Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

No novo livro 'As gêmeas' Clotilde Chaparro faz das personagens um alerta

Além do lançamento do quarto livro, a autora aguarda a adaptação para os cinemas de 'Duzinda', obra de maior sucesso dela


Feito uma esponja, Clotilde Chaparro absorve o que a cerca por onde passa. Despeja, depois, sentimentos, mazelas e histórias que encontra em suas personagens. Inspira-se nas mais diversas formas para transmitir aprendizados, sobretudo, às mulheres. Chaparro dá sequência à missão em As gêmeas, do lixo ao luxo, com lançamento marcado para 21 de agosto na Igreja Nossa Senhora do Lago (Lago Norte).

Em seu mais recente livro, a autora do best seller Duzinda (2002) joga luz sobre as drásticas diferenças provocadas pelo meio em que duas personagens nascidas iguais são criadas. As irmãs univitelinas retratadas no romance foram separadas no nascimento: uma vive confortavelmente, outra, na pobreza. Com a alegoria, busca evidenciar a loteria de privilégios num país desigual como o Brasil.

;Falo do que existe nas duas classes sociais. Falo dos medos que existem na classe média, que são muitos, da mesma forma abordo a extrema pobreza, que convive com a violência, com o preconceito;, conta a autora.

Assim como nos outros três primeiros livros, Clotilde trata de assuntos delicados em As gêmeas. ;Faço muita pesquisa, com médico, delegado, psicólogo. Vou perguntando e monto personagem;, conta.

Além de ser escritora, Clotilde, formada em direito, trabalha como advogada. Para desenvolver um dos personagens, padrasto das gêmeas, inspirou-se nos depoimentos de uma cliente a quem dava consulta. Ela explica que a cliente era casada com um psicopata sem que se desse conta. ;Botei todos os problemas que tem num psicopata no personagem;, diz a autora, que faz dos personagens um alerta.

Da mesma forma fez em Duzinda, livro que a trouxe reconhecimento, no qual abordou a violência moral e psicológica contra a mulher. Nele, a protagonista sofria abusos até mesmo de amigos. ;Faço um alerta as pessoas que, às vezes nem sabem que estão sofrendo violência moral. Quem faz sofrer, muitas vezes também não percebe;, observa. A autora sugere que, ao se deparar com a narrativa, os leitores podem identificar pontos em comum com a própria vida e tentar mudar isso.

A obra Duzinda será em breve adaptada para os cinemas pelas mãos des Vicentini Gomez. O cineasta fará o roteiro e dirigirá o longa-metragem ainda sem previsão de lançamento.

Serviço:

Lançamento de As gêmeas, do lixo ao luxo, de Clotilde Chaparro
Salão Social da Igreja Nossa Senhora do Lago (SHIN QI 03, Lago Norte; 3368-4605)
Em 21 de agosto, às 16h30. Entrada franca. Classificação indicativa livre.
*Estagiário sob supervisão de Adriana Izel