Diversão e Arte

Denise Stutz apresenta hoje, às 19h, 3 solos em 1 tempo

A entrada é franca e a apresentação acontece no Centro de dança do DF

Nahima Maciel
postado em 16/06/2018 07:30
A entrada é franca e a apresentação acontece no Centro de dança do DF

Há praticamente quatro décadas de uma história pessoal contida na coreografia 3 solos em 1 tempo, que Denise Stutz apresenta hoje, às 19h, no Centro de Dança do Distrito Federal. Aos 60 anos, ela carrega uma experiência que perpassa as cenas mais importantes da dança contemporânea brasileira e passa pelo teatro e pela televisão. ;O espetáculo abre um espaço para se pensar a história da dança;, avisa a coreógrafa. ;Na realidade, esse trabalho é como uma memória, a minha memória, que fica inscrita no meu corpo.;

Denise transitou por vários estilos da dança. Passou pelo clássico, pelo moderno e pelo contemporâneo. Nos anos 1970, dançava em uma companhia moderna de Belo Horizonte quando se juntou com outros sete amigos para dar início a um novo projeto. Entre eles, estavam os irmãos Pederneiras. Na época, com idades em torno dos 20 anos, eles criaram o Grupo Corpo, que viria a se tornar uma das maiores referências de dança contemporânea brasileira. Denise ficou pouco mais de 10 anos na companhia e, em 1986, mudou-se para o Rio de Janeiro.

Durante uma aula de balé, conheceu a coreógrafa Lia Rodrigues e acabou por integrar a companhia que leva o nome de artista. Em 2000, Denise decidiu dar voos solos e passou a trabalhar com o coreógrafo alemão Thomas Lehmen. Também fez incursões no teatro e produziu três coreografias entre 2000 e 2007. O resultado é o que se vê em 3 solos em 1 tempo, uma trilogia formada por De cor, Absolutamente só e Estudo para impressões e dançada ao som de Claire de Lune, de Claude Debussy.

Na verdade, Denise nem tinha pensado nos trabalhos como uma trilogia. Foi um amigo que notou como as coreografias continham expressões da trajetória da artista. ;O Corpo e a Lia Rodrigues têm uma diferença de linguagem e de pensamento. Os discursos cênicos são diferentes;, explica. ;São diferentes, mas carrego no meu corpo tanto um quanto o outro.;

A passagem pelo teatro fez com que incorporasse também a narrativa. ;Os solos vêm muito do meu passado, mas em um momento comecei a ter muita relação com a palavra como dispositivo cênico, a usar a palavra como movimento mesmo;, avisa. Os trabalhos com alguns diretores de teatro ; incluindo Adriano Guimarães, de Brasília ; influenciaram muito a coreógrafa e ajudaram a abrir portas.

Como preparadora de elenco, ela trabalhou com o diretor Luiz Fernando Guimarães em Hoje é dia de Maria, Capitu e Velho Chico. Em 2017, participou do Palco Giratório e viajou por várias capitais brasileiras e, este ano, estreia em A mentira, texto de Nelson Rodrigues dirigido por Inês Viana. É uma maneira de viver exclusivamente de dança. ;O que está acontecendo com a dança hoje é o que está acontecendo com o Brasil;, diz, ao refletir sobre o fim de diversas companhias em todo o país. ;É retrato do país. Todo mundo sempre trabalhou com precariedade, mas hoje é o dobro de precariedade. É um desmanche mesmo o que está havendo;, lamenta.



3 solos em 1 tempo
Coreografia: Denise Stutz. Hoje, às 19h, no Centro de Dança DF. Entrada franca.

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