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Conheça a história de Ricardo Retz, colecionador de música no DF

Colecionador de relíquias Ricardo Retz tem acervo rico sobre a história musical do DF e do Brasil

Raphaela Torres*
postado em 03/06/2018 06:45
Ricardo Retz coleciona artefatos da música há mais de 30 anos. Acervo tem discos, toca-fitas e vitrolas
Ricardo Retz é um roqueiro fanático por colecionar coisas. Já aos 5 anos colecionava de tudo, desde carrinhos e figurinhas até calendários de bolso. Foi durante o show das eliminatórias do festival Rock Brasília explode Brasil, em 1985, que ele comprou o primeiro disco.

Porém, só foi a partir dos anos 2000 que resolveu entrar de cabeça no projeto de colecionar tudo o que diz respeito a música. Trabalhador de uma empresa de coleta de lixo à época, Retz percebeu que muitas relíquias musicais eram jogadas fora e decidiu por conta própria sair pelas ruas do Guará I com um carrinho de supermercado para recolher equipamentos, discos e relíquias da música. ;Eu encontrava muita coisa boa no lixo. Daí um dia eu vi um catador de rua com um carrinho de supermercado e tive a ideia de passar de casa em casa com um carrinho daqueles para pegar discos e fitas cassetes que as pessoas não queriam mais. No primeiro dia, fiz isso, o carrinho voltou cheio;, comenta Retz.

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Hoje, com o material recolhido em 33 anos de busca, Retz tem vitrolas, compactos, gramofones, discos, fitas cassetes e VHS e um museu não só com relíquias do rock, mas com trilha sonora de novelas, música clássica, samba, música internacional e vários outros estilos musicais. ;Para mim, tudo o que encontro é uma raridade. Quando me chamam e pedem para comprar tal coisa, dependendo do que é, eu não quero vender, porque é toda uma história que vem por trás daquilo;, relata Retz.

Ele também é um defensor das antiguidades. Mesmo que existam sites como o YouTube e diversos aplicativos de música, Ricardo continua a ouvir música em vitrolas ou toca-fitas e defende o uso desses aparelhos. ;O vintage está fazendo com que as coisas antigas voltem. O som é melhor;, afirma ele.

Visita ilustre

A coleção de Ricardo já fez tanto sucesso que até o cantor Ed Motta foi visitar o colecionador em 2002. ;Na época ele comprou alguns discos comigo. Ele é gente boa, foi muito legal;, diz Ricardo, com orgulho.

Para ele, tudo relacionado à música deve ser levado em conta. Desde reportagens a setlists de shows, Ricardo coleciona tudo o que for possível. ;Na época, às vezes, eu subia ao palco para pegar as listas de músicas da banda ou pedia para alguém da limpeza me entregar;, diz ele, com graça.

Ricardo também é um defensor do rock feito em Brasília e abriu, na Casa da Cultura do Guará, a exposição Temos nosso próprio tempo. A mostra tem mais de 10 mil objetos, entre LPs, fitas cassetes e DVDs relacionados ao rock de Brasília desde os anos 1970.

Entre as peças raras do acervo tem discos do festival Rock Brasília, das bandas brasilienses Little Quail e Mel da Terra e os primeiros discos da Cássia Eller e da Legião Urbana. ;Como bom legionário, esse disco da Legião é o que mais gosto. É aquele tipo de disco que você escuta tanto que a agulha da vitrola pede arrego;, brinca Ricardo.

Com apoio do FAC, o evento ainda vai promover em 9 de junho uma série de shows com as bandas Raro Kerer, Felipe K, C.cio, Alinea 11, Helen Dieb, Dog Savana, Macarius Fusion e Kalibre.

* Estagiária sob supervisão de Vinicius Nader

Exposição Temos nosso próprio tempo

Até 14 de junho, na Casa da Cultura (QE 23, AE do Cave, Guará II). Entrada franca. Classificação indicativa livre.

Série de shows - Exposição Temos nosso próprio tempo
Casa da Cultura (QE 23, AE do Cave, Guará II). Sábado (9/6), a partir das 15h. Entrada franca. Não recomendado para menores de 12 anos.

Dois lados

A relação de de Ricardo Retz com a música é um paradoxo. Aficionado pelo assunto desde menino, ele viveu os dois extremos dessa paixão. De um lado, ela o inspirou, de outro, foi responsável por uma de suas maiores perdas, a da mobilidade. Em uma noite de quarta-feira, há 9 anos, ele se envolveu em uma briga de bar por querer ouvir música sozinho em uma jukebox e levou quatro tiros. Ricardo ficou paraplégico. Apesar disso, continuou e a música que antes ele buscava com um carrinho de supermercado pelas ruas do Guará, agora vai até ele por meio de doações.

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