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Repórter do 'Mais você', Nádia Bochi revela ser lésbica e relembra assédio

'Quando isso acontece com uma mulher lésbica, a violência é muito cruel, porque além do ato ser machista, é homofóbico', escreveu a jornalista

Estado de Minas
postado em 07/06/2018 11:52
'Quando isso acontece com uma mulher lésbica, a violência é muito cruel, porque além do ato ser machista, é homofóbico', escreveu a jornalista

A mudança de postura dos jornalistas da TV Globo, que alguns anos para cá se tornaram cada vez mais abertos ao público, tem refletido diretamente na maneira como eles lidam com determinados assuntos, tais como a orientação sexual. Dessa vez, mais uma repórter da emissora resolveu ;sair do armário; e revelar que é lésbica. Nádia Bochi, que trabalha no Mais você, falou sobre o assunto em uma carta aberta publicada em seu blog.

;;Me reconheci lésbica numa época em que ser homossexual não tinha nenhum glamour;;, revelou. ;;Não existia beijo gay nas novelas, pelo contrário, as lésbicas explodiam junto com os prédios. Aliás, até no cinema era difícil encontrar algum tipo de casal que me representasse. Tive que inventar o imaginário que não existia fora da ficção, bem lá na realidade crua onde a palavra homossexualidade ainda era nome de doença, segundo a Organização Mundial de Saúde. Parece distante, mas isso tudo foi ontem, nos anos 1990. Década em que comecei a trabalhar como jornalista em um dos canais de TV a cabo mais importantes do mundo (a HBO) e tive o a oportunidade de descobrir que era possível ser gay e viver fora do armário;;, escreveu.

No texto, Nádia ainda frisa a situação violenta em que a comunidade LGBTIQ%2b vive no Brasil e afirmou que sempre se relacionou bem com sua orientação. ;;Sou consciente da sorte de ter descoberto, com 19 anos, que era possível viver a minha sexualidade sem medo e tenho feito isso até hoje em todas as minhas relações afetivas. Levo essa coragem para todos os lugares, porque felizmente aprendi cedo que é possível ser livre;;.

A repórter aproveitou a oportunidade para falar sobre alguns casos de assédio pelos quais passou. ;;Algumas vezes tive que colocar a prova minhas convicções. Enfrentei situações de assédio, como a maioria das brasileiras. E, acreditem, quando isso acontece com uma mulher lésbica, a violência é muito cruel, porque além do ator ser machista, também é homofóbico. Lembro da vez triste em que fui assediada por um chefe que insistia em, além de me beijar, questionar minha escolha de amar mulheres. Não permiti que o beijo acontecesse. Principalmente, não deixei que aquele ato de violência colocasse em dúvida quem eu era. E mais uma vez, sei e reafirmo que tive muita sorte;;, contou.

A profissional ainda garantiu que o relacionamento com sua namorada é bem tranquilo. ;;Andamos de mãos dadas nas ruas. E uma das descobertas mais felizes que tive é que muitas pessoas simplesmente não se importam com isso. Sinto um prazer sem igual quando alguém para a gente no meio de um abraço para pedir uma foto e ainda pede desculpas por interromper com tanto carinho uma demonstração de amor;;.

Nádia Bochi integra a equipe do Mais você desde 2007.

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