Roberto Medina - Especial para o Correio
postado em 25/06/2018 15:35
Homem de reconhecida erudição, tradutor de Emily Dickinson, Harold Pinter e Racine, professor do Departamento de Arte Dramática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dramaturgo de primeira linha, Ivo Bender, autor gaúcho, deixa o legado de 36 peças teatrais e dois livros de contos, aos 82 anos.
Bender foi um mestre no primeiro sentido do termo, pois viveu em diferentes papéis, iniciando como ator, depois encenador, mas o preferido foi o de escritor. Dedicou-se por mais de meio século a ensinar novas gerações a carpintaria teatral e a do texto.
Carregado de bom humor e de refinada crítica, apontou caminhos que ele também trilhava, punha o Teatro do Absurdo em movimento na terra brasileira. A exemplo disso, temos na dramaturgia brasileira peças do calibre de As Cartas Marcadas, Quem Roubou Meu Anabela? e Trilogia Perversa. As peças de Bender vêm à luz desde a década de 60, foi um escritor que se desafiava a cada novo projeto, tanto no teatro adulto quanto no infantil.
Ainda lembro que aos 7 anos, fui ao Centro de Tradições Gaúchas, em Cacequi, no Rio Grande do Sul, com nossa turminha de 1a. série, assistir a O Macaco e a Velha. Espetáculo que deixou uma semente latente em mim como artista e escritor. Muitos anos mais tarde, fiz parte de uma mesa de debate com o autor e Doutor Ivo Bender (1936-2018), em Porto Alegre, a quem agradeci muito por ter me influenciado no teatro e na tradução.
A veia inventiva de Ivo Bender pode ser lida na obra que fica com o imaginário alemão e grego nas terras gaúchas. Bender faz eu retomar o ditado que ;quando um homem de letras morre, incendeia-se uma biblioteca;.
Roberto Medina é escritor, crítico, tradutor, pesquisador em literatura comparada ; UnB, professor de pós-graduação em Direção Teatral (Faculdade de Artes Dulcina de Moraes/Fundação Brasileira de Teatro) e em Fotografia como suporte da imagem (Espaço f/508 de Fotografia).