Lígia Vieira*
postado em 19/06/2018 07:33
Não é só a Seleção Brasileira que está na Rússia. O rock de Brasília também marca presença. A banda de hardcore punk do Gama ARD (After Radioactive Destruction) realiza a turnê Transiberiana 2018 naquele país até julho. Os quatro integrantes ; Gilmar (Baixo e Vocal), Virgílio (Guitarra e Vocal), GB (Guitarra) e Sálvio (Bateria) ; cruzam o solo russo desde a costa do Pacífico Sul até Moscou, totalizando mais de 11 mil quilômetros percorridos, e tocam em festivais, casas de shows e espaços públicos. Tudo isso a bordo da van Gazelle of Death (Gazela da Morte), do produtor Denis Siggi Alekseev. Além da Rússia, o grupo ainda vai passar por Mongólia e Finlândia.
A turnê só é possível porque, no ano passado, os brasilienses fizeram 16 shows em seis países europeus, inclusive na atual sede da Copa do Mundo. ;Nós íamos fazer três datas na Rússia e acabamos fazendo só duas, porque o último lugar era muito distante e a van que ia nos conduzir acabou quebrando;, relembra o vocalista Gilmar. ;A gente aproveitou bastante a turnê e foi legal ir à Rússia. O público em Moscou e São Petersburgo era insano;, acrescenta.
O veículo quebrado pertencia ao russo Denis Siggi, que prometeu fazer uma turnê com a ARD. ;Ele botou na cabeça e nos falou que na hora que ele consertasse a van ia fazer uma longa turnê com a gente pela Rússia toda. Isso é uma maneira de demonstrar o quanto tinha gostado da gente;, comenta o integrante da ARD. O produtor é conhecido no país euro-asiático por divulgar o trabalho de bandas undergrounds.
O grupo teve a oportunidade de escolher entre quatro opções de datas para realizar o tour Transiberiana 2018, mas nem tinha percebido que o período selecionado era o mesmo do mundial de futebol. Segundo Gilmar, ;estar na Rússia na mesma época da Copa do Mundo foi pura coincidência;. ;Quando a gente começou a marcar as datas, percebemos que isso ia dar na mesma época do mundial;.
Os integrantes da ARD não são grandes fãs de futebol e, mesmo que fossem, não teriam tempo de assistir aos jogos. ;Nós vamos tocar e viajar, tocar e viajar. Porque são 17 shows e, algumas vezes, vamos percorrer mais de mil quilômetros de uma só vez;, afirma o vocalista. Porém, ele enxerga a competição como uma oportunidade para a banda. ;Tomara que a presença do Brasil ajude a levar público para os nossos shows.;
A ARD tem mais de 30 anos de estrada e é ;genuinamente autoral;. Em toda a trajetória fizeram alguns projetos fora do Brasil e foram bem-aceitos pelo público desses locais. ;As pessoas vão por curiosidade, porque somos uma banda brasileira que canta muitas letras em português. Muitos acham o idioma belíssimo e que pega bem o sotaque com o som punk hardcore;, explica Gilmar. Ele ainda complementa que, nas vezes em que o grupo se apresentou em terras distantes, foram vistos como uma novidade. ;Porém, foi muito legal, a gente foi muito bem recebido, e os fãs adoraram nosso som;, relembra.
*Estagiária sob supervisão de Igor Vieira