Diversão e Arte

Mostra no CCBB apresenta o melhor do gênero policial do cinema brasileiro

A retrospectiva de filmes conta com 25 longas-metragens entre clássicos e sucessos contemporâneos

Vinícius Veloso*
postado em 21/08/2018 07:16
Cena do filme Lúcio Flávio, o passageiro da agonia. O personagem é inspirado em um assaltante de bancos
O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, organiza uma retrospectiva de filmes policiais brasileiros, de hoje a 6 de setembro. A intenção é resgatar gravações mais antigas e intercalar com longas mais recentes, relembrando os grandes personagens e todos os sucessos de bilheterias.

O professor e crítico de cinema Pedro Henrique Ferreira é o responsável pelo evento, ao lado do cineasta Eduardo Cantarino, na produção. Os dois selecionaram 25 longa-metragens para compor a mostra, todos brasileiros, e têm em comum o gênero policial.

Como a violência sempre foi um problema presente no dia a dia da sociedade brasileira, essa temática é recorrente nas produções de longas nacionais. Trazendo a realidade para as telonas, cria-se um público mais fiel e antenado aos filmes do Brasil.

;O cinema policial brasileiro tem raízes nos folhetins, no sensacionalismo e no culto às figuras de criminosos ou policiais reais que ganharam projeção na mídia. É o caso de praticamente todos os filmes dessa retrospectiva;, explica o curador.

Com filmes antigos, como O dominó negro, da década de 1940, que fala sobre a história de um traficante de drogas e filmes recentes como Tropa de elite, sucesso internacional que acontece sob a perspectiva de um policial do Batalhão de Operações Especiais, a retrospectiva ganhou forma.
A próxima vítima conta a história da investigação de um assassino de prostitutas
Personagens icônicos

Algumas produções foram inspiradas e baseadas em histórias reais, incluindo pessoas que ficaram marcadas pelos acontecimentos. Essas histórias fazem com que os personagens ganhem proporções gigantes dentro dos cinemas. Capitão Nascimento, representado no filme Tropa de elite, e Zé Rosa, o Mineirinho, um criminoso que foi retratado em Mineirinho: Vivo ou Morto, são bons exemplos de representação.
Mas a surpresa maior fica por conta das tramas envolvendo o policial Mariel Mariscot e o assaltante de bancos Lúcio Flávio. O criminoso teve a vida contada nas telas no fenômeno de bilheterias Lúcio Flávio, o passageiro da agonia, de 1978, que levou mais de cinco milhões de pessoas aos cinemas. Já o policial, conhecido por participar do Esquadrão da Morte do Rio de Janeiro, tem a história retratada no filme Eu matei Lúcio Flávio, de 1979, um ano após o lançamento do filme sobre o perigoso assaltante.

De acordo com o cineasta brasiliense William Alves, responsável por grandes festivais de cinema pelo Distrito Federal, a construção de personagens baseada em acontecimentos reais pode ser perigosa, mas é importante.

;A função dos personagens é criar uma verossimilhança com a história real. Pode ser positiva ou não. Na maioria das vezes, a maneira que eles são criados pode causar confusões, por surgirem em momentos relacionados à violência urbana. Mas é importante na construção social, para formar uma reflexão do momento;, explica o diretor cinematográfico.

Masterclass

Além da retrospectiva cinemática, a mostra contará ainda com uma masterclass ministrada pelo professor Rafael de Luna, da Universidade Federal Fluminense, que apresentará um panorama sobre os filmes policiais brasileiros, além de contar a trajetória do gênero na história do cinema nacional. Também analisará a importância das produções para a cultura do Brasil e o impacto social e econômico causado pelos longas. A aula será em 25 de agosto.

*Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira


No rastro do crime: O cinema policial brasileiro
Mostra de longas com o gênero policial no Brasil. De terça a domingo, das 9h às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES Tc 2). Entrada franca. Confira a classificação indicativa por sessão no endereço http:// culturabancodo brasil. com.br/portal/no-rastro-do-crime-o-cinema-policial-brasileiro/.

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