Irlam Rocha Lima
postado em 21/05/2018 07:32
Jacob Pick Bittencourt, o Jacob do Bandolim, integra, ao lado de Joaquim Antônio Calado, Ernesto Nazareth e Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, o seleto grupo de compositores e instrumentistas que escreveram algumas das mais importantes páginas da antologia do choro. Consequentemente, são responsáveis diretos pela definição desse gênero como matriz da música popular brasileira.
Neste ano comemora-se o centenário de Jacob do Bandolim, que deixou substancioso legado, registrado numa extensa discografia de aproximadamente 100 títulos, entre 78 rotações, LPs e CDs ; estes lançados depois de sua morte em 13 de agosto de 1969, no Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e iniciou a carreira, ainda na adolescência.
[SAIBAMAIS]
Os 100 anos desse mestre da MPB têm sido celebrados de diversas formas. A de maior abrangência tem como protagonista Hamilton de Holanda, bandolinista brasiliense, radicado desde o início da década passada no Rio, considerado, atualmente, o nome mais representativo da música instrumental brasileira.
Hamilton sempre teve Jacob como mestre e idealizava prestar-lhe um tributo, em função da data. Isso veio a se concretizar, quando, em dezembro último, após receber proposta da Deckdisc para fazer um box com quatro discos, nos quais interpretasse parte do legado deixado pelo cultuado bandolinista. Homenagens semelhantes ele já havia prestado a Pixinguinha, Chico Buarque e Milton Nascimento.
Recentemente, foi lançado o primeiro da série, sob o título Jacob 10ZZ, disponível nas plataformas digitais, que ganhou edição especial em vinil.O nome do álbum faz referência ao bandolim de 10 cordas de Hamilton e ao parentesco entre o choro e o jazz. Na gravação, ele teve a companhia do contrabaixista gaúcho Guto Virti e do percussionista carioca Thiago da Serrinha, com quem forma o Hamilton de Holanda Trio.
;No Jacob10ZZ, que produzi com Marcos Portinari, fiz o registro de 10 composições de Jacob, entre elas os clássicos Alvorada, Assanhado e Remelexo. Há, também, Bole bole, Nostalgia, Pérolas e Forró de gala, cujo título foi dado pela mãe de Paulinho da Viola, numa roda de choro na casa do Jacob, onde estava com o marido César Faria, violonista do regional Época de Ouro;, conta o bandolinista, autor também dos arranjos ; atento às partituras originais.
;Complementei o repertório com Naquela mesa, feita por Sérgio Bitencourt, após a morte do pai. A canção lenta e cheia de sentimento ganhou uma versão inspirada no Jazz Manouche de Django Reinhardt. Serenata em Jacarepaguá, é de minha autoria, compus como agradecimento ao mestre, por tudo de belo que ele nos deixou;.
Antes mesmo e lançar o Jacob10ZZ, o bandolinista já havia gravado o Jacob Baby, CD voltado para o público infantil. ;Esse disco eu gravei com um bandolim que pertenceu ao Jacob. O instrumento, que me foi presenteado, pertencia ao instituto com o nome dele, cuja parte do acervo está sob a guarda da Casa do Choro. Toquei com paleta leve e num andamento mais lento, usando o bandolim também como cavaquinho, fazendo a melodia de contraponto, para criar a sensação de uma caixinha de música;, explica. Segundo Hamilton, os outros dois CDs já estão praticamente finalizados. Eles vão se juntar ao Jacob Baby na caixa.
Em frequente atividade, o bandolinista tem atendido a convites para apresentações pelo país. Em julho, volta ao Festival de Montreux, na Suiça, Ao lado de João Bosco vai fazer o show Eu vou pro samba, já visto em Brasília, no Teatro da Caixa. ;Em 8 de agosto participo da oitava edição do Brasil Summerfest, em Nova York. Lá, no Central Park, vou dividir o palco com Roberta Sá, Xênia França e o BaianaSystem;, anuncia.
Jacob10ZZ
LP de Hamilton de Holanda, com 12 faixas. Lançamento da Deckdisc. Preço sugerido
R$ 89,90. Disponível também nas plataformas digitais.