Irlam Rocha Lima
postado em 17/07/2018 07:12
Instrumentistas, cantores e bandas brasilienses que têm se destacado nacional e internacionalmente contribuíram, decisivamente, para levar a capital federal a ser considerada um importante celeiro musical. Muitos deles receberam formação, ou se aprimoraram, em escolas especializadas nesse segmento artístico. Estabelecimentos do gênero se espalham por vários pontos do Plano Piloto e de outras cidades do Distrito Federal. Em geral, eles acolhem um número expressivo de alunos ; de diversas faixas etárias. Curiosamente, a grande maioria busca o ensinamento não com o intuito de se tornarem profissionais do ofício ; embora todos vejam a música como algo que enleva, que proporciona momentos de fruição.
A tradicional Escola de Música de Brasília, criada há 55 anos pelo saudoso professor e maestro Levino de Alcântara, voltada para a formação profissional de músico, possui algo em torno de 3 mil alunos. Minoritariamente, são os que, após a conclusão do curso, seguiram carreira nessa área ; os consagrados Jorge Helder, Lula Galvão, Paulo André Tavares e Jaime Ernest Dias estão entre eles.
O mesmo ocorre na Escola Brasileira de Choro Raphael Rabelo, criada há 20 anos por Henrique Santos Filho, o Reco do Bandolim, no âmbito do Clube do Choro; hoje, sob a coordenação do gaitista Pablo Fagundes. Segundo ele, criou-se naquela instituição um ambiente propício para que pessoas das mais diferentes idades interajam, tendo a arte como elemento propulsor. ;Daqui saíram grandes músicos que hoje brilham no país e no exterior, mas a maior a maior parte está aqui por ter uma relação afetiva com a música e não pela busca da profissionalização;, destaca Pablo.
Não é diferente o que se verifica em escolas particulares como a GTR Instituto de Música (111 Sul), a Karashima Instituto de Música (313 Sul), a Geração Sonora (Avenida das Castanheiras/Águas Claras) e a Academia Maestro, com unidades em Sobradinho, Taguatinga e Ceilândia. O Correio conversou com alunos dessas instituições, que têm a música como hobby. Todos demonstram um grande prazer por estarem ligados a essa manifestação cultural.
Constantino Pereira Filho
Aos 73 anos, o ex-servidor do Superior Tribunal Militar, sempre gostou de música e de tirar acordes do violão. Constantino conta que, quando se aposentou, procurou fazer algo para preencher o tempo disponível. ;Aí, como conhecia o Clube do Choro, me matriculei na Escola de Choro e, em vez de fazer aula de violão, optei por aprender a tocar gaita. Há três anos sou aluno do professor Pablo Fagundes, gaitista talentoso e um professor que possui ótima didática. Como amador, participo de rodas de choro ao lado de outros alunos, às sextas-feiras pela manhã, na área externa do Clube do Choro. Entre os shows que assisti aqui, destaco os de dois grandes instrumentistas de gaita, Maurício Einhorn e Gabriel Grossi.;
Natália Karine Pereira
Tocar violão é algo que permite a Natália Karine, advogada de 29 anos, fugir, por momentos, da realidade massacrante do dia a dia e encarar a vida com mais leveza. ;Sempre tive forte ligação com a música. Sou fã de John Mayer e de Thiago York e, há três meses, resolvi me matricular na GTR para ter aulas de violão com o professor Heitor Gouveia, o que, para mim, tem sido uma terapia e tanto. Mesmo tendo a música apenas como um hobby, o que ela me proporciona me leva, prazeirosamente ao relaxamento. Mais do que nunca me sinto integrada ao universo dessa manifestação artística.;
Fernando Xavier Borgatto
3A música ocupa boa parte da rotina diária de Fernando, 57 anos, aposentado do Banco do Brasil, que tem ligação com a música desde a juventude. ;Ao me aposentar, busquei ter alguma atividade que me trouxesse prazer. Então, entrei para a Escola Brasileira de Choro, onde passei a ter aulas de bandolim com o Marcelo Lima. Em 2016, me transferi para a Escola de Música. Aqui, inicialmente fui aluno do Victor Angeleas, depois, do Rafael Bandol e agora do Fernando Duarte. Gosto de bossa nova e tenho participado em roda de choro, mas de forma despretensiosa, pois não aspiro ser um músico profissional. Poder tocar bem um instrumento, para mim, é uma grande realização e me faz ter uma relação mais estreita com a música. Tenho como grandes referências o mestre Jacob do Bandolim, Armandinho Macedo e Hamilton de Holanda e bandolinistas de outras gerações. Em Brasília tenho admiração pela técnica de Reco do Bandolim e dos meus três professores.;
Luciana Ferreira de Freitas
Embora se dedique com afinco à faculdade de letras, no pouco tempo que lhe sobra, Luciana, 22 anos, recebe aulas de canto do professor Léo Avelar no Instituto Karashima. Fã de Marisa Monte, Cássia Eller e Ana Carolina, ela vê na música uma válvula de escape para a timidez. ;Eu me solto mais quando estou cantando e até já participei de um recital dos alunos do instituto, no Feitiço Mineiro. Embora estivesse bastante nervosa, curti muito. A música me permite relacionar melhor com as pessoas.;
João Marcos Gomes
Desde 2016, João Marcos, 18 anos, estuda contrabaixo na Geração Sonora, escola de música criada em 2014 por Gabriel Calheiros em Águas Claras. ;Curto blues, funk e jazz, sou fã dos Novos Baianos, Nação Zumbi e Pink Floyd e sempre tive vontade de tocar esse instrumento. Não pretendo viver de música ; atualmente, ele estuda arquitetura no Iesb ;, mas me dá uma grande satisfação tirar um som do baixo, presente em todas as formações de trios, quartetos e bandas. Costumo tocar com meus amigos e há quem goste do que a gente faz.;
Igor Rafael Fernandes
Jovem de 16 anos, Igor Rafael, morador de Arniqueiras e estudante do ensino médio, é aluno de Gezo Rodrigues, na Academia Maestro, em Taguatinga Sul. ;Toco violão na igreja, mas busco me aprimorar, pois com frequência me junto com meus amigos para fazer um som. Por vezes tiramos alguma coisa dos Beatles, a maior banda de todos os tempos. Não vejo a música como profissão, mas ela me completa.