Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Mundial de playlist tem uma seleção para cada país que participa da Copa

Projeto do Sesc propõe competição musical espelhada na Copa do Mundo


Já imaginou uma seleção alemã com Kraftwerk no gol? Ou uma equipe inglesa com Queen no meio de campo e Amy Winehouse e Spice Girls na lateral? Ou ainda um time brasileiro que tenha Elza Soares no ataque e Erasmo Carlos na defesa? O exercício divertido de corresponder posições do futebol a referências da música de cada país está no Spotify e no Deezer como parte do Mundial de Playlist, projeto que o Sesc São Paulo idealizou para movimentar sua plataforma digital e que já conta com 1.800 seguidores.

A ideia era criar uma competição musical espelhada na Copa do Mundo. Equipes de seis pessoas em média passaram 10 dias reunidas para montar 32 playlists, uma para cada país que participa do mundial. Cada faixa das listas corresponde ao número da camisa dos jogadores de um time de futebol, sendo que a última, a número 12, é para o técnico. ;Pensamos em aproveitar esse momento em que muito se fala da Copa e brincar com isso. Então, tem esse tom lúdico de brincadeira, criando essa lógica de campeonato;, explica Ricardo Tacioli, coordenador de programação do Sesc Digital. Os perfis foram disponibilizados no último dia 11 no Spotify e no Deezer e os frequentadores das plataformas foram convidados a votar nas melhores seleções. Na última segunda, oito seleções foram escolhidas para as quartas de final e agora aguardam as curtidas e votações dos ouvintes.

Entre os dias 26 de junho e 3 de julho as seleções se enfrentam nas semifinais e em 5 de julho, começa a final. Como no futebol, pode haver substituições e novas escalações, o que significa que as playlists serão modificadas ao longo do tempo e novas músicas podem entrar. Claro, a preferência no futebol refletiu no resultado das quartas de final e, diferente do que se tem visto no mundial, não houve muitas surpresas. Estão lá Inglaterra, França, Brasil, Alemanha, Espanha, Uruguai e Argentina, com um repertório bastante familiar aos ouvidos ocidentais e algumas associações curiosas. No caso da Alemanha, o técnico seria Beethoven. Muito justo.
[VIDEO1]
Oriente Médio

Mas o divertido mesmo é percorrer as playlists mais inusitadas, aquelas que foram o maior desafio das equipes do Sesc. Vasculhe, por exemplo, a do Irã. Já ouviu música tradicional persa? Sim, é muito interessante e melódica, além de ser um fenômeno no Oriente Médio. Mohammad Esfahani, por exemplo, gravou 16 discos. Há poucas mulheres, já que elas são proibidas de cantar como solistas em público, mas está lá Parvin Namazi, atriz e cantora que já viveu, no cinema, o drama das proibições impostas às mulheres nos regimes muçulmanos.

É melancólica a música iraniana, ao contrário daquela produzida na Arábia Saudita, mais pop nas escolhas da playlists do mundial do Sesc. Lá, mulheres também são raridade no showbiz, mas Aseel Omran e Waed comparecem. A primeira, uma das vozes de Don;t you need somebody, produção coletiva de Shaggy, Enrique Iglesias e RedOne, faz uma bizarra canção de ninar com coro de crianças. Já Waed é uma mistura de pop oriental com música eletrônica. ;Uma das coisas que chamou a atenção foi a dificuldade de encontrar mulheres artistas.Tanto na Arábia Saudita quanto no Irã, tivemos essa dificuldade mesmo, por uma questão cultural. Cada país tem sua particularidade. Então, isso serviu pra gente aqui notar essas diferenças culturais;, conta Ricardo Tacioli.
[VIDEO2]
Divertido

Mudando de continente, passemos à África, onde as playlists trazem boas surpresas, especialmente a do Senegal e da Nigéria, cujo swing será certamente familiar aos brasileiros e cujas línguas trazem sonoridades rítmicas muito dançantes. O K-Pop está obviamente na lista da Coreia do Sul, mas vale pular, já que o divertido é passar ao desconhecido, e ir direto para a música coreana folclórica. Lá está Arirang, o hino não oficial da Coreia do Sul, uma canção que remonta a mais de 600 anos e é considerada patrimônio imaterial pela Unesco. Também tem heavy metal em coreano e algumas variações do Gangnam Style de Psy (aliás, o suposto técnico desta seleção).

De volta ao Ocidente, mas rumo às terras geladas do norte, as descobertas continuam. Nem só de Sigur Rós e Bjorg vive a Islândia. Sérvia e Croácia têm misturas de tradição com eletrônico que agitam qualquer playlist e se você nunca ouviu o eletropop das meninas do Lollobrigida, da Croácia, vá atrás. É diversão garantida.