Pioneira do rapper candango e voz feminina ativa no rap nacional, Vera Verônika apresenta hoje uma sessão gratuita para o lançamento do DVD Vera Verônika 25 anos, em que comemora a trajetória profissional. Cheia de atitude, ela, que além de rapper, é pedagoga, empreendedora e consultora dos direitos humanos, celebra uma vida na música e no ativismo social.
O DVD tem patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e traz 14 faixas e 11 clipes com a participação de mais de 200 artistas que marcaram momentos importantes na trajetória da rapper, incluindo Ellen Oléria, Nelson Triunfo, RAPadura Xique-Chico e o grupo de dança Omo Ayô. O trabalho foi gravado, ano passado, na Funarte, e propõe toda uma imersão na cultura e religiosidade negra, que passa pelo rap, dança, ode aos orixás e um pouco da cultura circense. Além do lançamento em sessão no Cine Cultura Liberty Mall, a rapper também divulgou o trabalho em todas as unidades de internação do DF.
Ativismo
Com iniciativas focadas em abrir espaço para a periferia e dar voz às mulheres, Vera Verônika se orgulha de um trabalho de anos para empoderar mulheres negras como ela, que vêm da periferia e que precisam de visibilidade. ;A grande maioria das pessoas que trabalharam nesse projeto foram mulheres. Mais de 80% da equipe técnica foram mulheres. Então, é muito importante, para mim, ter esse reconhecimento do trabalho feminino;, argumenta Vera.
A rapper sempre deu voz a um inconfundível grito por igualdade. Entre os obstáculos por que passou, não acredita que o rap ; ritmo conhecido pela maioria de homens em seu circuito ;, tenha lhe dado as maiores dificuldades. ;O rap é uma música de libertação. Penso que a cultura como um todo sempre foi muito aberta para a mulher, e Brasília é muito receptiva a isso. Infelizmente, as dificuldades que encontrei na minha carreira vêm de uma estruturação da sociedade;, explica a rapper.
Vera classifica todos os anos no rap como uma resistência. De voz feminina principiante nos anos 1990 no rap do DF, a cantora e compositora lutou para alcançar os tantos anos no meio artístico. ;Infelizmente, nós, mulheres, principalmente negras da periferia, ainda somos muito subjugadas pela sociedade. Muitas outras mulheres do rap que conheci deixaram a carreira devido ao pouco apoio. Seguir em frente após 25 anos é um símbolo de resistência;, diz Vera.
Mantenedora de um abrigo infantil em Valparaíso (GO), a rapper também sempre foi muito sensível às questões sociais e traz nos trabalhos a inclusão como marca dessa preocupação. ;Desde o início, o rap dá voz a outras parcelas da sociedade, então, meu objetivo com essa acessibilidade é dar informações para quem não recebe esse tipo de atenção;, afirma. Com isso, o novo DVD da artista tem legendas para facilitar o entendimento a mulheres e homens surdos. ;É assim que conseguimos fazer a revolução por meio da palavra;, conclui a cantora.
Serviço
Lançamento do DVD Vera Veronika 25 anos
Cine Cultura Liberty Mall (SCN Q. 2 Bl. D)
Terça-feira (22), às 20h. Entrada franca. Classificação indicativa livre.
* Estagiária sob supervisão de Igor Silveira