Irlam Rocha Lima
postado em 30/07/2018 07:20
O que fica evidente na arte de Sueli Costa, em 50 anos de carreira, é a faceta de compositora. Parceira de poetas e letristas, como Abel Silva, Aldir Blanc, Cacaso e Paulo César Pinheiro e Hermínio Bello de Carvalho, tem músicas gravadas por astros e estrelas da MPB, do porte de Elis Regia, Maria Bethânia, Gal Costa, Nana Caymmi e Simone, Cauby Peixoto, Ney Matogrosso e Fagner.
Álbum de produção independente, Sueli Costa convida Fernanda Cunha e Áurea Martins foi lançado ontem, em show na Sala Baden Powell (Rio de Janeiro), quando ela celebrou as cinco décadas de trajetória artística e 75 anos de vida. Este é o oitavo título da sua discografia ; da qual fazem parte cinco LPs e três CDs.
Nesse disco, Sueli teve como convidadas duas cantoras de diferentes gerações, a sobrinha Fernanda Cunha e a veterana Áurea Martins. A gravação foi em 16 de março deste ano, no Centro de Música Arthur da Távola, na Tijuca (Rio de Janeiro). O show marcou o retorno da pianista ao palco, depois de cinco anos de ausência. A última apresentação havia sido em Lisboa, na programação do Ano do Brasil em Portugal.
Sucessos como Amor, amor, Medo de amar, Canção brasileira, Face a face, Medo de amar n; 2 e o clássico Jura secreta são algumas das faixas do repertório de 10 canções, interpretadas pelas três. Elas tiveram o acompanhamento do trio formado por Zé Carlos (violão), Berval Moraes (contrabaixo) e Helbe Machado (bateria).
Sueli Costa convida Fernanda Cunha e Áurea Martins
CD gravado ao vivo, com 10 faixas, à venda em todas as plataformas digitais e em lojas físicas como a Livraria Travessa, no Rio de Janeiro. Preço sugerido: R$ 30.
; Entrevista / Cinco perguntas para Sueli Costa
Em que circunstância a música entrou na sua vida para valer?
Eu sou carioca, mas estava morando em Juiz de Fora (MG), no final dos anos 1960. Filha de uma professora de música, era estudante de piano e num festival que acontecia naquela cidade, conheci o Sidney Miller, compositor de grande destaque naquela época. Outro que conheci foi o Gutemberg Guarabiyra. Os dois, ao saberem que eu fazia música, me incentivaram a deixar a casa dos meus pais e voltar para o Rio. Voltei e fui morar na casa do Gurabyra.
Quando ocorreu sua estreia como compositora?
Minha primeira composição, Por exemplo você, foi gravada por Nara Leão. Acho que a estreia não poderia ser melhor. Logo depois o Sidney me convidou para fazer a trilha sonora do musical Alice no país maravilhoso. À época, passei a trabalhar também com Tite de Lemos e Luiz Carlos Maciel. As coisas começaram a acontecer, sem que eu fosse conhecida.
Qual foi o seu primeiro sucesso?
Foi a música 20 anos blue, com letra de Victor Martins, gravada por Elis Regina, no LP Elis, de 1972. No mesmo ano, sem eu tomar conhecimento, Bethânia incluiu Aldebarã e Sombra amiga no Rosa dos ventos, considerado o espetáculo clássico dela. Em outro show dela, de grande sucesso, no antigo Teatro Casa Grande, havia nada menos que seis músicas minhas. Uma delas era Encoraçado. Mas a canção de minha autoria que fez mais sucesso foi Coração ateu, que entrou na trilha da novela Gabriela.
O Abel Silva tem sido o seu parceiro mais frequente?
Com certeza. Já perdi a conta das músicas que fizemos juntos, embora a maioria das pessoas lembrem mais de Face a face e Jura secreta. Estas canções foram gravadas por Simone com estrondoso sucesso. Com a Simone participei do Projeto Pixinguinha. O show passou por várias cidades brasileiras, inclusive Brasília, onde fomos acolhidas com muito carinho.
No disco comemorativo dos seus 50 anos de carreira, você tem Fernanda Cunha e Áurea Martins como convidadas. O que representa esse projeto?
É uma espécie de celebração da minha história musical. Fernanda, filha da minha saudosa irmã Telma Costa, é uma cantora com participação em festivais no Canadá, na Europa e na Ásia, com esses CDs lançados. O mais recente é o Jobim 90, elogiado pela crítica. A Áurea é a grande crooner da noite carioca há quase 60 anos, muito respeitada pela classe musical.