Diversão e Arte

Curador do prêmio Jabuti é acusado de homofóbico depois de declaração

Luiz Armando Bagolin ofendeu o autor Roger Mello e seu marido, Volnei Canônica

Nahima Maciel
postado em 15/06/2018 15:13

Roger Mello defendeu a importância da ilustração no livro infantil
As mudanças no Prêmio Jabuti que acabaram por juntar as categorias livro Infantil e Juvenil e por incluir Ilustração em uma categoria técnica ao lado de Projeto gráfico, Capa e Impressão provocaram reações de crítica entre os autores e ilustradores. Uma declaração do curador do prêmio, Luiz Armando Bagolin, no Facebook, piorou a situação.

Autor de uma coluna sobre livros infantis na Publishnews, Volnei Canônica criticou as mudanças em dois textos publicados esta semana. Em um deles, citou, inclusive, o Livro dos mortos, um papiro egípcio datado de mais de 3 mil anos e inteiramente ilustrado. Bagolin respondeu à crítica com um comentário no Facebook no qual discorda de que os papiro egípcio seja ilustrado e acusa Canônica de oportunista. ;Com todo respeito a suas opiniões, meu caro, o livro dos mortos não é um livro ilustrado, o conceito é anacrônico e demonstra como alguém que se promove como especialista surfa ao sabor das próprias opiniões, e principalmente faz a defesa indefectível de seu amor, Roger Melo. Afinal, hoje é dias dos namorados. Bjs a vcs!”, escreveu o curador do Jabuti.

Em resposta, Roger Mello, autor e ilustrador de 17 livros infantis e ganhador de cinco prêmios, entre eles o próprio Jabuti e o Hans Christian Andersen, o mais importante da literatura infantojuvenil, Roger Mello respondeu que há ilustrações fantásticas no Livro dos mortos e que podia emprestá-lo ao curador, caso quisesse. Agradeceu, ainda, a manifestação de Bagolin e os votos: ;E sim, Volnei e eu somos casados e ficamos muito felizes com seus votos!”. O post do curador provocou reações na rede e ele acabou acusado de homofobia e de uma total incompreensão no que diz respeito à literatura infantojuvenil.

Este ano, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) reformulou o regulamento do prêmio e houve redução de categorias, além do agrupamento de 18 delas em eixos consagrados a Livros, Literatura, Ensaios e Inovação.

Em texto publicado no Facebook nesta sexta (15/06), Roger Mello defendeu a ilustração como uma linguagem e criticou sua inclusão em uma categoria técnica. ;As ilustrações não são coisa nova, dedicada exclusivamente a crianças, e não, a quantidade de palavras ou de ilustrações não significa faixa etária, não repitamos isso, isso não é verdade. A ilustração é tão antiga quanto o livro mais antigo. E tem função narrativa plena, de outra ordem que a escrita, mas plena, específica, complexa, insubstituível;, escreveu o autor.

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