Diversão e Arte

Eventos na cidade prestam homenagem ao universo circense

Palco giratório, nos teatro do Sesc, e projeto Circo Grock, na área externa do CCBB, animam os fãs de palhaço

Adriana Izel, Vinicius Nader
postado em 07/07/2018 06:30
Espetáculo Segunda pele abre a programação do Festival Palco Giratório
O circo é o tema de dois grandes eventos de artes cênicas que chegam a Brasília em julho: o festival Palco Giratório, no Sesc, e o projeto Gargalhando com o Circo Grock, no Centro Cultural Banco do Brasil. A cultura circense é a homenageada da 21; edição do Palco Giratório, com espetáculos e também com um tributo ao Palhaço Biribinha, conhecido em todo o mundo como ;o mestre do picadeiro e do riso;.

"Biribinha foi lembrado recentemente no FestClow (festival internacional de palhaçaria promovido pelo Sesc), mas ele simboliza também o circo como um todo (o tradicional e o contemporâneo), por isso a homenagem agora", explica Leonardo Braga, técnico de Cultura do Sesc Gama e curador do festival.

De acordo com Braga, o circo e suas ramificações estão na programação do Palco Giratório, que tem início hoje e segue até dia 29 com espetáculos e oficinas nos teatros Sesc Garagem (913 Sul), Newton Rossi (Ceilândia), Paulo Gracindo (Gama) e Paulo Autran (Taguatinga).

O curador aponta, por exemplo, o espetáculo A salto alto: Entre gentilezas e extermínio, do Circo no Ato, do Rio de Janeiro. "No viés contemporâneo, temos o A salto alto de um grupo de acrobacia de solo especializado nessa técnica e que possui uma recorrência na linguagem do circo;, conta. A montagem será apresentada dia 14, às 20h, no Gama, e conta a história de sete pessoas que ao terem acesso a outra maneira de viver se despedem das antigas vivências para uma nova realidade, fazendo uma crítica ao consumismo desenfreado da sociedade.

A programação do Palco Giratório tem outros espetáculos do tema, como Animo festas, da La Cascata Cia. Cômica (SP); Concerto em Ri Maior, da Cia dos Palhaços (PR); A salto alto: Entre gentilezas e extermínio, do Circo no Ato (RJ); Édipo Rei: O rei dos bobos, do Coletivo de Artistas do DF e convidados; e Clake, do Circo Amarillo.

No Centro Cultural Banco do Brasil, o picadeiro estará montado na área externa para receber o Circo Grock. Até 2 de setembro, a trupe traz o projeto Gargalhando com o Circo Grock a Brasília. No palco, os palhaços Espaguete (Nil Moura, que, além de atuar, dirige o espetáculo) e Ferrugem (Gena Leão) funcionam como mestres de cerimônia para um desfile de atrações circenses, como mágicos, malabares e monociclistas. Entre um número e outro, a dupla de palhaços diverte a plateia e assume os ares de protagonistas.

"As entradas dos palhaços são os grandes momentos do show. Apostamos numa visão de que o palhaço carrega uma história, dentro do que está acontecendo com as pessoas, com a realidade de quem está nos assistindo. Por isso, trabalhamos tanto com a linguagem do improviso, que estudamos durante 15 anos na Suécia e na Alemanha;, afirma Gena Leão, que está à frente do Grock há mais de 30 anos.

A intérprete de Ferrugem ressalta que o público de Gargalhando com o Circo Grock vai se divertir, claro, mas também vai ser levado à reflexão. ;O palhaço tem esses dois lados. Ele faz as pessoas rirem e pensarem ao mesmo tempo. E na nossa história, a plateia pensa sobre as pequenas coisas que deixamos para trás durante nossa vida;, conta.

Teatro além do Plano


A descentralização é um dos motes do Festival Palco Giratório. Desde 2015, o evento incorporou a programação nas regiões administrativas do DF, com o objetivo de formar um novo público. "Excelentes espetáculos passarão apenas pelas regiões administrativas. Temos feito isso desde 2015 e, agora, o público está se acostumando. Isso cria uma maior circulação", defende Leonardo Braga, técnico de Cultura do Sesc Gama e curador do festival.

Realizado nos quatro teatros Sesc do Distrito Federal, o evento, além de homenagear o circo, também valoriza a experiência cênica como um todo. E isso está exposto na diversidade da programação, que tem desde espetáculos musicais ao teatro de rua. ;O maior desafio é buscar e ampliar as linguagens. As artes cênicas têm inúmeras linguagens e precisamos encontrar as interseções para trazer à tona a formação de plateia;, analisa o curador, que ainda completa ao dizer que o festival também busca atrações de diferentes estados além do DF. Só neste ano há montagens de Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Alagoas, Rondônia, Sergipe, Bahia, Goiânia e Rio Grande do Norte.

De hoje até 29 de julho, serão mais de 20 espetáculos encenados de forma gratuita nos teatros do Sesc espalhados pelo DF. Entre os destaques está a peça que abre a programação: Segunda pele, do Coletivo Lugar Comum, encenada hoje, às 20h30, no Teatro Sesc Garagem. ;Elas atuam de forma coletiva e afetiva e tocam em assuntos que estão em voga, como a relação com o corpo, com os conceitos e tabus que estão sendo questionados pela sociedade;, explica Braga.


SERVIÇO

Gargalhando com o Circo Grock
Área externa do Centro Cultural Banco do Brasil. Até 2 de setembro. Em julho, de quinta a domingo, às 15h, 17h e 19h, exceto nos dias dos jogos do Brasil na Copa do Mundo; em agosto e setembro, quinta e sexta, às 19h e sábados e domingo, às 17h, 19h e 21h, exceto nos dias 4 e 11 de agosto. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Sessão do dia 12 de agosto gratuita, em homenagem ao Dia dos Pais. Classificação indicativa livre.

Palco Giratório
Teatros Sesc. De 7 a 29 de julho. Com espetáculos e atividades formativas. Entrada franca. Verifique a classificação indicativa de cada atividade.

Confira a programação do Palco Giratório



Dia 7/7
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 ; Segunda pele

Dia 8/7
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
16h ; Pensamento giratório
20h30 ; Looping: Bahia overdub

11/07
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
17h ; Voa

12/7
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 ; O novo espetáculo (Tudo está à venda)

13/7
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 ; Animo festas

Teatro Newton Rossi - Sesc Ceilândia
20h30 ; Fauna

14/7
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 ; Concerto em ri maior

Teatro Paulo Gracindo - Sesc Gama
20h ; A salto alto: Entre gentilezas e extermínio

18/7
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
17h ; Cuco: a linguagem dos bebês no teatro

19/07
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 ; SIMILITUDO

20/07
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 ; Como manter-se vivo?

Teatro Newton Rossi - Sesc Ceilândia
20h30 ; Eles não usam tênis Naique

Teatro Paulo Gracindo - Sesc Gama
20h ; Dança anfíbia

Teatro Paulo Autran - Sesc Taguatinga Norte
20h ; As mulheres do Aluá

21/7
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 ; Os cavalheiros da triste figura

Teatro Newton Rossi - Sesc Ceilândia
08h às 12h e 14h às 18h ; Oficina Trocas marginais

Teatro Paulo Gracindo - Sesc Gama
14h às 20h ; Oficina dança anfíbia

17h ; Plugue: um desvio imaginativo

Teatro Paulo Autran - Sesc Taguatinga Norte
14h às 20h ; Oficina O ator criador e a cena

22/7

Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 - Tsunami

25/7
Praça do Conjunto Nacional
20h ; Édipo Rei: O rei dos bobos

26/7
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 ; Desastro

27/7
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 ; Autópsia de um beija-flor

Teatro Newton Rossi - Sesc Ceilândia
20h30 ; Farinha com açúcar ou sobre a substância de meninos e homens

Teatro Paulo Autran - Sesc Taguatinga Norte
9h às 16h - Oficina Encenação e espaço urbano

28/7
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 ; P`s

Teatro Paulo Gracindo - Sesc Gama
20h ; Clake

Teatro Paulo Autran - Sesc Taguatinga Norte
19h ; Entrepartidas

29/7
Teatro Garagem - Sesc 913 sul
20h30 ; O crivo

Teatro Paulo Gracindo - Sesc Gama
14h às 20h ; Oficina introdução à arte da palhaçaria

Teatro Paulo Autran - Sesc Taguatinga Norte
16h ; Entrepartidas

Entrevista// Nil Moura

A temporada do projeto em Brasília será longa. Um espetáculo acaba sendo muito diferente do outro? Porque?
Eu não diria que será longa a temporada, tendo em vista a quantidade de espetáculos, pois, para um circo, dois meses em cartaz e com espetáculos, de quinta a domingo, finda sendo uma temporada normal. Quanto ao fato de um espetáculo começar de um jeito é ir incorporando outra dinâmica à medida que troca cenas, dando por vezes a sensação de termos um espetáculo no início da temporada e outro ao final, faz parte do nosso modo de encenação. O Grock tem bem esse estilo de a cada semana dar um toque diferente no mesmo espetáculo até como forma de provocar um pouco aquelas pessoas que repetem nosso espetáculo. É divertido pra nós e misterioso pra quem ver.

O palhaço, às vezes, é um personagem que alterna momentos de graça e de drama. Com o Espaguete também é assim?
O drama na cena com Espaguete tanto como com a Ferrugem também, aparece em formato de comicidade. Conheço diversas interpretações cômicas com palhaços que carregam um quadro dramático sério, mas na cena com os palhaços Espaguete e Ferrugem a proposta é divertir e trazer reflexões sempre no viés da alegria.

As crianças de hoje são muito ligadas a tecnologias, como jogos eletrônicos. Como prender a atenção delas em um espetáculo como o Gargalhada tradicional?
Construímos o Gargalhada tradicional observando muito o imaginário da criança e da criança do adulto. Há no espetáculo cenas hilárias que são inesperadas como o próprio apresentador do espetáculo que desafia a tradição mostrando um universo jamais imaginado para apresentar um circo onde o público que com um certo estranhamento são levados a sair do tradicional, mas embalados no universo lúdico entram na proposta e compreendem que se trata de uma proposta pouco convencional.

Qual é o papel dos palhaços no Circo Grock?
Transmitir alegria, divertir e despertar reflexões a cerca do nosso papel no espetáculo da vida.

Vocês já passaram por vários países. Há diferença entre os públicos brasileiro e internacional?
Pouca. Exceto pela euforia do brasileiro em comparação ao comportamento mais contido do Europeu, por exemplo. De resto, trabalhando com situações mais universais sem regionalizações, sempre reagiram de forma muito semelhante.

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