Diversão e Arte

Saudade, amor e vingança na poesia de Rafael Daher

O poeta e jornalista lança o primeiro livro, Reconstrução, em sarau no Martinica

Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 21/06/2018 07:30
O poeta e jornalista Rafael Daher lança seu livro de estreia nesta quinta (21/06)
Rafael Daher mostra em Reconstrução, livro de estreia, as possibilidades que transitam entre a saudade, o amor, a vingança e a saudade. Publicado pela Editora Penalux, a obra conta com apresentação do poeta Marcos Fabrício de Lopes e de Elisa Lucinda. O lançamento terá um sarau preenchido por alguns dos nomes mais conhecidos da poesia brasiliense e participação de artistas da cidade, como Tullio Guimarães e Vanderlei Costa. A trilha sonora será conduzida pela DJ Savana.

O autor encontrou a poesia aos 15 anos e buscou nela um espaço de conforto e resistência após a perda de sua mãe. Foi ela, aliás, a fonte de inspiração para os primeiros poemas. ;Entre caixas, fotos e documentos, estavam diversos manuscritos dela. Ali, a poesia começou a salvar-me dos contratempos de estar vivo, como era o momento de enfrentamento com a morte naquele período;, conta o poeta. Desde então, ele não parou mais.

O livro atual foi escrito entre janeiro de 2016 e abril de 2017. No entanto, alguns poemas remontam a anos anteriores, até 2012, além do poema Gaivota, ditado por Rafael quando ele tinha apenas 8 anos.

Para ele, a literatura é experimentada no cotidiano como um instante de respiro e do encontro à possibilidade de voar. Assim como outras expressões artísticas, como a música e o teatro, a escrita aparece para ele como liberdade de expressão e compreensão da existência. Entre as páginas do livro de estreia figura uma forte presença da necessidade de superação, reinvenção, reconstrução.

;É como se uma vida fosse criada pelos pontos de vista alheios e, e em dado momento, tem de ser recriada a partir da própria compreensão de que vontades alheias não podem direcionar o caminho do ser;, lembra Rafael. O livro é erguido em três partes: Marcatempo, Viratempo e A montanha. Há uma linha dramatúrgica que as une a partir de diversos eu líricos que repreendem vozes que violam o direito de ser, recuperando a necessidade de sentir, de afetar-se e de amar.

O poeta conta que, entre os sentimentos mais evidentes, estão a saudade, o amor carnal e espiritual, a vingança, a ilusão e a necessidade de liberdade. ;Baseei tal linha dramatúrgica a partir dos quatro elementos que compõem a rosa dos ventos, presentes em uma das epígrafes que escrevi para abrir o livro: ;Na terra, lume feito vento vira mar;;. Desse modo, os sentimentos passam pela experiência de cada eu lírico sentir-se água (sentimento), fogo (ação criativa), terra (estrutura, alimento) e ar (trocas, intercâmbios, comunicação).

O livro ergue-se em três partes anunciadas por trechos de canções de Tom Zé, Tom Jobim e Chico Buarque. ;Como amante da música e da literatura brasileira, eu não posso ser alheio ao riquíssimo nível das letras do nosso cancioneiro. Costumo dizer que metade da influência vem da música, e a outta metade da literatura;, destaca Rafael. Em sua bagagem, transitam prosas e versos de nomes que o influenciaram, como Cecília Meireles, Caetano Veloso, Mário Quintana.

Para Rafael Daher, a poesia transita de modo natural e espontâneo. É um olhar pelo afeto, pelo respeito, pelo gostar de ouvir. A poética se faz presente como forma de sobrevivência, com forte relação entre o mistério, o encantamento e a espiritualidade. Reconstrução promete ser o primeiro de uma série de publicações de um talentoso poeta da nova geração.



Sarau
De lançamento do livro Reconstrução, de Rafael Daher (Ed. Penalux). No Martinica Café (303 Norte), hoje, das 19h às 23h30. Preço: R$ 36. Vendas: No site da editora e com o autor.

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