Diversão e Arte

Eventos debatem a importância da cultura negra na sociedade brasileira

Com a proximidade do 13 de Maio, grupos de cultura negra discutem o real significado da abolição

Isabella de Andrade - Especial para o Correio, Rebeca Borges*
postado em 12/05/2018 07:30
Grupo Grito de Liberdade se une ao circo teatro Artetude para levar capoeira e cultura negra para as escolas
O dia 13 de maio, data da abolição da escravidão no Brasil, é utilizado por grande parte do movimento negro para chamar a atenção para o fato de que a abolição foi mera formalidade. Na prática, ela não teria garantido ao povo negro possibilidades reais de se inserir na sociedade. Projetos como os do grupo Grito de Liberdade, liderado pelo mestre de capoeira Cobra, aproveitam o mês para reforçar as atividades e expandir a criação, a diversidade e a influência da cultura negra na identidade do país.

Com o espetáculo Quilombo da liberdade- Raízes, o grupo circulou por diferentes escolas do Distrito Federal e do país, em estados como Bahia e Rio Grande do Norte. O projeto criado pelo Mestre Cobra se juntou ao grupo de circo e teatro Artetude para enriquecer ainda mais as apresentações. A montagem leva aos estudantes aspectos da história da África, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
[SAIBAMAIS]

;A ideia é fortalecer nossa cultura, relembrar os heróis e mostrar nossa riqueza cultural para que as pessoas aprendam a tratar com respeito a diversidade. Damos destaque para a capoeira, que agrega pessoas sem distinção de cor, raça, sexo. Ela existe para incluir;, afirma o artista. Desde 1980, na Candangolândia, o grupo do Mestre Cobra trabalha a capoeira perpetuando a história das culturas de matriz africana.

Afoxés e resistência

Celebrar ancestralidade nos espaços públicos e embalar o ritmo dos dias com músicas e danças tradicionais é um dos objetivos do afoxé, atividade ligada ao candomblé. Amanhã, o grupo brasiliense Afoxé Ogum Pá convida toda a comunidade de Brasília para assistir aos participantes do projeto dançarem e cantarem por resistência, na Feira da Torre de TV, das 16h às 18h.

;O afoxé é o candomblé na rua;, explica Dora Barreto, diretora do Ogum Pá. O grupo faz parte da casa brasiliense de candomblé Il; As; T;Ojú Labá. Dora conta: ;Fazemos ensaios abertos uma vez ao mês. Coincidentemente, essa edição caiu no dia da ;falsa abolição;. A abolição da escravatura não aconteceu;, afirma Dora. Ela explica que o evento será uma oportunidade para lutar pelos direitos da população negra.

Mesmo após 130 anos da assinatura da Lei Áurea, que oficializou o fim da escravidão no Brasil, a comunidade afrodescendente encara o racismo e suas consequências como uma característica do cotidiano. ;A gente continua sendo discriminado, recebendo os piores salários e negligenciados politicamente. Só queremos respeito;, completa Dora.

O protesto do grupo Ogum Pá será animado: o evento conta com um corpo de dança, com cinco bailarinos, além de uma ala de percussão e de canto. ;São danças afro, fundamentadas dentro de manifestações dos orixás. Além disso, uma parte das canções apresentadas são composições próprias do nosso afoxé, que falam sobre força e heranças ancestrais;, explica Dora.

*Estagiária sob supervisão de Vinicius Nader



Feijoada NZambi
Sábado (12/5), das 10h às 19h, no Café Varandão (206 Norte, Bl. B). Feijoada, roda de capoeira, poesia e samba de roda, com Falcão de Banda. Entrada franca (R$ 20 o prato de feijoada; R$ 10 para crianças até 10 anos).


Afoxé Ogum Pá
Domingo (13/5), às 16h, na Feira da Torre (Eixo Monumental). Performances de danças e músicas afro. Entrada franca. Classificação indicativa livre.


Sarau Poemação no N;Zinga
Quinta-feira (17/5), às 18h30, no Afro N;zinga Cabelo & Arte (Conjunto Nacional; 3322-3982). Apresentação de poesia, música, artes plásticas e cênicas. Entrada franca. Classificação indicativa livre.


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