Diversão e Arte

Fotógrafo de guerra espanhol, Ricardo Vilanova, expõe em Taguatinga

O fotojornalista de zonas de conflito passou mais de seis meses sequestrado pelo Estado Islâmico em 2013

Robson G. Rodrigues*
postado em 12/09/2018 08:39
Foto de Ricardo Garcia Vilanova
Registros da violência que, por sete anos, tem arrasado a Síria foram expostos nos muros da Galeria Olho de Águia, onde Ricardo Garcia Vilanova apresenta a série de fotografias Ascent and fall of the Isis (Ascensão e queda do EI). Premiado internacionalmente, o espanhol estará em Taguatinga para a abertura do projeto Imagem sem fronteira a convite do dono do local e também fotojornalista Ivaldo Cavalcante.

;Eu acredito que devemos mostrar o que acontece, porque são essas imagens que despertam a sociedade para o horror da guerra;, defende o espanhol em entrevista ao Correio Braziliense. Acostumado ao risco, Vilanova é especialista em registrar zonas de confronto e de crises humanitárias. A missão de cobrir a Síria o levou a ser sequestrado por agentes do Estado Islâmico em 2013. Ele esteve aprisionado em cativeiro por mais de seis meses.

Sobreviveu, ao contrário de dezenas de colegas jornalistas. O conflito na Síria provocou a morte de mais de 500 mil pessoas e a expatriação de outras seis milhões. Entre as vítimas, quase 200 jornalistas estrangeiros e locais foram assassinados pelas mãos dos extremistas islâmicos, segundo levantou a ONG Repórteres sem Fronteiras em abril deste ano. Países em zonas de confronto, como Líbia e Iraque, também passaram pelas lentes de Vilanova.

Limites


Não há tempo para vaidade estética em meio ao fogo cruzado. ;Minhas fotos são muito intuitivas;, diz Vilanova. Ele conta que o fotógrafo tem de estar muito atento a tudo ao redor para que ainda consiga transmitir a sensação de urgência do momento, informação e um bom enquadramento ; tudo em questão de milésimos.

Para saber se o registro passou de informativo para desrespeitoso, o fotógrafo recorre a truque simples: põe-se no lugar do protagonista da cena e avalia se gostaria de que a própria família visse aquilo. A negativa faz com que descarte a imagem. ;Sei que isso é bem subjetivo, e que está condicionado à cultura e à educação de cada um de nós, mas, para mim, esse seria o limite definitivo.;

Foto de Ricardo Garcia Vilanova

;Nossa responsabilidade como fotógrafos é transmitir imagens, contar histórias e fazer com que sejam registradas pela retina do espectador. Todos os dias, somos inundados por milhares de imagens e nossa missão é filtrá-las para assegurar a transmissão da mensagem. Para mim, isso é alcançado quando o fotógrafo provê três elementos: a captura do momento, a capacidade informativa e uma composição impecável;, completa Vilanova.


Sem fronteiras


Esta é a segunda edição do Imagem Sem Fronteiras, projeto idealizado por Ivaldo Cavalcante com objetivo de promover intercâmbio com fotojornalistas de destaque mundial. A exposição de Ricardo Garcia Vilanova ficará instalada até 30 de setembro, a partir de quando dará lugar a de Pep Bonet, cineasta e fotojornalista cujos trabalhos vão de clipes do grupo Motorhead a registros das consequências da guerra em Serra Leoa, além de trabalhos com foco em soropositivos.

Ricardo Garcia Vilanova ficou sequestrado pelo Estado Islâmico por mais de seis meses

Ivaldo Cavalcante, fotojornalista de currículo impressionante que na carreira também fotografou ambientes hostis e desprovidos de dignidade humana, vê grande nobreza em registrar guerras. ;São pessoas que se doam, que se colocam em risco para mostrar as atrocidades provocadas por esses conflitos;, elogia.

Exposição Imagem sem fronteira II
Ascensão e queda do EI. Quarta (12/9), às 21h, na Galeria Olho de Águia (CNF Ed. Praiamar, Taguatinga Norte; 99996-2575). Entrada franca. Classificação indicativa livre.

*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira

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