Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Leia a repercussão de artistas e autoridades do DF sobre os museus locais

'Os museus todos carecem de manutenção e verbas regulares. São mantidos pela força e dedicação dos funcionários e o aporte é muito pequeno', diz o artista plástico Ralph Gehre

Dos 456 museus brasileiros, 79 ficam no Distrito Federal, sendo 55 públicos, segundo dados da plataforma Museus BR, parte do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A Secretaria de Cultura (Secult) é responsável pela administração de seis deles: Museu Nacional da República, Catetinho, Museu Vivo da Memória Candanga, Memorial dos Povos Indígenas, Museu da Cidade e Museu de Arte de Brasília, único fechado para visitação, pois está em obras.

As reformas em patrimônios culturais de Brasília, aliás, incluem também o Teatro Nacional, os complexos culturais de Planaltina e Samambaia, a Concha Acústica, a pira do Panteão da Pátria e o Centro Cultural Renato Russo, que já foi finalizado. O Museu Nacional da República e a Biblioteca Pública de Brasília (312 Sul) também passaram por revitalização.

Para quem conhece bem os museus, no entanto, os locais ainda precisam de muito investimento para ganhar elogios. O artista plástico Ralph Gehre já expôs obras diversas vezes na capital, mas acredita que os governos não expressam prioridade no cuidado com os espaços culturais. ;Os museus todos carecem de manutenção e verbas regulares. São mantidos pela força e dedicação dos funcionários e o aporte é muito pequeno. O estado deles é muito delicado;, lamenta.
Para Ralph, a tragédia que abateu o Museu Nacional no Rio de Janeiro é o reflexo dos baixos investimentos. ;É um museu que precisava de reformas urgentes e não recebia o mínimo que precisava por ano para se manter. Qual é o próximo museu que vamos perder? Sabemos que isso vai acontecer. O que a gente não cuida, acaba;, reclama o artista.

Vontade Política

Com um currículo extenso, que inclui a museologia e a antropologia, a ex-subsecretária de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, Ione Carvalho afirmou que falta vontade política para cuidar dos espaços culturais da capital. ;A subsecretaria nunca ganhou um tostão para higienizar o acervo. Mesmo sem dinheiro, você usa seu poder para conseguir fazer alguma coisa;, criticou.

Segundo ela, não existe interesse do governo. ;Você se sente presa, porque as pessoas não dão a mínima importância para o patrimônio. Acho lamentável que o Brasil não se dê conta de que um museu bem-feito é como uma grande escola. Um museu pode lhe dar muito mais conhecimento;, avaliou Ione.

Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a responsabilidade pela manutenção e gestão dos museus, ainda que tombados, é dos proprietários. Em nota, o Iphan explicou que é feito um acompanhamento dos bens seguindo um plano de fiscalização, com acompanhamento a obras específicas de manutenção, mas não especificou como isso tem sido feito ssnos museus do DF.

Já o Ibram afirmou que os museus com vinculação federal podem ser ligados a diversos órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e que, portanto, não cabe à pasta informações sobre orçamento, recursos e outros dados relativos à administração dos demais museus. O órgão disse ainda, por nota, que não faz a fiscalização dos espaços, apenas define diretrizes e parâmetros de manutenção e conservação.

Fiscalização

O Corpo de Bombeiros (CBMDF) é um dos órgãos responsáveis pela fiscalização. O Tenente Coronel André Noble Cordeiro disse que os próximos a serem vistoriados serão o Catetinho, Museu Vivo da Memória Candanga, Memorial dos Povos Indígenas, Panteão da Pátria, Museu Histórico e Artístico de Planaltina e Memorial JK.

O oficial ressaltou também que nenhum dos locais já vistoriados precisará ser interditado. ;Claro que pendências pontuais serão exigidas dentro de cada processo de vistoria. Entretanto, nenhuma exigência que determine a interdição da edificação foi encontrada nas vistorias da corporação;, esclareceu.
Ontem, o governador Rodrigo Rollemberg lamentou em nota o incêndio no Rio, que chamou de catástrofe sem precedentes na vida de um povo e de um país. ;Episódios como esse atingem diretamente a história, a alma, o patrimônio de uma nação;, dizia o texto.

79
Número de museus no DF