Diversão e Arte

Festival de Brasília exibe filmes com dois diretores na Mostra Competitiva

Os filmes 'Aulas que matei' e 'Ilha' são produções dirigidas por duas pessoas, sendo uma mulher e um homem

Vinícius Veloso*
postado em 19/09/2018 22:10
Ari Rosa e Glebda Inácio, diretores de 'Ilha'

Na sexta noite do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o Cine Brasília estava lotado. O público presente para acompanhar a Mostra Brasília e também a Mostra Competitiva, principal evento da noite, teve que se aconchegar no chão para assistir a sessão. E reagiu de maneira empolgada e positiva na apresentação dos diretores das produções cinematográficas. E o destaque ficou realmente por conta da igualdade de gênero na direção dos filmes da Mostra Competitiva.

O curta-metragem Aulas que matei é dirigido por Amanda Devulsky e Pedro B. Garcia. Contando a história das dificuldades que a vida impõe aos estudantes para chegar até a sala de aula, o filme retoma o assunto do sistema educacional brasileiro.

O curta foi apresentado e todo o elenco esteve presente no palco. Palmas e gritos tomaram conta do cinema, com a apresentação individual de cada um dos participantes. Da produtora-executiva até os figurantes, aplausos sem fim.

A diretora Amanda, brasiliense, além de dirigir, também produz e escreve curtas. Tem presença nas iniciativas de igualdade de gênero das produções audiovisuais. Foi uma das idealizadoras do projeto Verberenas, que envolve a cultura cinematográfica e as mulheres, e tem este nome em homenagem à Jacira Martins Silveira. Com nome artístico Cléo de Verberena, foi a primeira mulher na direção de um filme.

Já o longa-metragem Ilha tem no comando da direção Glenda Nicácio e Ary Rosa. A trama fala sobre a história de Emerson, um jovem da periferia, que sonhava em produzir um filme sobre a vida que leva na Ilha. As pessoas que moram no humilde lugar, permanecem por lá. A medida que arranjou foi sequestrar um cineasta para realizar o desejo.

Com a leitura de uma poesia, a diretora Glenda Nicácio reforçou os conceitos de luta e respeito à periferia e ao povo nordestino, que estão presentes no filme. Em entrevista ao Correio, relembrou a importância de realizar um filme que atinja toda a comunidade, mas tenha uma mensagem positiva. ;A política no cinema que a gente faz atravessa o local em que fazemos e o discurso que desenvolvemos a partir da narrativa. Mas a finalidade é sempre o afeto;, concluiu Glenda.

Diversidade


Bruno Victor, premiado com o prêmio Saruê, concedido pelo Correio, no ano de 2017, participou do filme Afronte e estava presente no Cine Brasília. Com participações em mais de 20 festivais e de viagem marcada para festivais na Alemanha e em Toronto, relembrou a importância da produção cinematográfica, que fala sobre a realidade dos negros gays no Distrito Federal. ;A gente vê que era um assunto que estava precisando ser dito. Falar sobre negritude, falar sobre bichas pretas. A gente fica muito contemplado, era um trabalho de conclusão de curso que está ganhando visibilidade;, deixou claro o diretor do filme.


*Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira

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