta definitiva sobre o assunto.

Por outro lado, o diretor da instituição, G;ran Malmqvist, desmentiu o site do jornal "Dagens Nyheter" que o prêmio não será concedido, embora tenha admitido que houve uma proposta, mas a deu por descartada e considerou que seria "horrível" se acontecesse.

No entanto, a decisão sobre o prêmio deverá ser tomada por todos os membros da academia, na qual o cargo principal é desempenhado pelo secretário permanente.

O Nobel de Literatura já deixou de ser concedido em várias ocasiões, da mesma forma que os outros, durante as guerras mundiais do século passado, mas nunca por outros motivos.

O escândalo explodiu em novembro, quando Dagens Nyheter publicou a denúncia anônima de 18 mulheres por abusos e humilhações sexuais contra o dramaturgo Jean-Claude Arnault, muito vinculado à Academia através do seu clube literário e marido de uma de seus membros, Katarina Frostenson.

A Academia cortou relações com Arnault e determinou uma auditoria sobre suas relações com a instituição, mas desacordos internos nas medidas a tomar provocaram renúncias, acusações e demissões, entre outros, da secretária permanente, Sara Danius, e de Frostenson.

A Academia Sueca decidiu na quinta-feira passada publicá-la e entregá-la às autoridades, além de anunciar reformas.

O relatório descarta que Arnault tenha influenciado em decisões sobre prêmios e ajudas, embora o apoio econômico recebido descumpra as regras de imparcialidade por sua esposa ser coproprietária da sociedade que controla o clube; e confirma que a confidencialidade sobre o ganhador do Nobel foi violada em várias ocasiões.

Entre as mudanças no funcionamento da instituição está a reforma dos estatutos proposta pelo rei Carlos XVI Gustavo, protetor da academia, para permitir a renúncia real dos seus membros, por desejo próprio ou após dois anos sem participar ativamente, e a possibilidade de que sejam substituídos.

As renúncias são simbólicas e só se traduzem em não participar de votações e atividades, já que a filiação à instituição é vitalícia e só se elegem novos membros quando morre algum deles.

As últimas saídas deixaram a academia com apenas 11 dos 18 assentos ocupados, um a menos que os necessários para escolher novos membros e tomar decisões, como as relativas ao Nobel.

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