Diversão e Arte

Prêmio Leila Diniz e produção feminina: destaques no Festival de Brasília

Seleção da 51ª edição do Festival é formada por 12 curtas e nove longas

Adriana Izel
postado em 09/08/2018 07:30

Ítala Nandi e Leila Diniz na piscina do Hotel Nacional, em 1966

A seleção da 51; edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro mostra a força feminina no cenário atual. Dos filmes da Mostra Competitiva, formada por 12 curtas e nove longas, 52,4% são dirigidos por mulheres, contra 38% com direção de homens ; os demais percentuais correspondem a produções que optaram por não classificar o gênero. Além disso, o festival divulgou que 75% da equipe do evento é formada por mulheres.

Essa representatividade feminina atual motivou a criação de um novo prêmio, que leva o nome da atriz Leila Diniz, que teve uma relação bastante próxima com o Festival de Brasília, um dos motivos que justifica o nome da artista na premiação. ;Leila Diniz não é só uma figura do cinema brasileiro, mas do Festival de Brasília. Esse não é um prêmio para atrizes, mas a ideia é mostrar pessoas que tenham representação no audiovisual;, explica o curador Eduardo Valente.

No primeiro ano do Prêmio Leila Diniz, serão homenageadas a atriz e produtora Íttala Nandi e a montadora Cristina Amaral. Ambas estarão no Festival como parte do júri da Mostra Competitiva, que premia as produções com o Troféu Candango, e, além disso, Ítala estará na abertura do festival, em 14 de setembro, no filme Domingo, de Clara Linhart e Fellipe Barbosa.

A produção integra a mostra Venice Day, no Festival de Veneza, e se passa no dia da posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2003, mostrando a história de duas famílias no interior do Rio Grande do Sul. Antes do longa da abertura, será exibido também o curta Imaginário, de Cristiano Burlan, que faz um apanhado dos discursos marcantes sobre a vida política em 1940.

O encerramento fica por conta do filme documental América armada, de Alice Lanari e Pedro Asbeg, que traça um panorama da violência no Brasil. A produção será exibida em 23 de setembro antes do anúncio dos vencedores do Troféu Candango.



Transgressora
Simbolo da revolução feminina em um Brasil dominado pela ditadura militar, Leila enfrentou o conservadorismo da época e quebrou regras que cercavam o comportamento feminino. A atriz era capaz de dizer palavrões em público, dar entrevistas falando sobre sexo ou exibir a gravidez de biquíni na praia, ato que escandalizou a sociedade. Leila Diniz, a Mulher de Ipanema, alçou fama nas telonas após casar-se com o cineasta Domingos Oliveira, responsável por dirigir o primeiro grande sucesso da musa, o longa Todas as mulheres do mundo, premiado na 2; edição do Festival de Brasília. Ao todo, participou de 14 filmes, 12 telenovelas e várias peças teatrais.Ela morreu precocemente aos 27 anos, em um acidente de avião quando voltava da Austrália, onde tinha sido premiada em um festival de cinema.



Homenagens
Além das mulheres, como já virou tradição no festival, nomes do cinema serão celebrados com a medalha Paulo Emílio Salles Gomes. Neste ano é a vez do professor e crítico de cinema Ismael Xavier e de Walter Mello, um dos idealizadores do festival.

Inspirado no resgate das produções de destaque de edições anteriores do evento, como no ano passado, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terá a Sessão Homenagem, com exibição do filme Lance maior (1968), de Sylvio Back.


Mostras
Com 10 dias de duração, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terá mais de 120 longas divididos em mostras paralelas, especiais e competitivas exibidas do Cine Brasília e em espaços de 13 regiões administrativas do DF, como mais uma ação de descentralização do festival.

A Mostra Competitiva será formada por nove longas e 12 curtas, com prêmios de até R$ 15 mil em cachê de seleção. Os filmes contemplam assuntos atuais e realizadores de diferentes estados brasileiros. ;A programação, não tenho nenhuma dúvida, mais uma vez, retrata, dialoga, espelha e reflete a nossa realidade cultural, social e política, e também dialoga com o mundo;, garante Guilherme Reis, secretário de Cultura do DF. Ao todo, foram mais de 700 inscrições.

A Mostra Brasília, que celebra e premia produções locais e é promovida pela Câmara Legislativa do DF, reunirá três longas e 18 curtas-metragens em exibições antes da Mostra Competitiva no Cine Brasília. Os 21 filmes disputam o 23; Troféu Câmara Legislativa, que distribui R$ 240 mil em prêmios em 13 categorias.



Paralelas
O Festival terá ainda três mostras paralelas. A arte da vida foca em produções em que os processos criativos dos personagens estão mesclados às próprias vidas. Os filmes são: Frans Krajcberg: Manifesto, de Regina Jehá (SP); Humberto Mauro, de André Di Mauro (RJ); Orin: Música para os Orixás, de Henrique Duarte (BA); e A roda da vida, de William Alves e Zefel Coff (DF). A mostra Onde estamos e para onde vamos? contempla os documentários Elegia de um crime, de Cristiano Burlan (SP); Excelentíssimos, de Douglas Duarte (RJ); Nós, de Pedro Arantes (SP); e Parque Oeste, de Fabiana Assis (GO), que apontam a trajetória política e social do Brasil.

O festival dos festivais tem obras que foram lançadas em outros eventos cinematográficos em 2018: os documentários Espera, de Cao Guimarães (MG); Lembro mais dos corvos, de Gustavo Vinagre Alves (SP); e Fabiana, de Brunna Laboissi;re (GO/SP); além de duas ficções: Sol Alegria, de Tavinho Teixeira e Mariah Teixeira (PB); e Dias vazios, de Robney Bruno Almeida (GO). Cada filme selecionado para as Mostras Paralelas recebe o cachê de seleção estabelecido no valor de R$ 3 mil.

A programação contempla ainda duas mostras especiais: Futuro Brasil e Caleidoscópio. A primeira é formada por produções em processo de finalização. São elas: A rosa azul de Novalis, de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro (documentário, SP); Eleições, de Alice Riff (documentário, SP); Ontem havia coisas estranhas no céu, de Bruno Risas (ficção, SP); Raia 4, de Emiliano Cunha (ficção, RS); Rua Guaicurus, de João Borges (ficção, MG); e Tremor Iê, de Elena Meireilles e Lívia de Paiva (ficção, CE).

A segunda busca colocar em evidência o cinema de invenção, celebrando e premiando esse tipo de produção, concorrem os filmes Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diogenes (CE); e O pequeno mal, de Lucas Camargo de Barros e Nicolas Thomé Zetune (SP). Os outros três participantes realizam no Festival de Brasília a sua estreia mundial: Os sonâmbulos, de Tiago Mata Machado (MG); Os jovens Baumann, de Bruna Carvalho Almeida (SP); e Calypso, de Rodrigo Lima e Lucas Parente (RJ).

O festival terá também FestUni, festival universitário (que chega à segunda edição e terá os filmes selecionados divulgados até 30 de agosto); Festivalzinho; Cinema Voador (com exibição de curtas e longas premiados na Mostra Brasília); e uma mostra dedicada à produção afrobrasileira.


Atividades formativas
Pensando na formação do cenário audiovisual, as atividades formativas estão de volta e contemplam painéis setorias, debates, master class, conversas livres e oficinas, com inscrições abertas a partir de 10 de agosto até o dia 25.

Após o sucesso no ano passado, o Ambiente de Mercado chega à segunda edição com programação de 19 a 21 de setembro com painéis, key note, seminário Film comission, rodada de negócios, conversa com players e pitchings abertos, no Complexo Cultural da República, na Esplanada dos Ministérios.

Haverá a venda do Passaporte de Ambiente de Mercado no valor de R$ 120, que dá acesso às rodadas de negócios. Já estão confirmadas as presenças dos players Canal Brasil, Canal Curta, Cine Brasil TV, FOX, Downtown Filmes, Encripta, Viacom, TV Escola, NBC Universal, Looke, entre outros.

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